O Caso de Mirajane Strauss. - Aquele que tem o controle

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 Uma das maiores vantagens de ser a "estudante de confiança" do diretor provavelmente era a maior liberdade dentro do colégio. É claro que esse não fora meu objetivo ao me aproximar dele, eu realmente gostava de ajuda-lo, mas isso... Era proveitoso.

Não era como se eu tivesse grande influência ou algo do tipo, mas, com o consentimento de Makarov, eu era encarregada de fazer coisas que os outros estudantes geralmente não faziam. Se bem que, o pedido que ele havia me feito naquele dia era algo que eu já pretendia fazer, não importando influência externa.

Após as provas, começariam os campeonatos, e Laxus Dreyar não parecia nem um pouco animado para participar. Em um pacto silencioso, o diretor e eu já havíamos o feito aceitar trabalhar no café, organizar viagens escolares, desfilar para o colégio... Não era como se fosse um grande desafio. Principalmente considerando o andar das coisas.

Mesmo animada com a possibilidade de acabar com a Erza, seria divertido tentar convencê-lo. Além do mais, a turma precisava dele. Juvia – minha fofa cosplayer – também.

- Acha que consegue? Ele sempre tenta fugir de tudo que é extracurricular. Principalmente agora que os olheiros estão em volta como urubus. – Makarov analisava alguns pagamentos em sua poltrona.

Eu, sentada na cadeira à sua frente, cruzei as pernas e sorri.

- Eu sei como lidar com o seu neto, pode deixar.

Apesar da aparência, o jovem Dreyar era bastante frágil em alguns quesitos.

- Disso eu sei muito bem. – ele levantou os olhos da folha de papel e me observou.

Esperei que ele dissesse algo.

- Mirajane, você sabe o quanto eu te quero como membro da família. – ri, pois sempre acabávamos conversando sobre tal assunto. – Tem... alguma chance de ter mudado algo entre vocês?

- Nada além do que você já sabe. Sabe como é...

- Vocês...?

- Ainda estamos naquele estágio. – concordei, pois sabia que era o que se passava por sua mente.

Um sorriso pervertido se abriu no rosto de Makarov.

- Ah, sim. Aquele estágio... Já pensou em pegar mais leve com ele?

Me levantei, pegando minhas coisas para ir embora. Já era tarde e eu tinha que ir para o café.

- Nem pensar. Eu... – abri um sorriso sonhador. – Quero que ele tome uma atitude. Enquanto for inofensivo demais, não tem graça.

O diretor deu risada, me desejou boa sorte, e mais uma vez pediu para que eu o avisasse a respeito de qualquer novidade.

...

Toda terça feira era dia de cosplays, e quase todos os clientes vinham para o café. Nas quartas, o movimento era menor, e em geral limpávamos a cozinha ao fim do expediente. Em especial naquela quarta, muitos dos empregados estavam de folga.

Juvia não pudera vir, já que tinha de dar banca de história. Isso me impedira de ter o divertimento de conversar com ela a respeito da roupa com a qual planejava vesti-la. Os clientes pareciam mais desanimados, então fui cumprimentando um a um. Talvez a atenção especial os deixasse mais leves.

Com o anoitecer, eu ficara meio tensa. Talvez por não ter Juvia por perto para me divertir, ou pelo fato que ainda não tinha conseguido convencer Laxus. Naquele momento, eu iria virar o jogo com ele.

Na cozinha, ele limpava os últimos pratos enquanto ouvia música. Em silêncio, corri por trás dele e arranquei seus headphones.

- Mirajane? – ele perguntou.

- Bleh, sem graça. – me sentei sobre a bancada do fogão. – E aí? Depois disso acabou?

Ele assentiu.

- Un... e sobre o campeonato? – eu me fazia de boba.

O garoto secou os pratos, guardo-os na bancada e virou-se para mim.

- Acho que já deixei bem claro que não vou participar. Nem você, nem o Freed com a Ever e o Bickslow vão conseguir me fazer mudar de ideia. – ele se aproximou, tomando os headphones de minhas mãos.

Comecei a cutuca-lo com o pé e a fazer bico. Era divertido brincar com ele, ainda que fosse de um jeito diferente de como eu fazia com o outro. Ao mesmo tempo em que eu queria provoca-lo, esperava que ele me colocasse no lugar. O que nunca tinha acontecido até o momento.

- Você pode gostar...

- A única coisa que você e meu avô já propuseram e que foi minimamente boa foi trabalhar aqui.

Puxei a manga de sua camisa. Geralmente, ele apenas afastaria o braço ou pediria para eu desistir, mas toda vez que eu fazia aquela expressão, ele parecia entender o que eu queria.

Era o melhor jeito de manipulá-lo.

- Tem certeza? – eu fui atraindo-o gradativamente para mais perto.

- Mirajane...

Quando ele finalmente ficou de frente para mim, olhei em seus olhos, sorrindo. Com o facilitador de estar sob o balcão, minha cabeça batia em seus ombros. Só tocar em seu queixo foi o suficiente para fazê-lo se abaixar. Segurei a lateral de sua cabeça, e a trouxe para o nível da minha.

- Acho que tem outra coisa...

Ele suava de nervosismo, em minhas mãos. Me inclinei para frente e deixei que nossos lábios se tocassem. Levemente, lentamente. Pressionei-os, dando um selinho.

Não era a primeira, nem a segunda, nem a décima vez que eu fazia isso. Antes de soltá-lo, sorri, sabendo que já tinha ganhado. Pulei da bancada e me dirigi para onda estavam minhas coisas. Meu coração acelerado só confirmava que não havia método mais divertido para conseguir o que eu queria.

- Três, dois, um... – eu contava nos dedos.

Laxus entrou exasperado no vestiário feminino. Se rosto estava no tom de um tomate.

- Algo a dizer?

Irritado, ele veio até mim pisando forte. Pressionou-me contra os armários das garçonetes, com um braço de cada lado meu. Era a primeira vez que ele agia tão firme, de modo que fiquei extremamente satisfeita.

- Quando você vai parar com isso? – ele disse, ofegante. – Eu não quero ficar brincando.

Fingi pensar. Talvez fosse a hora de parar de brincar.

- Quem sabe quando você vencer o campeonato por mim? – coloquei as mãos sobre seus ombros. – Talvez aí eu pense em mudarmos o nosso estágio.

Deixei que ele me beijasse de verdade, com um dos braços pressionando minha cintura enquanto me apoiava nele. O calor tomou conta de mim. Nesses momentos, nos entendíamos muito bem.

Depois de certo tempo, subitamente me soltei e corri por debaixo de seus braços, com minha mochila em mãos.

- Estarei esperando a medalha. – ri ao ver sua expressão.

Fugi para fora da loja. Ele estava irado. Novamente, eu o tinha em minhas mãos. Só que, dessa vez, não parecia que ele iria deixar eu me safar facilmente.


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