Eu tinha um grande problema. E não, não me refiro ao fato de que Levy me ligara informando a sua situação. Ou o fato dela simplesmente não ter conseguido ouvir a conversa entre seu tio e Gajeel – quando ela saíra do quarto, eles já tinham terminado. Ou às frequentes ligações do meu pai, perguntando se eu estava bem, e à pressão das competições. Isso tudo aumentava a tensão, mas não eram o fator principal. Esse, por sua vez, era Natsu.
O Dragneel se mostrava mais lento do que eu jamais pudera imaginar. Fossem abraços, beijos na bochecha ou ligações no meio da noite, ele encarava o meu comportamento como normal. Era verdade que antes da minha mudança de atitude nós já fazíamos tudo isso, ainda que em menor proporção, mas era diferente. Era estranho ele não ter notado nada. Isto é... Uma vez que eu descartava possibilidade de ele ter percebido tudo e simplesmente não estar interessado. Acreditava que ele iria preferir encarar as coisas de frente, e se importasse comigo o suficiente para me dar uma resposta concreta. E a espera me deixava muito inquieta.
− Capitã! – uma das líderes me chamou, tirando-me do meu estado letárgico. – Já terminamos os alongamentos, quer que nós repitamos a terceira dança?
Notei o quanto ela estava cansada. Todos estavam se esforçando demais naquela época.
− Não... Podem descansar e depois montarem a pirâmide para eu dar uma olhada.
Ela correu para junto das outras garotas, do outro lado da quadra, e de lá pude ouvir os gritos de alívio. Eu também me sentia assim – não tinha certeza se aquele descanso fora dado para que eu pudesse relaxar ou porque realmente queria deixa-las respirar.
Entre os treinos, as aulas e os torneios, eu não tinha muito tempo para pensar em como agir. Quase todas as minhas tardes estavam ocupadas com repetições das coreografias para os seguintes jogos de basquete. Sim, na Fairy Tail futebol não era o maior dos destaques, por isso não havia uma equipe de líderes para tal esporte. O time já vencera as estaduais e nacionais algumas vezes, mas não chegavam ao nível profissional das outras modalidades: basquete, natação e artes marciais eram o forte do colégio.
As equipes treinavam muito para isso. O que significava que, querendo nós ou não, todo dia, às quatro da tarde, tínhamos de liberar a quadra de basquete para o time masculino.
− Está na hora! – Gildarts entrou gritando. – Vamos, meninas!
− Aff... – reclamaram as garotas enquanto recolhiam nosso material.
Em questão de minutos, já estávamos no vestiário. Algumas tomavam banho e outras se arrumavam em frente ao espelho. Devido à minha confusão interior, eu vinha fugindo de Natsu na maioria das ocasiões. Isso ao menos o faria notar que algo estava estranho, considerando a repentina distância entre nós.
− E nós já estamos saindo há uns dois meses, mas a nossa relação ainda não está clara. Quero dizer, eu achei que fosse mais que amizade, mas ele não diz nem faz nada, eu fico meio confusa...
Minha atenção foi automaticamente atraída pela conversa entre três garotas do terceiro ano. Elas estavam sentadas em um banco logo atrás de mim, e a menor delas, ruiva, contava a sua história. Tentei ser discreta enquanto ouvia o que falavam:
− Por que você não chama ele para sair? – uma delas sugeriu.
Minhas sobrancelhas se ergueram.
− Eu já tentei isso, mas...
− Ele não nota o sentido do seu pedido? Acha que você é só uma amiga carinhosa?
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Somebody To You
RomanceJuvia Lockser está para começar o segundo ano do seu ensino médio. Insatisfeita com sua antiga escola em vários sentidos, ela decide se mudar para o Centro de Treinamento da Ur, em Magnólia, amplamente conhecido por formar atletas campeões nas compe...