O Caso de Erza Scarlet. - Você de novo. (parte 2)

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- J-Jellal?

O garoto tinha malas em mãos, casaco de marca e cabelos arrumados. E estava maior e mais bonito do que me lembrava.

- Olá Erza.

- O que você faz aqui?! – eu estava completamente exasperada.

Ele, que observava o chão, voltou-se para mim, com um misto de seu antigo sorriso compreensivo e um olhar de dor.

- Achei que te devia algumas explicações. – ele fez menção de entrar no apartamento.

Sem reação, eu apenas deixei que ele passasse, observando-o, para então pará-lo no balcão da cozinha.

Jellal Fernandes havia ido embora antes mesmo que eu entrasse na puberdade. O que significava, naquele momento, que eu tinha dificuldade em reconhecer nele o garoto de anos atrás. A sua característica mais marcante se mantinha, no entanto: a marca de nascença vermelha descia pelo lado direito da face. Fora isso, o resto me era estranho. Como o fato dele, que antes tinha a minha altura, estar extremamente maior. Ou aparentemente mais musculoso. Ou emitir uma estranha aura de sofisticação.

Meu coração bateu mais rápido. O suficiente para doer.

- Erza...?

- O-o que... você faz aqui? De verdade, dessa vez. – eu me segurava para prender o choro, tremendo.

Ele largou as malas no chão, segurou meus ombros e me conduziu ao sofá. O que quer que ele fosse dizer, eu esperava que tivesse um mínimo sentido. O suficiente para eu não expulsá-lo de uma vez.

- Eu... sei que passei muito tempo fora, e sei que fui egoísta ao ir embora e deixa-los sem onde morar, mas...

Tirei de meu ombro a mão que ele lá colocara.

- Foi egoísta? Jellal, você magoou demais... Você destruiu a família que nós tínhamos construído... você...

Ele enxugou a lágrima que começara a cair. Pareceu perceber que eu não desejava que ele me tocasse ou que ficasse perto de mim. Afastou-se para o outro lado da sala, em uma das poltronas individuais, e esperou que eu me acalmasse.

Lembrei-me que havia algo ali que eu não desejava que ele visse. Não naquele momento. Nunca. Mas quando o olhei, ele já tinha a fotografia em mãos. Aquela na qual eu, Shou, Wally, Milliana, ele e Simon aparecíamos. Antes de toda a crise se instaurar.

- Não sabia que você ainda tinha isso...

Tomei a fotografia de suas mãos. Ele não tinha o direito.

- Você tem a mínima noção do que aconteceu depois de você ir para o exterior? Procurou saber? Sabe o que aconteceu com o vovô Rob e com ele?

Jellal ficou calado.

Seus ombros pareciam pesados, e o moral baixo, algo que quase não se via quando ele morava em Magnólia. Isto era, quando a Construtora Fernandes estava em pleno funcionamento.

A empresa de seu pai, Zeref, era grande o suficiente para sustentar uma cidade inteira. Eles viviam em uma mansão, e, talvez por ser filho único e não ter mãe, Jellal era muito solitário quando criança. Mesmo com as dezenas de criados, mesmo que houvesse brinquedos à vontade e professores particulares. Acredito que por isso, seu pai permitiu que, quando o garoto tinha dez anos, alguns de seus empregados trouxessem filhos e parentes mais jovens para lá morar. Eram os únicos amigos que ele permitia ao garoto ter.

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