Harry não se lembrava de ter corrido tanto em sua vida, nem mesmo enquanto enfrentava suas batalhas contra Voldemort. O garoto simplesmente saiu em disparada da sala de advinhação assim que viu a imagem de Draco despencando no ar.
Harry desceu as escadas como um louco, e quis se azarar por ser tão sem sorte, pois foi parado pelo menos dez vezes durante o percurso por seus amigos. Ele conseguiu se livrar deles rápida e educadamente, disparando pelo saguão e pulando os degraus de entrada, caindo de pé e voltando a correr.- Harry! - O menino ouviu Hermione o chamar mas ele apenas gritou um "depois!" e continuou seu caminho pelo pátio.
Seus sapatos batiam com força pela grama verde oliva e bem aparada dos terrenos de Hogwarts e o vento chicoteava seu rosto pálido, fazendo seus cabelos incontroláveis se arrepiarem ainda mais.
Pouco tempo depois o moreno começou a avistar o campo de quadribol a sua frente. O time da Sonserina voava de um lado para o outro em suas Nimbus, fazendo acrobacias ou brincando uns com os outros. O grupo estava concentrado perto das balizas esquerdas.
Harry parou de correr e se apoiou nos joelhos, para recuperar o fôlego, enquanto observava o time, não encontrando nenhuma cabeça loira e muito menos olhos cinzentos. O moreno franziu o cenho quando ouviu um estrondo, olhou para o baú de bolas de quadribol no meio do campo à tempo de ver as correntes que prendiam um dos balaços se soltarem e a bola negra e pesada disparar no ar.
Os olhos verdes acompanharam o balaço errante e se arregalaram ao ver um garoto loiro distraído empenhado em encontrar o pomo de ouro, parado no ar em sua vassoura, bem na "linha de fogo".- MALFOY, CUIDADO! - Harry berrou em plenos pulmões. Draco se assustou e tentou desviar a vassoura mas não conseguiu ser tão rápido. O balaço atingiu seu braço em cheio e o impacto derrubou Malfoy da vassoura.
Harry se desesperou e correu pro meio do campo, tirou a varinha de dentro de suas vestes e gritou com as mãos tremendo:
- ARESTO MOMENTUM!Draco desceu suave e Harry estendeu os braços, conseguindo o pegar no colo antes de o garoto cair no gramado.
O braço direito do loiro estava pendurado em um ângulo estranho ao lado de seu corpo; Com cuidado Harry o colocou em cima da barriga de Malfoy e olhou preocupado para ele.
- P-Potter, está d-doendo. - O Slytherin começou a chorar e Harry sorriu compreensivo, escondendo o rosto fino de Malfoy em seu pescoço, que foi prontamente molhado pelas lágrimas do maior.Zabini correu até os dois e entendeu a situação.
- Agiu rápido Potter, parabéns, temos que levar ele pra enfermaria, está fraturado. - Blaise apertou os lábios numa linha fina.
- A d-dor tá i-insuportável. - O loiro soluçou.
- Calma Malfoy, vai passar. - Harry disse aflito e sentiu seu coração falhar assim que viu os olhos do menino em seus braços girar e seu corpo pesar ao desmaiar. O moreno levantou nervoso e pegou a vassoura de Draco, montando na mesma, segurando o corpo mole do outro junto ao seu, levantando vôo direto ao castelo.
Harry tinha o peito apertado, sabia que Malfoy ficaria bem, mas saber que o outro estava sofrendo era a pior sensação que o menino já sentira. O moreno não conseguia parar de pensar sobre a tal lua estrelada que supostamente entrelaçava suas almas, e ele não sabia o que era pior: se sentir atraído por Malfoy, saber que ele era sua alma gêmea ou ter o garoto ferido em seus braços.
O menino estava confuso, queria poder ter um tempo à sós com Draco para se entenderem e se conhecerem melhor, saber dos gostos, do que detestava, o que o fazia sorrir, o que o deixava pra baixo, enfim, queria poder conhecer o verdadeiro Draco.
Harry entrou de vassoura e tudo pela janela da enfermaria, quase matando Madame Ponfrey do coração.
- Garoto, está maluco? - Ela disse com as mãos na cintura.
- Desculpe senhora, mas Malfoy levou um balaço no braço e caiu da vassoura, acabou desmaiando de dor. - Harry explicou rápido.
- Coloque-o aqui. - Ela apontou para uma cama no fim da enfermaria.
Harry colocou o garoto com cuidado deitado sob os lençóis. Madame Ponfrey analisou o braço do loiro e falou:
- Hum, ele vai ter uma noite difícil, mas amanhã cedo já vai estar bem melhor, juntar ossos é fácil, se ele quiser poderá ficar aqui amanhã, você também poderá ficar. Essa poção dá muita cede, ele vai pedir por água várias vezes.
- Obrigado. - Harry sorriu, a enfermeira abriu a boca de Draco e derramou uma poção alaranjada para dentro da garganta do menino, que fez uma careta estranha mas não acordou.
A madame foi para sua sala com um ar bondoso e Harry olhou para Draco. Ele parecia tão frágil e sensível naquele estado. Suas roupas pesadas de quadribol estavam incomodando Harry, Malfoy poderia estar desconfortável, então o moreno com um pequeno aceno de varinha transformou as roupas do outro em um confortável pijama de flanela verde e branco.
Travou uma luta interna e olhou para os lados antes de levar uma das mãos até os fios cor de mármore, os acariciando e entrelaçando por entre seus dedos. Admirou o garoto e sorriu ao se lembrar da vez que ele próprio quebrou o braço por culpa de um balaço, enfeitiçado por Dobby, quando o loiro tentou salvar sua vida no segundo ano.
- O que você está fazendo aqui Potter? - Pansy Parkinson ralhou atrás do menino de olhos verdes.
Harry tirou as mãos do corpo do garoto adormecido e olhou para a garota irritado.
- O que eu estou fazendo aqui? Eu vou dizer! Diferente de você, estou cuidando do Malfoy, diferente de você fiz algo para ele não se estabacar no chão, e diferente de você estou fazendo algo que não seja pensar em mim mesmo! - Ele mesmo arregalou os olhos em surpresa por ter dito aquilo, nunca é rude com ninguém.
Pansy abriu e fechou a boca algumas vezes, desconcertada, mesmo assim conseguiu achar uma asneira para falar:
- E por que está o ajudando se vocês se odeiam tanto?
- Porque... Por... Oras, porque o Chapéu Seletor nos aconselhou a unir as casas, e costumo ouvir os conselhos dele, chapéu muito sábio, sabe... - Harry mentiu gesticulando com as mãos.
- Brilhante. - Parkinson girou os olhos. - Enfim, como ele está?
- Tomou uma poção, amanhã estará melhor. - Harry respondeu simples.
Os dois continuaram na enfermaria por mais um tempo até que o moreno ficou farto de ouvir as reclamações da garota.
- Olha Parkinson, me desculpe por ter gritado, eu só estava estressado. - Potter olhou para ela e recebeu um balançar de cabeça como resposta.
Ele deixou Draco ainda adormecido na enfermaria e correu para o salão comunal da Grifinória.
- Rabo de lagartixa. - Ele disse sem ânimo e entrou na sala, subiu as escadas e entrou no dormitório fechando os olhos ao ver um Rony furioso à sua espera.
- Ron...
- Senta. - O ruivo disse com cara de poucos amigos e o menino obedeceu. - Eu tive que ouvir a Mione no meu ouvido a tarde toda porque você sumiu, onde raios você estava?
- Eu... - Harry levou as mãos até sua gravata, a tirando e Rony o interrompeu:
- Ahhhhh, antes, vai me explicar o por quê de estar usando a gravata do Malfoy e ele a sua.
Harry suspirou derrotado, não conseguiria esconder sua situação de seu melhor amigo por muito tempo mesmo...
- Olha Ron, o cara que com quem eu estou dormindo é o....
- Não, Merlin, não acredito que estou prestes a ouvir o que eu estou pensando... - O ruivo cobriu a boca com uma mão.
- Sim, eu ando dormindo com o Malfoy! - Harry cuspiu as palavras.
- Ahhhhh! Por Gryffindor Harry, você anda bebendo xixi de duende? Podia até ficar com o Neville que eu não ia achar estranho, mas o Malfoy?
- Não escolhi isso, tá legal? - Harry levantou e limpou o suor da testa. - Há meses que eu estou sonhando com ele, pensando nele, eu não sei, sinto uma conexão forte, uma vontade de estar perto, e pelo que parece ele também. Aconteceu. Mas nós não fizemos nada de mais, só dormimos e conversamos mesmo. Isso é muito novo pra mim, caramba, ele é um homem! Eu tô tão confuso.
- Calma cara, okay? Não é nenhuma tragédia, não vou ser contra a vocês se futuramente acontecer algo, só queria que soubesse que podia ter me contado antes... - Ron sorriu amigável.
- Obrigado. Minha cabeça está uma confusão, ainda mais com essa história da nossa lua estrelada e sei mais lá o que... - Harry andava de um lado a outro por entre as camas.
- Espera aí, vocês tem a lua estrelada? - Rony ficou pálido.
- Sim, estávamos em detenção com a Trewloney e vimos nas folhas de chá.
- Isso é mal, Harry. Se vocês realmente são almas gêmeas, vai se tornar insuportável ficar longe um do outro depois dos dezoito anos e Draco fez dezoito dia cinco de junho. Harry, vocês podem começar a desejar um ao outro a qualquer momento.Aquilo fez a cabeça de Harry girar, ele realmente tinha a alma entrelaçada a de Malfoy e o pior de tudo, ou melhor, aquilo não o incomodava. Surpreendentemente Harry estava contente por realmente ouvir aquilo de outra pessoa sem ser a lunática da professora Sibila e poder saber que não era apenas mais uma das loucuras premonitórias da vidente.
Ron não estendeu muito a conversa, achou que era melhor dar um tempo para o moreno processar tudo.Quando a noite caiu de vez, Harry girava e girava em sua cama e não conseguia pegar no sono, só conseguia pensar em olhos cinzentos. Cansado, pegou sua capa e se cobriu, se dirigindo à enfermaria. Entrou discretamente no lugar que estava vazio, a não ser por cama no fundo do corredor.
Harry sorriu ao ver Malfoy e ele acariciou os cabelos loiros.
- Hum? - Draco resmungou e abriu os olhos levemente.
- Shiii, volte a dormir. - O moreno sussurrou.
- À-Água. - Draco pediu e Harry assentiu. Pegou um copo no criado mudo e encheu de água fresca da jarra. Levantou a cabeça do outro com cuidado, e lhe deu água na boca aos poucos.
- Obrigado Potter... E obrigado por ter me salvo. - Malfoy disse sem jeito.
- Não por isso.
- Deita aqui? Só consigo sonhar com você, é irritante, sério! - O loiro falou indignado e Harry riu, se deitando com cuidado ao lado do menino, o puxando para seu peito e colocando seu braço quebrado, que já tinha voltado ao seu estado normal, em cima de sua barriga.
Imediatamente ambos bocejaram e se aconchegaram melhor um no outro.
- Está doendo? - Harry perguntou.
- Sim, mas não tanto quanto na hora que aconteceu. - Draco respondeu.
- Queria poder fazer a dor passar. - O moreno disse sinceramente.
- Dê um beijinho para sarar, Potter. - Draco riu.
- Quer que eu dê? - O menino de olhos verdes perguntou com uma idéia absurdamente idiota rondando sua mente.
- À vontade. - O loiro riu levantando um pouco o braço machucado.
A única coisa com que ele não contava era que Harry iria abaixar o seu braço delicadamente com uma mão, enquanto puxava seus lábios até os seus com a outra.Finally!
Uhulll
Espero que estejam gostando.
Muito obrigado pelos comentários, vocês são demais.
Bjussss da Kripto até o próximo capítulo X
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Unbreakable Vow • Drarry
FanfictionEssa história também está disponível no meu perfil do SocialSpirit: Kriptomikey Após a batalha entre Harry Potter e Lorde Voldemort, o mundo bruxo vem voltando aos poucos aos seus eixos. Depois derrotar Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado, O'Eleito reto...