Extra 5. - Qual a sua tara?

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"Talvez a gente não devesse ter feito toda essa bagunça...", foi o que Natsu Dragneel pensou ao acordar em meio a um monte de corpos jovens, quentes, belos e... Completamente inconscientes, usando seu tronco como travesseiro. Ele não se lembrava muito bem do que havia ocorrido na noite anterior, mas sentia que ela havia sido longa. Algumas cenas lhe vinham em flashbacks, mas era tudo bastante confuso – o que era estranho, ele nunca havia tido uma experiência do gênero.

Seus olhos, desacostumados com a claridade, doeram devido à luminosidade repentina que os atingia. Ainda assim, foi graças à iluminação gerada pelos raios de sol, que escapavam por entre as persianas da janela semiaberta, que ele conseguiu enxergar a sala de estar do apartamento de Erza Scarlet, sua colega de classe − sabia onde estava porque fora inevitável visitar sua casa ao menos uma vez ao longo dos anos em que foram amigos. Não tinha a menor ideia do que fazia ali, mas sentiu calafrios apenas ao imaginar a ruiva visualizando as latas de refrigerante espalhadas pelo chão, os pacotes de salgadinhos abertos e a TV ainda ligada, sintonizada em um canal qualquer. O ambiente cheirava a comida artificial, o chão estava coberto de migalhas, havia um jogo de tabuleiro abandonado em um canto e camas limpas e arrumadas, como que esperando por eles. Era quase irônico que os jovens parecessem ter escolhido o chão.

Ao olhar por cima do seu ombro esquerdo, assustou-se ao perceber que a proprietária do local também estava logo ali, dormindo abraçada à Levy McGarden como se a menor se tratasse de um bicho de pelúcia. Gajeel estava próximo, os cabelos entre as mãos de Juvia enquanto essa ressonava tranquilamente. Gray encontrava-se largado ao chão, babando – típico dele, claro −, com a cabeça presa entre os braços do Redfox (quase que recebendo um mata leão). Jellal de algum modo acabara prensado entre Lucy e Juvia, a expressão inocente contradizendo a posição em que se encontrava. Metade do grupo mantinha pelo menos algum membro em cima do rosado, o que fazia com que ele sentisse dores e tivesse o desejo de levantar-se, acordar a todos e ordenar que lhe fizessem uma boa massagem.

Não o fez, no entanto. Se todos despertassem, teriam que arrumar aquela sujeira, ouvir Erza reclamando e sem dúvida ele escutaria sobre alguma coisa ridícula que fizera no dia anterior. Natsu não se importava com o último fator normalmente, até se divertia ao virar motivo de piada, mas a dor de cabeça excruciante o fez mudar de ideia por um momento. Estava extremamente cansado e seu corpo pedia por trégua.

Ah, quer saber? Que se dane. – ele resmungou, revirando-se para ficar mais confortável, e puxou Lucy até que ela estivesse um pouco mais próxima. A loira nem percebeu, tinha o sono pesado.

Não havia nenhuma garantia de que ele realmente havia sido o primeiro a acordar. Algum dos outros adolescentes poderia ter o feito e voltado a dormir, assim como ele pretendia. Podemos resolver isso mais tarde.

...

− O que eles disseram? – Erza questionou Lucy, que saía da sua cozinha com um smartphone em mãos e os lábios completamente sujos de chocolate.

A loira fez questão de limpá-los antes de responder. Não gostava de parecer desleixada, ainda que estivesse apenas na sala de Erza.

− Resolveram que Jellal vai dormir na sua casa, Levy. – ela ironizou. Tinha adquirido esse costume desde que descobrira a respeito de relação "secreta" entre o roqueiro e a amiga. – Quero dizer, no quarto de Gajeel. Mas isso é meio que a mesma coisa, não?

A baixinha revirou os olhos, ignorando-a. Ela e Juvia Lockser estavam mais do que concentradas em assistir o novo episódio de "Encontros Alienígenas", uma série de qualidade duvidável do Discovery Channel. De modo algum acreditavam em tudo que era dito pelos pesquisadores, mas era divertido acompanhar e criar suas próprias teorias. Como Erza arrumava as camas e a Heartfilia estivera preparando a comida, não havia do que reclamar.

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