O Caso de Juvia Lockser. - Estado de choque.

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- Juvia Lockser, - a voz fina, porém masculina, disse. – há quanto tempo. Ou nem tanto assim, não é? Afinal, você nem nos deu tempo para nos despedirmos.

Arfei, com o medo. Monsieur Sol e Aria estavam ali.

Eu não sabia ao certo o que fazer. Apesar de ter consciência de que não seria nada efetivo, correr parecia uma tentação. A surpresa e o susto provocados pelo aparecimento repentino dos dois me paralisaram.

Sol, o mais baixo, porém mais irritante, continuava do mesmo modo. O cabelo verde espetado, o bigode fino (pois ele não tinha pelos suficientes para um de verdade) e os monóculos que ele insistia em colocar sobre um dos olhos, apesar de não precisar. A correntinha dourada fazia um barulho irritante toda vez que ele andava, o que sempre me fizera ter o desejo de arrancá-la e parti-la. Sua ascendência estrangeira misturada ao seu talento no tênis fizeram dele um ser extremamente pomposo e arrogante. Era um dos favoritos de Jose, do tipo "manda que eu faço".

Aria, grande e quieto, não era muito do tipo de demonstrar suas emoções. Jogava na posição de pivô do time de basquete. Por andar com Sol e outros, soubera desde o primórdio que dele eu não poderia esperar grandes coisas, e essa teoria apenas se tornou cada vez mais embasada. O modo como ele parecia não temer a derrota, pois faria de tudo para vencer, juntamente como, em silêncio, conseguia transmitir todo o seu desprezo pelos seus oponentes, me fizeram notar que ele era tão podre quanto o seu amigo, porém de um jeito diferente. Enquanto Sol gostava de humilhar e se dizer melhor explicitamente, clamando por confusão e público, Aria assistia às obras do amigo com um olhar que poderia ser confundido com o de tédio, sendo ainda possível se notar a curvatura de um leve sorriso em seus lábios. Em seu íntimo, ele se divertia.

Eu não sabia o por que deles estarem ali. Bem, isso era claro. Mesmo que eles me odiassem, desejassem o meu pior, me considerassem uma traidora, vir atrás de mim não resolveria o caso. Além do mais, Jude não mandaria eles fazerem algo tão explícito ou estúpido como um atentado físico. Ou pelo menos era isso de que eu tentava me convencer. Mesmo que esse não fosse o meu verdadeiro medo.

- E então? – disse o Monsieur, como Sol gostava de ser chamado. – Não tem nada a dizer, garotinha?

Ambos saíram das sombras, e eu me postei de costas para o Casarão. A cada passo que eles davam, minha respiração ficava mais pesada e eu tropeçava pequenas distâncias para trás.

- O-o que vocês querem? – eu balbuciei com a voz mais infantil que eu tinha.

Parei onde estava. Se eu tivesse de falar com eles, não poderia agir assim. A fraqueza em nada me ajudaria. Balancei a cabeça, ajeitei a postura, e, dentro do possível, mantive a voz confiante.

- Por que vieram aqui? Jose mandou alguma mensagem?

- Apressadinha você, hein? Não acha que nós poderíamos ter simplesmente termos sentido a sua falta? – eu me forçava a encará-los.

A pergunta era retórica. Enquanto Sol se aproximava, eu fazia força para me manter no lugar. Se eu vacilasse, ele com certeza faria algo pior do que já tinha em mente. Enquanto Aria se postava ao meu lado e Sol à minha frente, respirei pesadamente. O arrogante colocou um de seus dedos sobre meu queixo, me forçando a levantar o rosto e examinando-o.

- Ao que parece você já entrou em outro time, não é? E que time. – seu tom era sarcástico. – Nós sentimos a sua falta.

Impossível. Me controlei para não cuspir em seu rosto. Com um olhar de desgosto, murmurei:

- Faça-me um favor e vá...

Antes que eu pudesse terminar a frase, Aria pegou minha mochila e a abriu, observando o que havia dentro. Com um sorriso, ele entregou o meu uniforme para Sol.

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