Quando você cruza os limites entre os planos do mundo e retorna para a Vida com sua mente redefinida, é essencial que uma âncora da realidade te ajude a discernir o mundo a sua volta. As veze ecos da Verdade permanecem dentro de nós porque nada se apaga realmente de nossas almas embora nossa memória passe a limpo para seguirmos adiante. O que seria mais verdadeiro do que um nome, aquilo que carrega toda uma História?
~~"Ficou maluca menina? Nunca vi alguém parar na porta, eu queria que você se lembrasse de algo para perguntar o que houve, geralmente os últimos atravessam correndo, venha comigo. " Um eco irritante se repetia em minha mente indo de um ouvido a outro e o fundo dos meus olhos ainda estavam impregnados com a imagem do oficial que me tirou da porta do Labirinto em meio ao clarão do lado de fora.
Eu abri os olhos devagar e me vi em um quarto branco com uma decoração discreta, parecia um cômodo de hospital, mas era aconchegante como eu nunca havia visto. Me sentei na cama recostando no amontoado de travesseiros e demorei toda e eternidade que o ponteiro grande do relógio levou do número três até o cinco para entender o que estava acontecendo. Eu não estava no Labirinto, não poderia estar. Enquanto assimilava o lugar meus olhos passaram por um Zac adormecido na poltrona ao meu lado - ele era real? - e senti um aperto no peito. Ele acordou resmungando algo e sorriu quando me viu acordada, levantou e se aproximou.
_Você é real? - Como você é estúpida, Pandora.
Uma sensação muito estranha tomou conta de mim, uma cócega no fundo da minha mente como se alguém estivesse rindo da minha ingenuidade - ou zombando do nosso reencontro e minha inabilidade com as palavras? Todo o quarto saiu e entrou em foco, eu senti o mundo afundar alguns milímetros ou talvez fosse meu próprio mundo que perdera o eixo por um momento procurando a razão daquele sentimento.
_Pan?! Eu.. É claro que eu sou real! Você está bem?
Zac segurou minha mão e as imagens entraram em foco ao mesmo tempo em que voltaram ao eixo, eu olhei para o chão por um momento e senti tudo como devia ser: normal. Estranho. Normal. Ele era real, estava ali ao meu lado, minha âncora da realidade.
_Desculpa. Eu, estou bem, eu acho. É muito estranho encontrar você aqui fora, por favor me fala que estamos do lado de fora! - Aquilo também foi estúpido, rimos.
_Eu poderia dizer que você teve sorte sabia? Você saiu do Labirinto bem quando iam fechar a saída para o início da próxima cerimônia, mas não seria sorte se eu sabia que você ia conseguir.
_Você sabia, não é? - Sim, ele sempre soube. Ele sempre soube de muitas coisas.
Zac não respondeu, mas não precisava.
_O que aconteceu com Timothy? Ele... - sua voz travou e eu soube que queria perguntar se meu irmão estava morto.
_Não, ele está bem. - Isso eu sabia, eu não lembrava mas sabia.
_Por que ele não saiu com você?
_Eu não sei, Zac. Eu só sei que ele está bem.
_Isso é estranho, não?
_Eu sinto que existe um motivo.
_Pan... - e então ele baixou a voz como se ninguém pudesse ouvir - e a porta, você se lembra? Você viu algo? - Seus olhos expressavam a urgência da pergunta e ele sabia que estava me pedindo algo impossível, mas nós trocamos promessas e eu sabia que esse momento chegaria.
_Eu... - eu me esforcei para lembrar da porta e do que havia nela, eu tinha certeza que havia me empenhado nela porque prometi fazer, mas naquele momento uma palavra se formou na minha mente e eu senti que isso era mais importante do que qualquer outra coisa - me lembro de um nome, Miguel.
Se isso tinha algum significado para ele ou se fez ele lembrar de algo eu não cheguei a saber porque apaguei no mesmo instante como se tivesse gasto toda a minha energia com aquela conversa.
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O Labirinto dos Deuses
Adventure*Obra registrada * PLÁGIO É CRIME - LEI Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998. Sinopse: Há muito tempo algo deu errado com a humanidade e os Deuses, descontentes com o rumo que o mundo havia tomado, criaram um Labirinto...