Advinhação

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Harry estava parecendo um dragão, soltando fogo pelas ventas. Estava tudo perfeito, uma maravilha totalmente harmônica mas é claro que Malfoy tinha que por seu nariz comprido no que estava bom, ele tinha que estragar tudo. Harry queria um vira-tempo para poder não acordar Draco aquela manhã, e ainda poder ter a trégua intacta. Ele se auto praguejava por ter dispensado o outro na questão noturna, agora era mais do que óbvio que ia voltar a passar suas noites em claro e pior, teria os olhos cinzentos atormentando seus pensamentos.
Quando a aula de Aritmancia, a última do dia, acabou, Harry saiu sozinho pelo corredor gélido. O som de seus sapatos ecoando por toda parte enquanto o resto dos alunos corriam para o pátio ou para os salões comunais.
Potter lembrou-se da proposta de estudos com os alunos da Sonserina feita por Malfoy em Hogsmeade e mudou seu caminho. Seria estupidez tentar estudar com o loiro depois da briga que tiveram mas Harry queria ir, nem que fosse para ser escurraçado pelo Slytherin e seus amigos. O moreno queria, precisava da atenção de Draco.
Entrou na biblioteca em silêncio e olhou em volta, comprimentou Madame Pince e caminhou por entre as seções com o coração acelerado.
Ele podia ouvir a voz sedosa do loiro e a gargalhada esganiçada de Pansy Parkinson em algum lugar.
Foi até a última repartição antes da sessão reservada e encontrou quem procurava.
— Malfoy! — Harry tentou manter a voz firme e recebeu um olhar estreito do outro.
— O que pensa que está fazendo, Potter? Sua testa está abrindo ainda mais? Quem pensa que é para falar comigo? — Draco disse com a voz escorrendo veneno mas se arrependendo ao ver a expressão do outro, que era carregada de mágoa.
Harry queria berrar que ele era Harry Tiago Potter, que ele era O-Menino-Que-Sobreviveu, O Eleito, aquele que derrotou o maior bruxo das trevas de todos os tempos, herdeiro dos Peverell, O Último Senhor da Morte, O Ofidioglota...mas nada disso importava para Harry, os únicos nomes aos quais o garoto realmente extremecia ao ouvir eram: Potter, Testa Rachada, Cicatriz e o seu preferido: O Santo Potter!
— Será que dá pra levantar essa sua bunda branca e vir até aqui um minuto? — O moreno retrucou.
Draco arregalou os olhos, ele só queria que o outro fechasse a boca e sumisse dali, ele não podia deixar Harry tratá-lo daquela maneira na frente de seus colegas, ele tinha uma imagem a zelar e Draco realmente não queria ter que magoar o outro ainda mais.
Quando o loiro levantou sua varinha, uma Madame Pince furiosa se materializou entre os dois.
— Sr.Potter e Sr.Malfoy, os senhores estão em uma biblioteca e eu exijo silêncio! Os dois, detenção com a Professora Sibila, agora! — Ela apontou a porta e bateu um pé.
Malfoy rangeu os dentes e saiu marchando com seus livros nas mãos.
Harry suspirou e começou a caminhar ao lado do outro em direção a sala de advinhação.
— Mas que droga você estava pensando, Potter? — Draco o fuzilou com o olhar e parou de andar.
— Se a água oxigenada está começado a atingir seu cérebro eu realmente não me importo, mas caso não se lembre, combinamos de estudar com Zabini e Parkinson pare eu me acostumar com seus amigos, eu apenas vim cumprir com o combinado. — Harry piscou um olho.
Draco abriu e fechou a boca algumas vezes sem saber o que dizer, então optou por apenas dar de ombros e continuar andando.
— Por sua petulância estamos em detenção, com sorte sairemos daqui à tempo para o jantar, isso supondo que estaremos sãos até lá.
— Agora a culpa é minha? — O loiro bufou.
— Eu só estava indo para o compromisso que marquei, quem começou a berrar na biblioteca foi você, então sim a culpa é toda sua! — Harry rosnou.
Draco estava pronto para virar um belo soco no queixo do menino dos olhos verdes. É claro que o loiro não queria ferir o rosto que tanto adorava mas Harry estava voltando a o irritar como antes, não por te-lo feito ficar de detenção, mas sim por voltar a ser prejudicado pelo moreno e não conseguir sentir raiva do outro.
Era frustrante para um Malfoy não conseguir odiar seu inimigo, mais frustrante ainda, o real motivo dessa incapacidade.
A atração de Draco por Potter estava cada vez mais forte e os sonhos incontroláveis cada vez mais eróticos e cheios de luxúria e desejo.
— Olá queridos. — A professora Trelawney sorriu para os dois, acabando com a tenção existente ali. — Me acompanhem.

Harry e Draco entraram na sala escura e docemente perfumada da professora Sibila e se sentaram em uma mesinha.
Ambos apoiaram os queixos nas mãos, sabiam o que viria a seguir: Horas de presságios e futuras mortes trágicas previstas pela professora que mais parecia uma libélula gigante.
Os garotos se sentiam gratos por pelo menos terem detenção juntos, assim poderiam se comer com os olhos durante o tempo que o castigo durasse.
Harry observava os traços delicados de Draco, era tudo no lugar certo e perfeitamente bem feito.
O moreno podia odiar Lucius com todas as suas forças mas tinha que admitir que ele fez um bom trabalho, afinal Draco era simplesmente lindo.
Rosto fino, pele palida, nariz comprido porém delicado, cabelos tão loiros que chegavam a ser brancos, sorriso encantador (pena que Harry só havia o visto sorrindo verdadeiramente poucas vezes) e os olhos, os magníficos olhos cor de prata.
Malfoy mordia os lábios olhando para o moreno. Tudo nele era desarrumado mas por incrível que pareça era o que mais atraia o loiro.
O rosto angulado, a barba por fazer, os óculos tortos, os olhos verdes vibrantes contornados pelas grossas sobrancelhas, os cabelos negros incontroláveis e a maldita cicatriz...ah como como Draco sonhava em ser dono daquele garoto, poder fazer o que bem entender olhando para aquela cicatriz que tanto acabava com a sua sanidade.
Seus pensamentos foram interrompidos pela professora Trelawney que lhes trouxe uma bandeja de chá.

— Queridos, peço que tomem seu chá, depois troquem as xícaras e me digam o que vêem. — A mulher de óculos fundo de garrafa sorriu bondosa e se sentou em sua mesa, enquanto mexia em seus colares.
Draco os serviu de chá de sufrágue, uma plantinha doce como mel e um ótimo calmante, e os meninos beberam sem se encarar.
Trocaram as xícaras e se puseram a "prever o futuro".
Sibila se aproximou sorrindo.
— E então? — Perguntou ela.
— Bom, Malfoy parece ter uma espécie de estrela com com uma ponta arredondada o que simboliza a pureza no meio de espinhos. — Harry começou e olhou para o outro, era óbvio que aquilo era referente a Draco ser o único bruxo da família Malfoy que prestava. — E ele também tem uma espécie de meia lua, cuja ponta tem algum desenho, me lembra muito uma estrela mas eu não sei o que significa.
— Bom, muito bom. — Trelawney sorriu. — Agora você meu bem.
— Potter tem uma semente de arroz, o que simboliza a simplicidade e humildade e...espera, você também tem essa meia lua com a estrela na ponta, professora o que isso significa? — Draco perguntou.
A mulher pegou as duas xícaras e as observou com os olhos cheios de lágrimas.
— Oh meus queridos, em todos esses anos, apenas uma vez eu vi algo assim. Vocês têm a lua estrelada, percebam que são em sentidos contrários ela se encaixam perfeitamente.
— E o que isso significa? — Harry perguntou confuso.
Draco folheou seu livro e engoliu em seco dizendo:
— Significa que as pessoas que possuem a lua estrelada, possuem as almas entrelaçadas, quer dizer que foram feitas uma para outra. — Ele suspirou e leu. — Os possuidores da lua, obtém o amor mais puro já conhecido, um amor que permanece por todas as vidas e é impossível de se destruir um laço como esse. O desejo aflora com a puberdade e a falta de contato físico se torna insuportável a partir dos dezoito anos.

— E o q-que isso quer dizer? — Harry voltou a perguntar.
— Ah, faça me um favor Potter, isso quer dizer qu...
— Vocês são almas gêmeas. —  Trelawney terminou a frase de Malfoy. — Quer dizer que o destino já traçou suas vidas juntas e que vocês logo irão descobrir o amor que sentem um pelo outro.

— Faça-me rir. — Draco zombou. — Potter e eu? Isso é a besteira mais lunática que eu já ouvi. Professora será que poderia me liberar? Eu tenho treino se quadribol em cinco minutos.
— Claro querido.
Malfoy arrumou suas coisas e desapareceu pela porta. Harry continuava em choque mas tentou tirar o que acabou de ouvir da cabeça.
— Professora, a senhora disse que apenas uma vez viu esse caso, quem foi os dois primeiros a ter a lua? — Harry perguntou curioso.
— Tiago e Lilian Potter, seus pais querido. Eles realmente eram almas gêmeas. — Sibila sorriu e sumiu para sua sala.
Harry deixou uma lágrima cair enquanto olhava vagamente para a bola de cristal a sua frente, mas uma coisa chamou sua atenção:
Em meio a névoa da bola, Harry visualizou um certo loiro no ar, com seu uniforme verde de quadribol, o único problema é que ele estava sem vassoura e o pior, em queda livre.

Wonnnnnnn feitos um para o outro.
Desculpem o termo alma gêmea, eu sei que é bobo, mas não encontrei um termo melhor.
Bjuuuus da kripto até o próximo capítulo X

Unbreakable Vow • DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora