15. Nina

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Resolvo espera-lá, afinal de contas ela irá ouvir umas poucas e boas por ter mentido, mentido pra mim! E porque mentiu? Sempre contamos tudo uma pra outra desde o ensino médio. Alguma coisa ela vai ter que tirar daquela cabecinha pensante pra me explicar o por que disso, a se vai.

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As horas passam muito devagar. Estava quase dormindo na sala de espera mesmo. Eu realmente não calculei o quanto esperaria, e minha paciência já estava se esgotando, olho no relógio e falta pouco para que ela chegue, permaneço no mesmo lugar, e a essa altura nem me sinto mais tão frustrada quanto antes, ela teve seus motivos.

Devaneio sobre isso enquanto começo a ouvir passos macios no chão de madeira, quase imperceptíveis, cautelosos, era Ramona.

–Nina, que surpresa boa! - ela diz enquanto suas bochechas avermelham-se.

–Que estranho –digo –Não pedi para anunciarem meu nome, como eles me conhecem, aliás?

–É... E-eles mantem uma ficha com amigos próximos, sabe? No caso deles vierem aqui. Muito gentis, não?

Claro, muitos gentis, uma pena que a secretaria nem me conhecia, não é mesmo? Ela parece nervosa, mais que o normal, realmente sinto que ela não quer continuar mentindo, mas pelo visto não consegue.

–Mona, eu trouxe seu almoço.

–Então... não está curiosa para saber o porquê? Quero dizer, se está aqui agora já sabe que não entro no horário que digo que entro, né?

–Só vim te trazer o almoço.

Ela me encara tentando entender o por que de eu não ter começo a enche-lá de perguntas. Sempre fui a mais curiosa das três, isso é um fato. Mona nunca gostou disso, sempre se estressava com minhas perguntas que nunca tinham fim. Dessa vez, parecia querer que eu perguntasse.

–Obrigada. Olha... desculpa se faço isso, mas a minha vida é uma confusão e eu às vezes precis... -ela diz isso enquanto olha pra mim.

–Precisa de um tempo sozinha –e então a abraço, senti que ela precisava disso- Eu entendo.

Sempre tivemos esse tipo de ligação, desde o primeiro dia do primeiro ano, foi uma coisa meio surreal, duas pessoas tão diferentes se darem tão bem, e desde então eu sei o que ela quer dizer, mesmo quando não diz.

Passamos algum tempo conversando em uma lanchonete, até o momento em que lembramos que temos trabalho a fazer e então nos despedimos.

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Hoje é o dia em que a tal pessoa especial vai aparecer, e eu ainda não faço ideia de quem seja, o que é ótimo. Vou voando pro restaurante por que recebi uma mensagem dizendo que precisaríamos estar cedo lá (bota cedo nisso, ainda são 13:12), por que não sabiam ao certo que horas a figura apareceria.

Cheguei no restaurante não havia muita gente, digo, dos que trabalham comigo. No entanto podíamos começar a arrumar tudo.

-Você faz alguma ideia de quem seja? -Lilian, uma das novatas contratadas pelo chef pergunta.

-Não faço a minima ideia...-respondo- pensei que ele diria algo ontem, enquanto preparávamos o cardápio, mas continuo na mesma.

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Quando já são 14:52pm um carro preto aparece, é bonito, esportivo, de bom gosto... Me pergunto porque alguém de verdadeiro bom gosto teria algum tipo de relação com Louis, mas tudo bem.

Todos nós agora olhamos atentos as grandes janelas de vidro, na esperança de finalmente encontrarmos alguma coisa que possa acabar com todo esse mistério.

Vinho TintoOnde histórias criam vida. Descubra agora