O Correio Coruja

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Harry ainda estava meio atordoado desde que voltou do Beco Diagonal. O menino não compreendia o que tinha acontecido. Não compreendia o momento amigável que teve com Malfoy, quer dizer, não era um grande avanço, mas passaram alguns minutos sem se provocarem e o loiro parecia inofensivo junto dele.
Harry queria poder tirar o loiro da cabeça, tudo bem que ele sempre teve vontade que o menino mudasse seu jeito arrogante e talvez até tenha desejado poder fazer amizade com o Slytherin, mas os pensamentos do Eleito eram dia e noite imersos naqueles olhos azuis cinzentos, nos lábios rosados, nos cabelos loiros atraentemente bagunçados, muito diferente do que o garoto costumava usar quando menor, o rosto fino e as vestes pretas de bom gosto. Mas isso não era certo, Harry não podia pensar dessa maneira em outro homem, ainda mais tendo uma namorada tão adorável.
Gina, anda meio distante e cautelosa ultimamente, coisa que Potter acabara de se dar conta. Estava tão absorto em seus pensamentos sobre um certo loiro que nem ao menos se lembrou de dar atenção à Gina nos últimos meses. Decudiu que quando fossem para King's Cross na manhã seguinte, iria dar toda atenção do mundo à ruivinha durante a viagem para a escola.

A noite chegou de mancinho, pareceu que demorou para o Sol se por aquele dia. Carlinhos partiu ao crepúsculo montado em sua vassoura e prometeu voltar para o natal. Sra.Weasley fez um jantar muito caprichado pois Rony e Hermione estavam completando seis meses de namoro. Harry estava muito feliz pelos amigos, realmente apreciava a relação dos dois que demorou tanto para desabrochar.
Depois do banquete, Potter ajudou Jorge a caçar cupins para um novo produto contra livros imensos que os professores obrigam os alunos a lerem. Jorge mostrou alguns esboços que o próprio Fred havia feito há algumas semanas antes de falecer. Basicamente era um frasquinho contendo um pó a base das asas do cupim, era só salpicar em cima do livro e ele ficava cheio de buraquinhos o tornando impossível de ler.

Harry também ajudou Percy com alguns feitiços, para tentar a todo custo, tirar o quadro da Sra.Black e as cabeças empalhadas de elfos domésticos das paredes. Depois de várias tentativas inúteis os garotos desistiram. O feitiço adesivo que Monstro, o elfo da casa, lançou parecia ser indestrutível.

Harry foi cansado para o seu quarto, abriu seu malão e começou a organizar suas coisas. Roupas e livros, um álbum de fotografias que Hagrid lhe dera em seu primeiro ano em Hogwarts, o pomo de ouro que Dumbledore o deixou, um cachecol colorido que havia ganho da Sra.Weasley, o mapa do Maroto, a capa da invisibilidade e o diário de Sirius Black. Não era bem um diário, era apenas um caderno cheio de anotações e alguns relatos das peripécias do seu padrinho, que o garoto havia encontrado no fundo do velho guarda roupas de Black.
Harry adorava le-lo, Sirius mencionava Tiago em praticamente todas as páginas, Remo Lupin, e para o desgosto do garoto também havia algumas páginas com algo sobre Rabicho.

Potter estava tão concentrado em sua leitura que nem ao menos percebeu que lágrimas rolavam de seus olhos.
Ele estava lendo o relado de Sirius sobre o dia que quase mataram Severus Snape acidentalmente com o Salgueiro Lutador. Harry se pegou triste por não poder ter a chance de se desculpar com Snape, não poder agradecê-lo por ter o protegido por todos aqueles anos. Queria poder passar horas a fio conversando com o professor sobre sua mãe, que sempre fora a paixão de Severus. Harry queria pelo menos uma vez ter dirigido uma palavra amiga ao homem. Agora ele entendia o lado de Snape, o porque dele detestar Harry, ele não suportava o fato de Harry ser tão parecido com o pai. Tanto na aparência quanto na personalidade, o menino era Tiago escrito.

Harry afastou as lágrimas e sorriu ao se lembrar das últimas palavra que Snape o dirigiu quando morreu em seus braços:
"Você tem os olhos da sua mãe.''

Guardou o caderno, fechou o malão e deixou seus óculos e a varinha no criado mudo. Estava calor aquela noite, então tratou de deixar a janela aberta. Se enfiou em baixo das cobertas e quis se autoflagelar pois automaticamente seus pensamentos foram invadidos novamente por olhos azuis cinzentos e gélidos. O garoto tentou a todo custo tirar o dono daqueles olhos da cabeça mas sem sucesso. Abriu o armário e revirou alguns frascos que Hermione havia lhe dado em seu último aniversário. Encontrou um em questão e desceu lentamente as escadas até a cozinha. Ainda tinha um pouco de suco de abóbora que a Sra.Weasley havia preparado para o jantar. Harry pingou duas gotas da sua poção do sono e bebericou o suco enquanto voltava para o quarto.
Novamente se deitou e seus olhos verdes pesaram, não precisou de muito para o garoto adormecer.

...

Iris azuis acinzentadas se fixavam nos olhos verdes de Harry.
"Potter, O santo Potter, O Cicatriz, Potter" — Dizia a voz de Malfoy para o menino.
Harry acordou assustado com alguns silvos e pios. Ele levantou rapidamente e procurou por seus óculos, os colocando quando achou.
Procurou pelo causador do estardalhaço e se admirou ao encontrá-lo.
Era Edwiges.
Harry simplesmente congelou mas quando olhou para os olhos da coruja seu coração afundou. Não era ela. Era simplesmente idêntica mas olhos da sua antiga coruja eram amarelos e os os da invasora, azuis cinzentos.
Eram da cor dos olhos dele.

Harry se aproximou com cuidado e ela piou baixinho, piscando os olhos e voando até o braço do menino. Ele sorriu e coçou entre as penas brancas. A ave lhe deu uma bicadinha carinhosa no dedo, e então o garoto percebeu um papel enrolado, preso na perna da coruja, amarrado com uma fita verde. Potter abriu a carta com cuidado e leu o que estava escrito com uma caligrafia caprichada:

" Potter,
olhe, isso não quer dizer que eu ainda não te deteste e que agora eu consigo te suportar, mas seria muito esnobe da minha parte se eu não o agradecesse, espero que entenda pelo que eu estou agradecendo.
Bom, saiba que eu sinto por todos que você perdeu, especialmente pelo Weasley, por mais que eu não com a cara deles, Fred era um cara legal, meus sentimentos ao Jorge. Bem, quanto a coruja, é sua. Soube o que aconteceu com a sua antiga, e vi hoje no Beco Diagonal que sente falta dela, bem, espero que esta lhe agrade, presente de aniversário atrasado, aliás, foi dia 31, não é? Parabéns!
Por Merlin, o que eu estou escrevendo?
Enfim, mamãe adorou a coruja e deu a estúpida idéia de dar o nome dela à ave, você que decide, não vou me zangar.
A o Expresso de Hogwarts, Testa Rachada.

D.M"

Harry arregalou os olhos. Malfoy havia lhe agradecido. O que ele queria dizer com "Espero que entenda pelo que estou agradecendo?"  O mais estranho era ele lhe desejar os  parabéns e lhe dar ainda uma coruja de presente, uma coruja com os mesmos olhos dele.

A ave piou baixinho novamente e esfregou o bico na mão de Harry.
Ele sorriu para ela, guardou a carta de Malfoy e abaixou-se. Pegou a antiga gaiola de Edwiges em baixo da cama, a colocando em cima da cômoda. Colocou coruja dentro da mesma e ela piou feliz. Harry se deitou para poder finalmente ter sua noite de sono.
Olhou para a gaiola a tempo de ver a coruja branca esconder o bico na asa para dormir. Ele suspirou e disse antes de adormecer:
— Boa noite, Narcissa.

Bjuuuss da Kripto até o próximo capítulo X

Unbreakable Vow • DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora