Prólogo

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MARTI

Ás vezes o Tempo torna-se o teu pior inimigo.

Esta era a frase que se repetia inúmeras vezes na minha cabeça, de cada vez que ia visitar o Andrew. Hoje não era diferente, depois do visitar no Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, voltei para o meu apartamento na Madison Avenue, o apartamento custou uma fortuna, mas só pela vista para o Central Park valia cada cêntimo, e sentei-me no sofá que se encontrava junta da janela a apreciar a chuva que caía lá fora. A chuva sempre tivera um efeito relaxante em mim, mas por algum motivo hoje perdera o efeito, talvez por ter um mal pressentimento que não deixava de rondar a minha cabeça. Enquanto estava ali sentada revivi a conversa que havia tido com Andrew à poucas horas atrás.

Ele encontrava-se sentado na cama quando cheguei, trazia na mão um ramo das nossas flores favoritas: anémonas. Mal me viu passar o aro da porta um enorme sorriso se abriu no seu rosto debilitado pela doença, mas eu sabia que alguma coisa não estava bem.

Aproximei-me e dei-lhe um beijo. - Boa tarde amor, tudo bem?

Ele sorriu ironicamente para mim e eu sabia o porquê, como haveria de estar bem, um cancro nos pulmões em estado terminal não é estar propriamente bem, e muito menos ter apenas mais algumas semanas de vida.

- Marti, sabias uma coisa? Devias agradecer a Deus por ter feito alguém inventar os analgésicos, se não fosse por eles eu estaria bem pior. - Disse ele em tom cómico.

Confesso que olhar para ele assim com os olhos negros a pele queimada e descolorida deixa-me completamente triste. Para mim Andrew é um herói que mesmo nos piores momentos é capaz de sorrir.

- Andy, sabes muito bem que sou budista. - Corrigi rapidamente. Por algum motivo Andrew estava-se sempre a esquecer que não sou cristã, mas era uma coisa que eu gostava dele, não se importava com a religião ou a raça. Apesar de ser de descendência Coreana, Andrew viveu toda a sua vida em Nova Iorque, e foi aqui também que cumpriu o sonho de se tornar modelo.

- Marti, preciso de te dizer uma coisa... - Hesitou, tirando de cima da mesa ao seu lado um envelope. - O meu tempo está a acabar... Isto é para ti...

Ele levantou a mão e entregou-me o envelope.

- Por favor, abre-o só quando eu morrer, prometes? - Perguntou Andrew.

- Prometo. - Respondi metendo o envelope branco na minha mala.

- Marti, promete-me que quando eu for embora encontrarás alguém que te faça sorrir de novo. - Disse Andrew segurando a minha mão.

- Como poderei encontrei outra pessoa? Tu és o único que amei de verdade na minha vida , estamos juntos à praticamente 10 anos. - Disse enquanto as lágrimas começavam a cair.

- Não chores... - Pediu Andrew. - Tu ficas horrível quando choras.

- Não brinques. - Disse enquanto limpava as lágrimas e um pequeno sorriso aparecia no meu rosto.

O envelope continuava na minha mala, mas a vontade que o tinha de abrir era incontrolável, nunca me havia sentido tão desesperada por abrir uma carta.

A minha reflexão foi interrompida quando o meu telemóvel começou a tocar, corri até à minha mala e retirei-o, olhei para o visor onde a letras brilhantes aparecia escrito: Hospital. Aquele mal pressentimento que tinha tornou-se ainda maior, sabia que algo não estava bem.

- Estou. - Atendi.

- Aqui fala do Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, queríamos pedir que a Senhora viesse para aqui imediatamente, algo aconteceu com o Senhor Andrew Song.- Informou a Senhora do outro lado da linha.

let's not fall in love | bigbang [Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora