Extra 3. - Out of Mind

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Ela não conseguia entendê-lo. Sério.

Elfman Strauss tinha tudo para ser repudiado por Evergreen, tudo o que ela odiava em um homem. Ele era grosso sem nem perceber, não sabia tratá-la como deveria, não era lá muito inteligente e ainda parecia ter algum tipo de TOC, uma necessidade de reafirmar sua masculinidade por meio dos atos mais frívolos possíveis. Ele jurava não usufruir de anabolizantes, mas seu corpo era anormalmente grande e musculoso, o que fazia com que se aproximasse à imagem de um fisiculturista de nível médio − bem, ao menos dessa afirmação ela não podia duvidar, achava impossível que Mirajane fosse permitir que o adolescente usasse qualquer tipo de droga. Ele não conseguia nem ser bonito... Não que fosse horrível ou claramente feio, mas não era dos mais agradáveis aos olhos: não como Laxus, ou Gray, ou qualquer aluno da Blue Pegasus com o qual ela já tivesse tido contato... Não era porque ela tinha certa resistência para externar tudo o que se passava em sua cabeça e coração que iria mentir sobre isso, ele realmente não era um galã. Para completar, quase repetira o primeiro ano do ensino médio.

Ainda assim, nada parecia importar. Sim, ela revirava os olhos toda vez que ele comentava sobre futebol, academia, ou qualquer coisa que viesse acompanhada daquele sorriso idiota, mas a cada vez que o notava observando-a calado durante a aula, tudo o que ela fazia era bufar e tentar esconder as maçãs do rosto coradas. Nada importou quando, antes de saberem que seriam da mesma sala no primeiro ano do colegial, eles começaram a se esgueirar e se encontrarem em locais estratégicos onde ninguém os veria. Nada os impediu, após o choque inicial de se verem em classe, de continuarem a passar as tardes, noites de fins de semana e os intervalos entre as aulas sozinhos, chegando a levar aquele relacionamento a outro nível.

Mas tudo isso tinha acabado há muito tempo. O que Ever não conseguia entender era como, após mais de um ano, ele havia simplesmente decidido que não iria mais evitá-la e começaria então a fuzilá-la com o olhar sempre que possível, sem dizer uma única palavra. Talvez ela tivesse um pouco rude demais naquela vez, antes de tudo acabar, mas achava que estivesse claro para ele que era assim que aquela relação funcionava: ele cometia um deslize, ela o criticava, eles discutiam e por fim se encontravam no dia seguinte no local marcado. Ela nunca se desculpava e eles sempre voltariam ao normal. Ponto. Eram os papéis que cada um deles tinha que seguir e que supostamente haviam aceitado.

Daquela vez não foi assim. Ela se excedeu, ele lhe deu um "basta" pela primeira vez, mas ela continuou. Foi até um pouco cruel, verdade. Esperou dias, meses, mas ele nunca voltou aos fundos de sua casa, como costumava fazer quando seus pais estavam fora. Evergreen foi ao seu limite e pediu desculpas, a única vez em que se rebaixou, mas não foi o suficiente. Por mais que soubesse que enviar aquela mensagem de texto tivesse exigido que ela fosse contra sua natureza, para Elfman não foi um pedido válido. "Diga isso na minha cara. ", ele respondeu. Foi aí que ela se irritou.

O ódio mútuo fazia com que seus olhares quase nunca se cruzassem e Ever tentasse humilhá-lo em público sempre que podia. Toda vez que era chamada de mandona, problemática ou possessiva, fazia questão de dar as respostas mais cortantes possíveis. Elfman não reagia nunca, mas estava tudo bem. A seu ver, ele havia perdido a cabeça no momento em que a dispensou.

Tinha quase certeza que as irmãs Strauss, por mais que fossem suas amigas, estavam do lado do irmão gêmeo. Não que isso fosse estranho, eles basicamente tomavam conta de si mesmos já que os pais passavam a maior parte do tempo trabalhando, cuidavam um do outro. Ever só achava meio cruel as garotas terem coragem de a consolarem enquanto lhe contavam que haviam aconselhado o irmão a se afastar. Não era como se tivesse outros ombros para os quais correr e se apoiar: elas eram as únicas que sabiam sobre o ocorrido.

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