O dia da nossa viagem à Crocus pôde ser considerado bem agitado (ao menos para o meu emocional). Por mais que eu já tivesse usado aviões como meio de transporte em outras ocasiões, o evento ainda era considerado especial por mim. Quando se é uma criança sob os cuidados de um determinado colégio ou uma adolescente que mora "sozinha", não existem muitas oportunidades (ou dinheiro) para se fazerem viagens caras. Isso já me fez ficar excitada pela ideia de irmos ao aeroporto logo no início da manhã. As nacionais seriam o dia seguinte, e Ur decidiu que era melhor termos um tempo para descansar ou passear pela cidade para relaxarmos antes da competição.
Tentei levar o mínimo de bagagem, considerando que ficaríamos três dias na capital, e acabei com uma mala pequena cheia. Ao descer a escada, vi Chelia arrastando duas sacolas enormes. Perguntei-a então o que ela estava levando, enquanto íamos até a entrada do Casarão, e a garota começou a citar todos os problemas que poderiam ocorrem com ela ou com Lyon, e porque, por exemplo, ela precisava levar um espanador de pó.
− Imagine se alguém tem um ataque de rinite?! – ela exclamou.
− Chelia, são só três dias. E o hotel para o qual nós vamos é escolhido e pago pelo colégio, então ele vai ser bom, esqueceu?
Ela suspirou e colocou as sacolas no chão, uma de cada lado seu. Como já sabíamos, ainda levaria certo tempo até que o táxi viesse buscar a todos nós, então voltamos para o lado de dentro.
− Eu sei, eu sei. – ela admitiu. – É mais terapêutico do que qualquer outra coisa. Assim eu sinto que não importa a adversidade que apareça, eu estarei sempre preparada.
Eu concordei, entendendo seu ponto. Gostaria de ter algum hábito desestressante como aquele, principalmente considerando tudo que iria ocorrer nos seguintes dias.
− Mas nem sempre é possível se preparar... – eu sussurrei a frase, distraída, sem nem notar.
− O que?!
Inventei uma desculpa:
− Ah, nada. Eu disse que acho que vou comer um sanduíche antes de sairmos, você quer também?
− Não, obrigada, acho que vou ver se não me esqueci de nada.
Ela riu ao ver minha expressão impressionada/assustada e correu escada acima. Eu estava muito feliz que, depois de tudo que ocorrera com Lyon, ela não parecia me considerar tanto uma "ameaça". Apenas em alguns momentos resistia a ser simpática comigo, mas eu estava trabalhando nisso.
Fui andando até a cozinha. Por mais que eu tivesse respondido à Chelia sem pensar, eu realmente estava com fome. Já tinha tomado café da manhã, na verdade, mas o nervosismo me deixava inquieta, e comer era uma das poucas coisas que me relaxava e na qual eu ainda conseguia me concentrar.
Parei, no entanto, ao ouvir meu nome ser citado em um conversa. Eu sabia que Natsu estava por ali, mais especificamente conversando com Gray, porém não esperava que eles tivessem tocando no assunto, que, depois descobri, estavam. Tentei espiá-los sem ser percebida ao ficar uma posição que me permitia ver parte da cozinha, mas tudo o que consegui foram alguns relances de Gray, que parecia ter parado de preparar sua comida para se concentrar na sua fala.
− O que você quer dizer com isso, Natsu? – ele mantinha um tom acusatório.
Eu não tinha a visão do rosado, mas sabia que ele provavelmente tinha noção, pelo modo como Gray tinha respondido ao que quer que ele tenha dito, que o assunto era complicado.
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Somebody To You
Roman d'amourJuvia Lockser está para começar o segundo ano do seu ensino médio. Insatisfeita com sua antiga escola em vários sentidos, ela decide se mudar para o Centro de Treinamento da Ur, em Magnólia, amplamente conhecido por formar atletas campeões nas compe...