A'Toca

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Quando dezembro chegou, a neve começou a deixar tudo coberto de branco e o clima natalino estava contagiando a todos. O castelo vivia com suas lareiras a todo vapor para aquecer os alunos. Na cozinha, os elfos domésticos não paravam de trabalhar em seus bules e leiteiras para abastecer os banquetes com o melhor chocolate quente que o mundo já provou, já os alunos do sétimo ano, preferiam contrabandear garrafas de cerveja amanteigada em seus salões comunais para suportarem as rigorosas noites de inverno. O Grande Salão já estava decorado com suas grandes árvores de Natal. Sininhos tintilhavam e querubins minúsculos voavam pelo teto enfeitiçado, enquanto flocos de neve caíam vagarosamente e sumiam antes de tocar qualquer pessoa.

Draco não recebeu mais nenhuma carta de sua mãe e sua preocupação com os pais só aumentava. Estava angustiado e com medo. As únicas pessoas que conseguiram fazê-lo sorrir verdadeiramente eram Harry e León, mas o loiro chorava escondido quando estava só.
Sua vida toda foi baseada em tristeza e manipulações, ele sempre sonhara com a liberdade e ser feliz por coisas bobas. Harry era o escape do seu mundo deprimido, era quem conseguia fazê-lo rir por tropeçar, por dizer alguma palavra errada ou por roncar de boca aberta. Draco sentia-se especial quando o moreno lhe fazia algum elogio, lhe beijava a testa ou simplesmente lhe desejava um bom dia ao acordar do seu lado, todas as manhãs.
Aquele dia, Draco estava feliz, acordou com um gostoso cafuné oferecido por Harry, em seus cabelos platinados e sedosos.
— Bom dia, Malfoy. — O moreno disse com um sorriso bonito ao ver o loiro acordado, coçando os olhos e fazendo manha.
— Bom dia, Potter.
— Sabe, eu estava pensando, queria investigar mais sobre essa história de Roneón.
— Sobre o que? — Malfoy riu, sentando-se encostado à cabeceira da cama.
— O Rony e o León. Olha, tem alguma coisa acontecendo entre os dois. Eu quero que ambos sejam felizes, mas estou preocupado com a Mione, não quero que ela se magoe. — Potter sentou-se ao lado do outro apoiando a cabeça em seu ombro.
— Também estou preocupado, acho que deveríamos falar com eles.

— Talvez tenha razão. Vamos tomar café da manhã, quem sabe descobrimos algo. — Harry olhou para cima e Draco cravou o olhar em sua boca. O loiro tinha que admitir que já estava sentindo saudades daqueles lábios. Ele jurara para si mesmo que ainda demoraria para dar o braço a torcer para o Cicatriz. Ainda não se sentia seguro o bastante para entregar seu coração ao menino. Seu coração sonserino já estava machucado demais.
Quando Draco colocou seus olhos azuis acinzentados nos verdes emoldurados pelos óculos de Harry e se sentiu amado por aquele olhar, ele quis abrir mão de pelo menos uma porção de sua insegurança e se deixar levar. Suspirou fundo e depositou um beijo rápido e carinhoso nos lábios do outro. Bem como num estalo, o loiro levantou-se e colocou-se a vestir seu uniforme verde e prata da Sonserina.

— Você me beijou. — O moreno sussurrou com a mão nos lábios.
— Bem observado, Potter. — Draco girou os olhos.
— Você me beijou.
— Sim, beijei.
— Você me beijou. — Repetiu O-Menino-Que-Sobreviveu.
— Ok, isso já está chato. Por que toda essa emoção só por um beijo?
— Dray, cada toque seu é único, deixe-me aproveitá-los.
Draco estava de costas e permitiu-se sorrir como um bobo, o peito acelerado e as bochechas coradas pelas palavras do outro.
— Dray, uh? — Provocou sorrindo. — E pelo amor de Salazar, vê se para com esse papo meloso, você está cada vez menos parecido com um corajoso e astuto grifinório, se não tomar cuidado o Chapéu Seletor vai querer te trocar de casa.

Harry observou o outro discretamente pelo canto do olho, enquanto Draco vestia sua calça cinza lentamente. Prestou atenção na pele branca imaculada, nos pelos loiros tão claros que davam a impressão de ser transparentes, os músculos bem marcados das panturrilhas e as coxas torneadas na medida certa.
A boxer verde contrastava com a pele nevada, marcando a bunda farta e levemente empinada de Draco.
Harry teve uma leve oscilação em sua respiração ao perceber o volume na parte da frente da cueca do loirinho.
Draco podia dizer que os olhares do outro sobre si eram até palpáveis de tão intensos mas ele de forma alguma sentia-se abusado ou desconcertado, muito pelo contrário, o sonserino sentiu-se confortável e amado pois por mais que soubesse que aquele eram olhares carregados de desejo, também sabia que ali não havia malícia mas sim, amor.

Unbreakable Vow • DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora