A cegueira aproxima-me e
envolve-me em seus braços.
Agora, incapaz de ver,
os demais sentidos apuram-se.
Posso sentir minha língua
amolada.A branda e serena porcelana
da boneca
põe-se à mostra,
mas não a vejo.
Observo com o tato
sua fragilidade
(facilmente a quebraria com um sopro).No entanto, minha inclinação
jamais a faria mal algum.
Ao tocar-lhe o ombro,
a convido para dançar.Durante a valsa que me brinda,
uma lágrima faz seu caminho
através de seu rosto
deteriorando um pouco de sua pintura.
Ela me desprende da hipnose.
Pede desculpas e afasta-se chorando.Distanciando-se de mim,
é possível sentir no ar:
sua alegria falha.Em seguida noto um leve sorriso
em seu rosto.
Não era nada.
Seguramente não desejava mais dançar.
E não há problema nisso, mas
por que não disse?
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Do que realmente somos
PoetryPequena coletânea de poemas de minha autoria. Ao ler certamente notará uma natureza um tanto quanto irônica da maioria deles, mas isso é normal. Aproveite a leitura e obrigado por ler. P.s.: Livro em constante produção e edição, por vezes poderá oc...