my brother's friend ♢ muke

32

Quando estava saindo da escola vi Michael do outro lado do portão, encostado em sua moto, como sempre. Mas ele não tinha que estar trabalhando?

— Eu já estava indo pra cafeteria, por que não me avisou que estava de folga hoje?

— Eu queria fazer uma surpresa pra você. — Ele sorriu e eu me senti um idiota por ter percebido seu cabelo loiro só naquele momento.

— O seu cabelo! — Passei a mão por ele, o bagunçando mais ainda. — Ficou melhor do que eu esperava.

— Hm... Obrigado?

— Você continua parecendo um gótico mesmo com o cabelo claro, parabéns. — Subi na moto. — Hey, eu posso te chamar de loirinho agora também, não é?

— Não.

— Chato. — Fiz bico e como esperado por mim ele me deu um selinho rápido.

Quando estávamos a caminho da minha casa Michael passou direto por ela, o que me deixou confuso.

— Onde você está me levando? Minha casa já passou. — Perguntei, praticamente gritando por causa do barulho da moto.

— Nós estamos fugindo.

Por pouco não tirei meus braços de sua cintura e caí da moto, mas eu me afastei um pouco dele.

— Michael! Para de bobagem, eu só tenho a roupa do corpo e nessa mochila só tem meus cader-

— Não é fugir pra sempre Luke, nós só vamos passar um tempo juntos. — Michael me interrompeu e eu suspirei, me aproximando dele do jeito que eu estava antes.

— E para aonde você quer fugir?

— Sei lá, qualquer lugar que não tenha ninguém.

E nós fomos mesmo para um lugar que não tinha ninguém, literalmente. Era quase no meio do nada.

— Eu costumava vir aqui quando queria pensar. — Disse Michael, se sentando no chão.

— Não vem mais?

— Venho bem menos que antes pra falar a verdade. Vem aqui. — Me aproximei dele, mas continuei em pé. — Se você não quer se sujar por se sentar no chão, princesa, pode se sentar no meu colo.

— Não é isso, é que... — O garoto tinha aquele sorriso de lado idiota nos lábios e eu acabei bufando, me sentando em seu colo com uma perna de cada lado de seu corpo. — Você é um chato.

— Você é lindo. — Aquele sorriso permaneceu. Ele suspirou, colocando as mãos em minha cintura e me encarando mais intensamente, se é que era possível. — Tão lindo que eu poderia passar o resto da minha vida olhando pra você.

Me aproximei mais dele, deixando a ponta de nossos narizes se tocarem.

— Ah é? — Perguntei com um sorriso, fechando os olhos e deixando meus lábios levemente entreabertos depois para roçá-los nos do garoto na minha frente.

— É. — Respondeu simplesmente e uniu totalmente nossos lábios, iniciando um beijo lento.

Levei minhas mãos para sua nuca, aprofundando o beijo. Apesar de nos beijarmos praticamente todos os dias, eu sempre tenho a mesma sensação de que o mundo a nossa volta simplesmente some e somos apenas nós dois naquele momento que parece durar séculos. É algo tão bom, eu não consigo explicar.

— É por isso que eu quero fugir com você. — Ele disse quando se afastou.

— Por quê?

— Porque eu acho que poderia sobreviver só dos seus beijos. Seria ótimo viver assim, só nós dois, sem ninguém pra atrapalhar e sem nenhum problema pra se preocupar. — E de repente Michael apenas me abraçou, apoiando o queixo em meu ombro e acariciando minhas costas.