Olá querid@s,
Como estão? Espero que bem.
Como prometido, segue mais um capítulo. E, ele está muito emocionante.
Desculpe-me por quaisquer erros.
Boa Leitura!!!
Jéssica Miranda
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Junho de 2012
Valentina
O que o pai me disse ainda está matutando em minha cabeça. As lágrimas não pedem licença ao saírem de meus olhos, elas jorram, e eu não tenho nenhum controle sobre elas.
Sentando ao chão, estou chorando há alguns minutos, quando Carol entra pela porta do depósito e se junta a mim.
- Valentina, acalme-se. Ela diz enquanto me abraça. – Vai ficar tudo bem, o seu pai vai pensar melhor e voltará atrás no que disse.
Imaginei que desse para ouvir a nossa conversa, afinal apenas uma parede fina e uma porta também fina nos separava do restante da loja. Mas só de ouvir a palavra pai o meu corpo volta a tremer, e minha mais nova amiga me aperta mais em seus braços.
-Shhhhh, shhhhhh. Carol fazia um pedido silencioso para que eu fizesse silêncio. Ela ficou ali, quase que cantando uma canção de ninar, e aos poucos fui me acalmando.
Nesse momento, estou deitada no chão com a cabeça repousada no colo dela, que está recostada em uma parede. Ela passa a mão em meu cabelo alisando-os da raiz até as pontas, as quais estão quase no meio de minhas costas, e continua com sua mais nova composição musical: Shhh, shhhhh, shh.
Nós duas ficamos assim por um bom tempo, até que minhas lágrimas cessassem. Então, depois de estar realmente calma, eu tomo coragem para falar:
- Obrigado, Carol.
- Que isso querida! Não precisa me agradecer. Afinal, amigos são para essas coisas.
Levanto-me de seu colo e a abraço:
- Você não sabe o quanto me ajudou, eu precisava tanto desse carinho que você me deu.
- Estou apenas retribuindo o carinho que você tem tido por mim nesses últimos dias.
- Então a recíproca é verdadeira. E, vamos parar com isso antes que eu volte a chorar. Digo e vou me afastando um pouco, até que me encosto à parede oposta a que ela está. Assim, nós ficamos frente a frente, respiro fundo e começo a nossa inevitável conversa. Pois, sinto que ela merece uma explicação.
Ela tem sido uma boa amiga nesses últimos dias, e tem me ajudado sem questionar nada, acreditando no que disse alguns dias atrás, além de não ter forçado a barra para saber mais. No entanto, sei que a Carol sabe que não contei tudo a ela e , mesmo assim, me respeitou. Por isso, vou ser honesta com ela, ao menos, mais uma vez direi a verdade. E, talvez eu sinta o mesmo alívio que senti ao contar tudo para a minha tia.
- Bom. Fiz uma pausa demorada. - Eu nem sei por onde começar. Digo, sendo muito honesta.
- Valentina, você não me deve explicações. Não precisa me contar nada.
- Eu sei, Carol. Eu sei, mas preciso dizer, porque por mais que eu finja que estou bem, não estou. Só essa semana é terceira vez que sou humilhada. E, estou tão esgotada. Achei que conseguiria carregar esse fardo sozinha, mas ele está pesado demais, e eu não aguento mais. Tenho vontade de fugir, e vou fazer isso. Eu só queria seguir a minha vida em paz, porém, ninguém nunca vai entender, e serei sempre a vadia que abandonou o homem perfeito. Meu pai acha que sou uma vadia, o Arthur acha que sou uma vadia e um canalha tornou-me essa vadia. Ele devia ter me matado. Assim, não restaria esse monte de tristeza, desespero, e sujeira que eu me tornei. Não restaria nada, apenas a falta que a minha presença faria. E, eu seria lembrada e amada. Mas, não. Isso seria fácil demais, e nada é fácil. Nunca foi.
Olho para ela, aquela mulher sentada a minha frente, que me olha de volta com cara de quem entendeu, e continua ali sentada esperando que eu continue o meu discurso sem nexo. Mal sabe ela que, nesse instante, com aquele olhar dela de quem compreende a minha dor, porque conhece bem a dor de estar perdida em si mesma, e na vida, ela me fez entender tudo.
Como sou tão egoísta, estou aqui me fazendo de vítima para uma pessoa que realmente foi vítima, eu deveria era seguir o exemplo dela, erguer a minha cabeça e seguir em frente, ao vês de ficar me lamentando.
Está certo que não tenho nada nesse momento, mais a vida inteira eu tive tudo, e nunca reparei isso.
Você já ouviu dizer que é do inferno que se vê o paraíso? Então, estou no inferno, e só agora eu consigo ver o quanto sou imatura, mimada e egoísta. E, quanto o paraíso, eu tive um vislumbre dele em alguns momentos de minha vida.
Sei que não merecia o que me aconteceu, mas, de certo modo causei tudo isso, quando deixei que o Virgílio se aproximasse demais, a ponto de me sentir atraída por ele, mesmo amando o meu marido. Eu errei ao ir à casa dele, com a intenção de te trair o Arthur, afinal, eu nem sei se ele me traiu, ele mentiu para mim, pois conversou com a vadia da Janaína quando prometeu que não ia fazer mais isso. Porém, é só disso que tenho certeza, e uma mentira não é desculpa para uma traição. Tudo bem que me arrependi assim que vi o Virgílio, todavia se não eu fosso tão impulsiva, não estaria aqui agora.
- Ahhhhh, merda, droga. Como eu pude ser tão burra? Agora, estou de pé socando a parede, xingando e praguejando. - Boceta, caralho. Que ódio! Que ódio! A Carol apenas assiste ao meu ataque de fúria, sem falar nada. - Eu sou uma idiota, egoísta. Como eu posso mentir para tudo mundo? Como? Como eu pude mentir para mim mesma? Grito, essas perguntas retóricas, enquanto vou escorregando pela parede e voltando ao chão.
- Terminou? Pergunta-me Carol.
- Só a minha ficha terminou de cair. E, agora, eu sou monte de culpa e arrependimento.
- Você está melhor agora?
- Estou vazia. Não sinto mais nenhum sentimento bom dentro mim. Agora, eu sei qual é a parte de mim que morreu.
- Você está no fundo do poço. Eu já estive aí. É triste, escuro, sombrio e pavoroso. Você vai se sentir pior, muito pior, e então vai passar. Porque tudo passa, não importa quão ruim seja, um dia passa. Ela fez uma pausa respirou fundo e continuou: - Hoje, você é como um Ipê, que perde as folhas em determinada época do ano, o que deixa a planta com o aspecto de morta, sem nenhuma folha por toda a sua extensão, mas, tudo muda quando as flores brotam, e a árvore torna-se linda. Quando ele parece estar morto, ele está apenas adormecido, esperando o momento certo para acordar, todo repleto de flores, repleto de uma beleza que ninguém achou que existia em um troco. Depois de outra pausa, ela retoma o seu discurso: - Nesse momento, suas últimas folhas acabaram de cair, e elas estão apodrecendo junto as outras tantas, sob o solo que alimenta as suas raízes. Suas folhas são a sua dor. Ela vai apodrecer, vai até feder, e depois vai desaparecer, aparentemente, é claro. Então, você estará cheia de vida, a sua dor vai ser o seu sustento, ela irá te alimentar, e no fim você estará tão nutrida, que nasceram flores por todos os lados, e neste dia você será mais bonita do que já foi em qualquer outro momento de sua vida. Então, será grata por todo sofrimento, ele será uma parte de você, e sem ela você não conseguirá viver. Seu sofrimento será parte de sua alma. Assim, você encontrará o equilíbrio, você será como Yin Yang. Sim, você vai entender que não existe o bem sem o mal, e nem o mal sem o bem, em outras palavras, não existe alegria sem o sofrimento, e nem o sofrimento sem a alegria. Ela faz outra pausa para se aproximar de mim, e quando está com as mãos em meu rosto, diz essas últimas palavras olhando em meus olhos, e usando os seus polegares para enxugar as minhas lágrimas: - Assim, querida, quando tudo parecer perdido, espere e tenha força, pois, vai passar. Eu sei que vai.
Eu senti-me consolada com as palavras ditas, e soube naquele instante que levaria aquilo comigo pelo resto de minha vida.
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Ironias do Destino - Completo
ChickLitPLÁGIO É CRIME COM FORÇA DA LEI 9.610/98 OBRA REGISTRADA NA BIBLIOTECA NACIONAL. OBRA REGISTRA EM CARTÓRIO, POSSUINDO FORÇA DE TÍTULO. Ironias do destino é um romance dramático. Valentina Kolwaski, era uma mulher independente, dona de sua própr...