Dríade, nossa amiga

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Calmamente, a vida narra o
tique-taque.
Certamente não vê como
alguns de nós importa-se.
Ou talvez veja
e ela não o faça.

O tique-taque insensível,
um som belo e poético.
Entra, porém, nos meus ouvidos
como seixo, pois esta ideia
me incomoda.
O tempo demonstra-se infalível
sempre que tem oportunidade.
Levou-nos a árvore da família
sem sentir sequer um desconforto.
Partiu-se majestosamente e
morreu de forma digna.

O céu honrou-lhe
com uma noite clara e limpa.
A Lua comoveu-se e enlutou-se
vestindo-se de vermelho.
Todos os seres que admiraram-na
por todos esses anos em vida,
prestaram-lhe respeito.

Respeitoso, o tempo a levou
como amiga.
Soprou o vento em seus galhos
e ouviu os pássaros a cantarem.

Aos poucos, segurava pela mão
a dríade,
e a guiava através dos céus,
exalando seu perfume
para o resto do mundo.

E ainda assim
o tique-taque a levou.

O tique-taque como poesia
fez-se presente,
e logo que pôde
passou.

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