O Caso de Lisanna Strauss. - Estive muito ocupada sendo sua

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− Não há nada de errado em ficar com raiva, sabe? – disse o garoto, ao se postar na minha frente.

− Como? – eu franzi as sobrancelhas enquanto ele arrastava uma cadeira, colocando-a na posição contrária e se sentando apoiando os braços na cabeceira dela.

− Deles. – ele disse simplesmente, apontando para o casal do outro lado da rua, que caminhava de mãos dadas e de vez em quando trocava carinhos.

Eu estava no L'heure du Thé, na mesa mais próxima à janela. Minha irmã estava fazendo uma limpeza geral, trocando alguns lustres, acrescentando objetos, mudando louças... Por ser um sábado, ninguém da equipe habitual estava trabalhando, o que fez com que meu irmão e eu fossemos "convidados" a ajudar. Na verdade, ele seria o único de nós dois a realmente fazer algo, uma vez que o necessário era força bruta e organização (coisa que Mira mantinha melhor do que ninguém). Laxus, é claro, também fora chamado.

O que acarretou o aparecimento de mais três figuras na lanchonete.

− Por que você está aqui, Bickslow? – bufei em irritação.

Ele exibiu um misto de sorriso amarelo com misterioso. Ficou me encarando por alguns segundos.

− Não vai responder?

− Estou preocupado com você.

A expressão dele e o seu biquinho fizeram com que não demorasse muito até que eu perdesse minha postura e risse.

− Laxus está muito ocupado com a minha irmã?

Ele revirou os olhos.

− E como. O Freed só falta começar a berrar de ciúmes... Mas e aí?

− O que?

− Você podia parar de fugir do assunto. – ele fez um movimento com a cabeça, indicando minha pessoa.

− Isso não é da sua conta, sabia?

Do outro lado da rua, voltei a observar, estavam Natsu e Lucy, caminhando. Eu não fazia ideia de que eles estariam por aquela parte da cidade, estaria em casa se soubesse. O modo como eles agiam apaixonadamente, de um jeito que eu imaginava ser impossível para Natsu, fazia com que algo se agitasse dentro de mim.

− Eu não tenho raiva deles. Ou dela.

− Mas tem ciúmes. – ele olhava na mesma direção que eu, de vez em quando analisando minha expressão.

O adolescente na minha frente poderia ser avaliado como o tradicional "rebelde" ou "badboy moderno" − por mais que o segundo termo soe tosco. Além de ser alto e consideravelmente forte, tocar em uma banda de rock e tudo mais, ele tinha conseguido a proeza de convencer os pais a deixá-lo tatuar algo que parecia um boneco de papel em seu rosto, que cobria partes de sua testa, nariz e bochechas. Nunca conseguira entender o significado daquilo, se é que havia algum. Para finalizar, o boné de aba reta invertido cobria a maior parte dos cabelos azuis arroxeados parcialmente raspados, que contrastavam com seus olhos verdes.

A respeito da personalidade, eu só podia dizer que ele sabia ser bem intrometido. E me entendia mais do que deveria.

− ... É uma reação natural.

− Não quando se está há mais de um ano tentando esquecê-lo.

"A visão daqueles dois me deixa ligeiramente incomodada.", foi o que passou pela minha mente. Não era novidade eu achar que já tinha superado Natsu até um acontecimento especial me lembrar de todos os bons momentos que me fizeram amá-lo e esquecer-me de todas as razões para evita-lo. E, no dia do jogo, aquela cena teve esse papel.

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