5 parte 1. Clarice

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- Isso Clare, porra que boca é essa mulher?- Diz Fernando.

Levanto a cabeça, e olho para os seus olhos enquanto sugo a cabeça do seu pau.

- Vai ficar gritando? - pergunto rindo.

- Você consegue estragar o clima né!? - responde ele.

- Desculpa, mas fica meio difícil com você gritando aí - respondo.

- Clare, meu amor, volta o que você estava fazendo, por favor- pede ele.

Nem respondo, e faço como ele pediu. Quando sinto que ele vai gozar, começo a chupar suas bolas, olhando nos olhos dele, e ele não aguenta mais os estímulos e começa a gozar na minha boca.

- Porra Clariceeeee! Caralho...

Ele sabe meu nome? Meus olhos semicerram e enxergo meu quarto nublado, com minha visão turva. Droga, é só um sonho.

- Clariceeeee acorda, ou você vai chegar atrasada no trabalho! - grita nina.

Merda, não posso nem mais sonhar em paz...

-Ãnnnnn... Tá! Tá, estou indo! - respondo.

Mais um desses sonhos com o Fê... Acho que ainda tenho esperança de ter uma relação normal com ele, mas isso é meio impossível. Mas... Cabeça erguida Clarice, ficar se lamentando por causa de homem não dá, mesmo esse homem sendo o Fernando...

Levanto e vou para o banheiro que surpreendentemente está desocupado.

Não posso me atrasar, hoje finalmente vou conhecer o orientador no meu curso de especialização em oncologia, a minha residência médica será feita no hospital Israelita Albert Eistein. Quando penso em tudo que fiz pra conseguir fazer minha tão sonhada faculdade, e agora minha especialização, faz tudo valer a pena. Todos aqueles homens, só de lembrar me dá um arrepio na espinha.

Sei que não era o correto, mas pra mim, na época em que comecei, parecia o certo. Era um dinheiro fácil, eu precisava dele e precisava rápido. Mas como sempre digo: PASSADO!

Entro na cozinha e vejo a Nina encostada no balcão com uma xícara de café.

- Bom dia! - diz ela, como sempre animada logo de manhã.

- Bom dia e obrigada pelas torradas, e como você já deve ter percebido, eu estou atrasada como sempre - digo pra ela.

- Não vai comer as torradas? - pergunta pra mim.

- Desculpe, eu sei que você odeia quando desperdiçamos comida, mas eu estou tão ansiosa pra hoje, que nada fica no meu estômago - olho para o relógio e vejo que se eu não sair agora, nunca que eu vou chegar na Av. Paulista no horário.

- Tudo bem amiga, dessa fez eu entendo, boa sorte lá... - diz ela sorrindo pra mim.

- Obrigada, tchau - falo me despedindo, pego minha bolsa com meus matérias, e saio de casa.

**

Chego ao hospital milagrosamente na hora, vou direto para o andar onde ocorrerá as apresentações. Como a área de onco não é muito visada pelos estudantes, tem umas dez pessoas na sala de aula. Entro e vou logo para o fundo da sala, como não vejo nenhum professor, pego meu livro da vez.

- Bom dia alunos, espero que esse curso traga mais profissionais qualificados para essa área tão complexa...

Merda! Conheço essa voz... É ele...

- Bom... Desculpe a demora, como ia dizendo são poucos alunos nessa turma, então haverá um orientador para cada - Fernando diz, encarando todos com um olhar de seriedade - Colocamos uma lista ali nos murais com os nomes correspondentes aos seus orientadores, pedimos que olhem, e se dirijam para os lugares marcados na mesma. Obrigado pela atenção e boa sorte!

Merda, merda, merda! Só me resta orar para que meu orientador não seja ele.

Levanto da cadeira, e vou com a cabeça baixa, para que ele não me note aqui, sei que é estupido fazer isso, mas não sei qual será a reação dele ao saber sobre mim...

**

Aluno: Clarice Schneider Orientador: Fernando Vasconcelos

Sala 193 - 5 º andar

Não consigo pensar direito nesse momento, o universo só pode estar e brincadeira comigo, isso não pode estar acontecendo. Quando parei com a vida que levava, achei que nunca mais veria aquelas pessoas, homens e mulheres que me ligavam para divertir a noite deles... Sim, recebia pedidos de mulheres também, algumas eram curiosas para saber como era estar na cama com uma mulher, outras já eram até experientes no assunto.

- Ei, você é a Clarice?

Saio dos meus pensamentos, respiro fundo e me viro para olhar pra ele. Seus olhos se arregalam, sua feição é um misto de surpresa e, o que mais me surpreendeu... Saudade.

- Sim, sou eu. - Olho diretamente para seus olhos - Prazer, Clarice.

Vinho TintoOnde histórias criam vida. Descubra agora