A Cerimônia de Abertura do Labirinto

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Depois da Floresta nos arredores da cidade era possível ver os portões do Labirinto, todo fim de mês as crianças que haviam feito treze anos eram levadas pra lá e deveriam chegar ao fim. As portas do outro lado eram abertas quase no mesmo instante e, geralmente, elas chegavam lá cerca de uma semana depois. Nem todos chegavam ao fim e ninguém nunca questionou isso, acatando como uma vontade dos Deuses. Havia uma unica instrução muito clara: atravessar o Labirinto da justiça dos Deuses.

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Uma garota de doze anos e meio, com um cabelo castanho longo, olhos castanhos e a pele queimada de sol me encarava pelo reflexo do espelho, ela fez a mesma careta que eu enquanto tentava desembaraçar o cabelo. Terminei e o prendi num rabo de cavalo. Estava quase atrasada, fiquei de encontrar com Zac atrás da biblioteca antes da cerimônia de abertura do Labirinto desse mês e eu não queria perder. O meu mês estava chegando e eu definitivamente não estava pronta, pelo menos tinha que ter certeza que fiz tudo o que podia para estar.

Enfiei na mochila tudo o que estava esparramado pela escrivaninha e desci correndo tropeçando no pequeno Timothy no ultimo degrau, só tive tempo de murmurar um "desculpa" enquanto continuava correndo para a rua bem a tempo de pegar o ônibus quase saindo do ponto a dois quarterões de casa.

Zac é meu vizinho, somos amigos desde que eu me lembro de existir e uma informação realmente importante sobre ele: ele é a unica pessoa que eu conheço de verdade, o único amigo que entrou e saiu do labirinto, ele tem catorze anos. As coisas ficam mais difíceis quando você simplesmente não se lembra de nada que passou lá dentro, então a gente faz pesquisas e ele tenta me ajudar na minha preparação porque minha vez está chegando. Claro que existe mais gente, meus pais também estiveram lá, mas eles não falam sobre isso. Eu o encontrei me esperando nas mesas de madeira atrás da biblioteca com alguns livros, ele ajustava os óculos ou tirava os fios loiros da frente dos olhos enquanto lia, então viu que eu havia chegado e tirou algumas coisas do banco para me sentar.

_Oi Pan!

_Oi Zac, desculpa o atraso.

_Sabe, eu realmente não acho que isso vai nos ajudar.

_Eu não espero que você se lembre, acho que tem alguma razão para apagarem as memórias. eu queria entender como essas coisas funcionam.

_Escuta Pan, eu estou preocupado com outra coisa. No meu mês entraram vinte crianças, mas saíram só treze, aconteceu alguma coisa lá dentro. Você precisa tomar muito cuidado.

Aquilo me chamou atenção. Eu sabia que nem todos saiam, mas aquilo realmente me chamou atenção. Pra mim esse labirinto tinha realmente um significado que as pessoas não estavam levando a sério, algumas pessoas acreditavam que existia uma organização por trás, uma conspiração que tirava as crianças da população por algum motivo, eu acreditava que a resposta certa era a mais simples.

_Zac, você acredita que foram mesmo os Deuses que criaram esse Labirinto?

_Faz muito tempo, a gente não sabe no que acreditar, não é? A verdade é que ninguém que está aqui hoje viu isso acontecer, pode ser qualquer coisa.

_Você se lembra de algo de quando saiu? Não de dentro do Labirinto, mas quando saiu...

_Hmm. Talvez, talvez tivesse algo na porta de saída, uma inscrição talvez, eu realmente não posso dizer o que.

_Nós temos a instrução de atravessar, alguém recebeu essa instrução pela primeira vez. Você não acha que deve ter alguma regra para seguir?

_Tipo um jogo?

_Não exatamente. Mas se devemos entrar de um lado e sair do outro a resposta certa é sempre a mais simples: entrar de um lado e sair do outro, eu acho que pode ter sido mesmo os Deuses, talvez tenha regras.

O Labirinto dos DeusesOnde histórias criam vida. Descubra agora