19. Nina

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É difícil me manter focada no que estou fazendo, a cada hora que se passa o tal casamento está ficando mais próximo. Por que tem que ser tão difícil? Vejo naquelas séries americanas casais tendo relações incríveis enquanto seus verdadeiros cônjuges estão no trabalho, ou indo buscar a filha na escola. A vida real não é assim, é claro. Sei que deixei claro que não farei mais aquilo, mas a cada olhar dele me faz querer mudar de ideia.

Ok. Foco. Existem coisas mais importantes para pensar no momento como, por exemplo: o porquê da Mona dizer chegar tão cedo no trabalho, e não chegar. Será que ela se meteu em alguma coisa? É bem a cara dela mesmo, se meter em coisas que no fim não vai conseguir sair sozinha.

Ou então, em como as coisas vão seguir aqui em casa levando em consideração o fato dela e Clare estarem com os ânimos a flor da pele nos últimos dias... Ou talvez quem sabe, como convencer o Luke de que ele também mora naquela casa, ele precisa pagar alguma conta regularmente. Ah! E não posso esquecer do Jonas, é claro! Eu marquei de sair com ele essa semana e até agora nada... Talvez nem role, em pouquíssimo tempo pude perceber que ele era bem imaturo, parecia que sua personalidade "vou ajudar você no que precisar... Pode chorar no meu ombro" -agora que não mais necessária-, deu espaço para seu verdadeiro eu, que é alguém cheio de piadinhas, e no momento eu estou sem paciência para isso. Enfim, qualquer coisa que me faça tirar esse bando de problema inútil que eu tenho pairando sob minha cabeça é bem-vindo.

**

O dia foi mais do mesmo: Acordei, fiz o café, esperei todos saírem, fiquei vendo tv até dar meu horário de ir trabalho e fui. Nunca pensei que minha vida entraria nesse looping, e o pior, nunca pensei que depois de um tempo o looping não me daria mais frio na barriga, e sim uma profunda sensação de tédio.

No restaurante as coisas estavam calmas, me mantive focada no trabalho e enquanto minha promessa de não ser uma completa idiota se mantinha, as coisas por ali permaneceram assim, mortalmente calmas.

Saindo de lá, penso em ir direto pra casa. É quinta-feira. Quinta do vinho. Tudo que eu preciso agora é ir pra casa, tomar um bom banho, me sentar no sofá (que pode não ser muito confortável, mas ainda sim) e, com uma boa taça de vinho, conversar com as meninas sobre qualquer coisa.

Olho as horas no celular, cedo demais para ir para casa, nem o Luke deve ter chegado. Lembro-me que a poucas quadras dali uma livraria acabara de abrir, me dirijo até lá para ver se compro mais um box de Harry Potter, fingindo para mim mesma que já não tenho todos os lançados até agora.

O ambiente é calmo, uma música baixa toca enquanto pessoas passeiam por entre prateleiras e mais prateleiras repletas de livros, livros esses que possuem todo tipo de forma, cor e tamanho. É como estar em casa. Vejo crianças correndo para sessão infantil, velhos lendo a contra capa de livros de todo tipo de assunto, e pessoas como eu, que vão para procurar box de livros que já tem e eventualmente acabam se aventurando por coisas ainda não exploradas.

Quando eu, quatro livros (que eram grandes e pesados de mais para mim) e alguns marca páginas estamos saindo da loja, uma mão toca meu ombro.

-Moça... Você deixou cair...

Olho para trás, um rapaz de mais ou menos uns 24 anos está sorrindo, segurando um marca páginas que eu havia deixado cair.

-Ah... Obrigada. -respondo lhe devolvendo o sorriso, tentando achar mão para pegar o marca páginas fujão- Nem notei que caiu.

-Imagina, bom... Aqui está -ele o colocou por cima dos livros- pensando bem... Precisa de ajuda para levar isso até, sei lá, seu carro?

-Claro, se quiser me acompanhar até minha Ferrari, a chave está logo ali com o meu mordomo.- aponto para o nada, ele sorri mais ainda -Pode me ajudar a levar até a vespa.

Vinho TintoOnde histórias criam vida. Descubra agora