O Caso de Juvia Lockser. - O meu gigolô.

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Talvez por todos estarem perplexos demais ou pelo fato de que a cena se desenvolveu em uma velocidade incrível, nada conseguimos fazer enquanto Gajeel avançava em cima de Gray. Mas aquela situação não me era tão estranha.

Até alguns anos atrás Gajeel costumava se envolver em brigas constantemente. Ele nunca me dissera o verdadeiro motivo, mas eu acreditava ser um modo de liberar a tensão. Mesmo com as aulas e campeonatos de karatê, ele tinha de seguir regras. Jose sempre pegara no pé dele, e com sua altura e tamanho, ele sempre fora alvo dos briguentos. Como se os garotos gostassem de apostar quem conseguiria derrubar o "grandão". E a partir de uma certa época, por volta da nossa sétima série, ele começara a aceitar tais desafios. Voltava para os dormitórios com machucados, e nos dias mais sérios, hematomas. Eu sempre fora a responsável por cuidar dele. E como em um pacto silencioso, eu nada contava aos professores e outros superiores a respeito de suas atividades extracurriculares. E, sem perceber, suas tendências irritadiças foram ficando mais fortes. Ele foi se afastando cada vez mais da vida social, e de mim.

Um dia, ao professor de luta pressioná-lo para melhorar a técnica e vencer o campeonato que estava por vir, ele reagira. Não fora nada tão sério, pois ele conseguira se conter antes de fazer algo mais além de dar um soco no professor. Mas isso fora o suficiente para ele ser retirado das estaduais. E então ele viera a mim, em busca de consolo e ajuda. Ele parou com as brigas. E nos meses seguintes treinamos sua tolerância, tanto a insultos diretos quanto às situações de pressão. E ele me ensinara a pará-lo, caso fosse necessário. E no momento era.

Por que mesmo depois de toda essa preparação, um traço em Gajeel se mantera: ele definitivamente protegeria aqueles com quem se importava. E eu era incluída nisso. Ele fazia isso em plena consciência, não por descontrole emocional ou nada mais. Assim como eu, Gajeel nunca tivera muitas pessoas importantes em sua vida. E isso nos fazia valorizá-las, quando apareciam.

Então desde garotos a assaltantes, o que quer que ele considerasse algum tipo de ameaça a mim, seja por me violentar ou por ter más intenções, ele buscava afastar. E seja lá o que ele pensara a respeito de Gray, ele o via como algo ruim. E mostrou esse desconforto ao empurrá-lo com força em direção a uma das paredes.

E com um baque alto e um olhar de surpresa, o Fullbuster tombou enquanto sentia o impacto. Mas, ao menos, Gajeel não o batera de primeira. Talvez ele estivesse esperando ou tivesse disposição para uma explicação. Eu ainda tinha uma chance. Mas tinha de ser rápida, considerando que Gray já assumia uma feição de raiva.

- Hein?! – questionou Gajeel.

Recuperando o tempo perdido e a minha incapacidade momentânea de me movimentar, me meti no meio dos dois. De frente para o meu até então ex-colega, que franziu as sobrancelhas. Senti Gray se ajeitar por trás de mim e se posicionar de forma rígida, como que também pronto para uma briga. Suspirei para liberar o nervosismo.

- Gajeel, acho que você interpretou algumas coisas errado.

- Como, Juvia? Eu realmente quero ouvir sua explicação. – ele disse exasperado. – Você está nessa cidade há pouco mais de duas semanas, e esse... garoto já está tomando banho na sua casa? Usando o seu sabonete? O que mais vocês tem feito?!

E mesmo que a situação fosse das mais sérias, não consegui não corar. Não por causa daquela vergonha aceitável, quando algo bom acontece e você tenta não revelar seus desejos e opiniões escondidos. Mas porque eu estava me sentindo verdadeiramente humilhada. Por que além de ele estar insinuando tudo aquilo, nós estávamos na frente de todos. Na frente de Gray.

- Gajeel, se acalme... Gray-sama e Juvia não fizeram nada de errado.

E quando eu fui tentar explicar a situação, me embolando um pouco por conta do constrangimento, ele mais uma vez me interrompeu:

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