Abra Sua Mente

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Há algo oculto no Labirinto que os Deuses estão tentando lhe dizer, você deve ver com a mente. Você deve separar o que é ou não real com o coração leve como uma pluma, quanto pesa seu coração? Sua mente está preparada para enxergar o que o Labirinto quer te mostrar? A resposta certa é sempre a mais simples. Deixe se guiar pela verdade. Você sabe enxergar a verdade e a pureza entre as paredes, corredores e mistérios do Labirinto? Você sabe decifrar a Verdade entre os mistérios dentro de você?

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Eu me sentia dentro de um paradoxo. Andar com Gabriele era bom, ela era doce e atenciosa, nós dividíamos nossas coisas assim como as tarefas. Mas eu também me sentia como se devesse protegê-la assim como me senti antes em relação a Timothy. As vezes, por alguns segundos pensava que deveria seguir meu caminho sozinha, que atravessar o Labirinto deveria ser algo a se fazer sozinho buscando seu rumo no mundo e, era nessas horas que algo dentro de mim dizia claramente que nós não fomos feitos para sermos sozinhos. Então eu olhava para ela ao meu lado e sorria. O mundo era um lugar difícil, não importa quantos anos você tinha, viver era muito melhor com alguém do seu lado. Achar seu caminho não precisava ser feito sozinho. Eu jurei para mim mesma que protegeria Gabriele, ainda que ela tivesse treze anos como eu e não precisasse disso, ainda que ela soubesse muito bem se defender sozinha e fosse tão inteligente quanto eu ou mais. Eu jurei para mim mesma que não perderia mais ninguém lá dentro. Ela era meu paradoxo, minha amiga, minha companheira.

Nós caminhávamos tranquilamente por um largo corredor de paredes grossas com uma folhagem muito verde recobrindo as paredes e muita luminosidade vinda do céu aberto, era um momento de descontração e eu quase me conformara em deixar que o Labirinto me guiasse pelo tempo até Timothy sem me desesperar tanto quanto antes. Não é como se tivesse perdoado Tim, os Deuses ou o Labirinto, mas talvez - só talvez - o Tempo estivesse tentando me ensinar a lidar com o tempo e talvez ele estivesse conseguindo. A companhia de Gabriele me fizera bem, isso era verdade. Andávamos sem pressa e eu conseguira me acalmar após a primeira noite de sono e uma manhã completa de caminhada, buscávamos um lugar para descansar quando algo nos chamou atenção.

Gabriele parou alguns passos distante de mim com a lança a frente, eu me aproximei e olhei na direção para onde ela fixara o olhar. Havia uma criança encolhida no chão, um menino, menor que Timothy abraçando os joelhos com a cabeça enterrada entre os braços. Primeiro eu esfreguei os olhos, o menino continuava lá. Depois olhei para Gabriele mas ela mantinha os olhos fixos na criança encolhida no chão, então dei alguns passos em direção a ele enquanto ela me acompanhava com o olhar mantendo a lança pronta para me dar cobertura. Ele vestia uma roupa muito suja de terra, barro e tantas outras coisas que eu não saberia identificar, tinha o cabelo loiro e estava com a pele quase tão imunda quanto sua roupa. Até então parecera não notar que havia mais alguém por perto ou estava assustado demais para demonstrar o contrário. Eu estava muito, muito, confusa. Voltei para perto de Gabriele.

_Isso não faz sentido...

_O que você acha que é isso?

_Como assim o que?

_Ué, só pode ser brincadeira. Olha o tamanho dele, é uma criança, é só um menino.

_Meu irmãozinho entrou aqui, outra criança pequena pode ter entrado. Mas... Isso, não pode ter acontecido, não é?

_Não, Pandora. Não pode. Nunca aconteceu.

_Ele deve precisar de ajuda.

_E se, ele não for real? - Gabriele levantou levemente uma sobrancelha.

_Como...? - então eu encontrei a compreensão nos olhos dela - O Labirinto! Você acha que o Labirinto colocou ele lá?

_Talvez. Vamos descobrir - Gabriele começou a andar em direção ao menino me puxando quando passou por mim.

O Labirinto dos DeusesOnde histórias criam vida. Descubra agora