Cul-de-sac

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Minha alma é um beco.
Escuro e silencioso,
onde poucos atrevem-se a entrar,
paredes marginais,
cheiro ruim.

É infértil, nada pode nascer.
Uma vez apenas,
uma flor brotou, durou
o quanto pôde e
sucumbindo às trevas,
apodreceu.

Aparentemente tocadas pela flor,
outras tentaram,
mas o beco escuro e vil
as nega ainda que as acolha.
Nada sobrevive ali,
é inevitável.

No entanto, uma flor
sombria e pacata
surgiu.
E por mais que eu tente cortá-la,
ela me cativa,
é como eu, de certa forma.

Seria uma quebra de protocolo
deixá-la viver enquanto resistir?

Não consigo me desfazer dela,
porém,
enquanto ela vive
eu sou consumido
e o beco cede aos poucos
a algo mais tenebroso e nefasto,
popularmente chamado de
"amor".

Do que realmente somosOnde histórias criam vida. Descubra agora