O fato de eu ter me descoberto apaixonada por Gray não mudaria o modo como eu agiria a seu respeito. Bom, era meio estranho eu ter me apaixonado em três dias, e eu não queria ser descoberta. Ao menos não de cara e principalmente não por ele. Por isso decidi que seria fria, calculista...
Era o que eu pensava.
Mas eu acho que desde que eu conheci Gray-sama eu já estava de algum modo atraída. Pela atitude dele, pelo cheiro dele, por ele... Talvez não fosse possível agir como se não estivesse interessada, e sim apenas aparentemente voltar ao estágio "ainda não percebi que gosto de você". A minha esperança era que ele acabasse por achar que o modo como eu agia em relação a ele fosse meu jeito habitual de ser. Na verdade, eu verdadeiramente não sabia o que fazer.
Por isso, ao descer as escadas de manhã, me olhei no espelho umas dez vezes, ajeitei me vestido de bolinhas amarelas, prendi e desprendi meu cabelo, enfim... Demorei mais que o normal. Mas, como dessa vez eu havia acordado no horário normal, não havia risco de eu me atrasar. Mas isso também significava que eu veria Gray na mesa de café.
Após descer as escadas, entrei o mais discretamente possível e busquei não chamar a atenção de ninguém.
– Bom dia, Juvia. – disseram Ur, Ul e Freed juntos.
– Bom dia.
Percebi Gray em uma das cabeceiras da mesa. Ele estava calado e com a cabeça sobre a mesa com a habitual cara de desinteresse. Ur percebeu-o, e, dando-lhe um tapinha na sua cabeça, disse:
– Ei, cadê o oi da garota?
Ele rolou os olhos.
– Bom dia, Juvia.
Com o seu olhar em mim, não pude evitar o rubor nas bochechas e baixei a cabeça para escondê-las. Minha pele pálida me denunciava facilmente.
– Ju-uvia também lhe deseja um bom dia, Gray-sama...
Com esse comentário, Ur deu um sorrisinho e Freed abafou uma risada enquanto lavava os pratos. Eles iriam descobrir aquilo alguma hora, de todo modo. Gray, envergonhado, - mesmo que menos em comparação ao dia anterior -, pareceu levemente mais interessado na minha presença.
...
Tomamos o café da manhã os cinco juntos. Notando a cadeira vazia ao lado da de Freed, me lembrei de Chelia. Eu ainda não a tinha visto desde seu interrogatório na noite anterior. Esperava que ela entendesse que as minhas razões para estudar na Fairy Tail e morar no Casarão nada tinham a ver com a Phantom.
Eu a entendia, na verdade. Acho que também ficaria desconfiada se alguém que veio de um local do qual eu cresci ouvindo mal, e começasse a ficar amiguinha de todos. A verdade era que eu tinha medo de sua reação. Se ela não acreditasse em mim apenas pelo que eu dizia, não haveria nenhuma prova que me inocentasse.
Ela desceu mais tarde do que de costume, quando todos já se levantavam. Ultear, ao meu lado, pareceu não entender quando parei de andar e me retesei ao vê-la.
Chelia parecia cansada. Olhava para o chão e tinha olheiras abaixo dos olhos. Eu não era nenhuma grande preceptora, mas era notável sua preocupação com algo. Ela desviou-os em minha direção, e eu observei que todos estavam nos encarando, paradas e em pé no meio da cozinha.
Inclusive Gray. Ele estava apoiado no batente da porta, e observava Chelia como que se procurando saber o que ela faria ao me encontrar depois das perguntas da noite anterior. Parecia intrigado e preparado para uma discussão, mesmo que a revolta mostrada durante a noite não estivesse aparente. Não fez nenhum movimento, porém, quando ela, meneou com a cabeça em direção à sala de estar, após longos segundos de encaração, e eu relutantemente a segui até o sofá, apenas nós duas.
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Somebody To You
RomansaJuvia Lockser está para começar o segundo ano do seu ensino médio. Insatisfeita com sua antiga escola em vários sentidos, ela decide se mudar para o Centro de Treinamento da Ur, em Magnólia, amplamente conhecido por formar atletas campeões nas compe...