Prólogo. Ramona

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Bato a ponta do lápis de maneira constante enquanto penso em alguma solução matemática para aquele sistema de mecânica quântica, porque é óbvio que de todos os alunos de Física Moderna I, eu fui a premiada com aqueles exercícios. Miguel, meu professor mais jovem, tendo se tornado doutor aos 25 anos, fazia de tudo para me reprovar nas matérias dele. Ele é um cara superficialista que acredita que, segundo minha aparência, não tenho capacidade para fazer mestrado.
Além de aturar Miguel sendo um idiota o tempo todo, ainda preciso aturar o fato de que, durante o dia trabalho em uma empresa que não me paga o justo apenas por não ter um diploma na área.
Desde pequena sempre odiei escritórios e a ideia de trabalhar neles me assombrava completamente, mas ao crescer você paga por suas escolhas. Eu que sempre odiei essas salas fechadas, hoje trabalho em uma. Trabalhar como técnico de segurança tecnológica (que é só um nome bonitinho para hacker) é trabalhar mais do que quem fez faculdade de TI e receber menos.

Vinho TintoOnde histórias criam vida. Descubra agora