Nada vai te machucar

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(Camila)

Os unicórnios brincavam na terra encantada sob o dia livre de nuvens e um belo arco-íris estampado no céu. Cada um deles cavalgava em direção às borboletas que ali voavam procurando por um jardim para descansar. Aquele lugar era lindo, o cheiro de natureza me deixava lúcida e com um sorriso totalmente retardado no rosto. As copas das árvores esvoaçavam conforme o vento as abraçava, a grama verde era macia e Dinah brilhava intensamente...

Espere! O que?

Olhei novamente para o céu e lá estava o rosto de Dinah em forma de sol, sorrindo com uma malicia implícita. Abri e fechei a boca me perguntando como ela havia se transformado em sol, mas meus devaneios foram cortados por uma árvore ambulante que corria em minha direção com galhos secos apontados para mim e, no centro da árvore, identifiquei o rosto de Gina me fuzilando como se quisesse arrancar a minha cabeça.

Comecei a correr em desespero pelo campo através dos unicórnios que mal se moviam, a árvore ainda me perseguia e Dinah continuava sorrindo...

— Socorro! — gritei ao me sentar na cama, com o suor escorrendo pelo meu rosto e a respiração alterada.

Olhei em volta me certificando de que estava de volta ao dormitório. Acabei por receber uma travesseirada no rosto que me fez ficar mais tonta do que já estava.

— A menos que não esteja respirando, sendo levada por dementadores ou morrendo por causas naturais, espero que não volte a me acordar. — resmungou Dinah, que estava de bruços em sua cama com os olhos fechados.

Levei a mão direita ao meu rosto enxugando o suor, e em menos de segundos, Dinah estava roncando outra vez com a boca aberta. O sonho estava ótimo demais para ser verdade. Bufei jogando meu corpo contra a cama, apreciando o silêncio do quarto escuro, iluminado apenas pela luz do luar através da janela. Puxei o cobertor contra meu peito e peguei-me encarando o teto por um bom tempo, esperando que o sono viesse outra vez, mas parecia em vão a minha espera. Virei de um lado para o outro totalmente inquieta, bufei outra vez, joguei o cobertor longe, respirei fundo e recebi outra travesseirada no rosto.

— Dorme, trasgo! — exclamou Gina, virando na cama e deitando de bruços com outro travesseiro na cabeça.

Ok, sono, você provou alguma coisa aqui, agora pode voltar a ser meu a noite toda.

Pisquei algumas vezes contemplando a noite lá fora pelo vidro da janela na outra extremidade do quarto. Meus olhos ainda estavam pesados, mas tenho certeza que consegui avistar alguma coisa brilhar no meio dos flocos de neve que batiam no vidro, era algo brilhante que ficava mais forte a cada segundo. Cocei os olhos dando-me certeza de que não estava sonhando e sentei na cama prestando atenção naquela coisa que aos poucos provou que não estava ficando mais forte e sim mais próxima. Pensei em chamar Dinah ou Gina, mas estava curiosa demais sobre o que era aquilo que mal pude me mover na cama, a não ser ficar lá, esperando o que quer que fosse aquela luz.

A bolinha atravessou a janela flutuando e eu notei que era amarelada e pequena, do tamanho de um pomo de ouro. Ela parou bem em frente ao meu rosto e eu fiquei paralisada analisando-a pelos próximos minutos, sentindo uma sensação nova crescer dentro de mim, uma vontade de insana de estar em outro lugar. Então a bolinha começou a se mover lentamente em direção à porta do dormitório e, sem hesitar, levantei da cama colocando um roupão vinho com o símbolo de Hogwarts por cima do pijama e pegando meu cobertor para enfim segui-la. Não sabia o que estava fazendo, só sabia de alguma forma que precisava seguir a bolinha de luz que invadiu o dormitório.

Era como se eu estivesse hipnotizada.

Desci as escadas sem me preocupar se encontraria monitores vagando pelos corredores da escola. Continuei caminhando enfeitiçada pela bolinha amarela que me guiava através de algumas passagens por detrás de quadros mais antigos.

Another side of warOnde histórias criam vida. Descubra agora