Minha alma é um beco.
Escuro e silencioso,
onde poucos atrevem-se a entrar,
paredes marginais,
cheiro ruim.É infértil, nada pode nascer.
Uma vez apenas,
uma flor brotou, durou
o quanto pôde e
sucumbindo às trevas,
apodreceu.Aparentemente tocadas pela flor,
outras tentaram,
mas o beco escuro e vil
as nega ainda que as acolha.
Nada sobrevive ali,
é inevitável.No entanto, uma flor
sombria e pacata
surgiu.
E por mais que eu tente cortá-la,
ela me cativa,
é como eu, de certa forma.Seria uma quebra de protocolo
deixá-la viver enquanto resistir?Não consigo me desfazer dela,
porém,
enquanto ela vive
eu sou consumido
e o beco cede aos poucos
a algo mais tenebroso e nefasto,
popularmente chamado de
"amor".
VOCÊ ESTÁ LENDO
Do que realmente somos
شِعرPequena coletânea de poemas de minha autoria. Ao ler certamente notará uma natureza um tanto quanto irônica da maioria deles, mas isso é normal. Aproveite a leitura e obrigado por ler. P.s.: Livro em constante produção e edição, por vezes poderá oc...