Oclumência

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Fawkes analisava em silêncio uma Lauren ofegante e suada sentada na poltrona da cabine do diretor. A madrugada fria em Hogwarts era palco do drama psicológico que invadia a mente da jovem sonserina fazendo-a delirar nos braços de sua amada grifinória após terem se amado durante a noite. Fawkes sentia por Lauren. Fawkes conhecia mais histórias naquela cabine que um animal de estimação estava acostumado a ouvir, e talvez por isso sentisse tanto por uma garota cujo destino seja marcado a sangue. Se suas lágrimas de poder curativo pudessem ajudar, a fênix não hesitaria em as derramar sobre o coração de Lauren, curando todas as feridas que a machucavam.

O problema é que certas feridas são incuráveis.

Fawkes sabia disso.

Dumbledore sabia disso.

Lauren estava começando a saber também.

As quatro pessoas na sala permaneciam em silêncio. Snape tinha os braços atrás do corpo, uma linha dividia seus lábios crispados enquanto os olhos negros mantinham-se focados, sem nunca deixar Lauren. Enquanto isso, Dumbledore retirava uma fina linha de seus pensamentos e a depositava na penseira com o propósito de nunca esquecer o que estava prestes a acontecer. Dumbledore, mais do que ninguém, tinha ideia que a guerra bruxa que decidiria tudo começava ali.

Com Lauren.

Camila era a quarta pessoa, sempre inquieta com as feições pálidas de Lauren. Os olhos verdes desfocados, perdidos na chaleira mágica próxima à coleção particular de bezoares do diretor denunciavam, pela primeira vez, muito medo. Elas estavam sentadas lado a lado, Lauren com as mãos entre as pernas, encolhida como um animal assustado, e Camila com uma mão em suas costas enquanto a outra enxugava o suor da sonserina.

— A que devo essa visita noturna? — Snape cortou o silêncio, atraindo a atenção de três cabeças para si. Estava em pé cerca de 15 minutos sem entender o porquê de ter sido chamado no meio da madrugada até a sala de Dumbledore. — Presumo que a Srta. Jauregui tenha aprontado outra vez.

Dumbledore acenou para Camila lhe dando permissão para que contasse toda a história. A pequena suspirou cansada, estava com sono e preocupada com seu amor, não queria repetir a história outra vez.

— Lauren e eu estávamos...dormindo juntas. — Teve certeza que corou. Lauren virou o rosto lentamente em sua direção, atenta unicamente à voz de sua Yang. — Eu acordei com gritos e o corpo agitado de Lauren se debatendo, ela estava delirando sobre deixá-la em paz. Quando perguntei a respeito, ela despertou chorando em desespero e eu a trouxe até Dumbledore.

O corpo pálido estremeceu com as palavras da garota, e Camila não deixou de abraçá-la confortando-a de todo o mal que ela sentia. Snape estreitou os olhos e os desviou para Dumbledore que assentiu.

— Segundo a Srta. Cabello, Lauren perdeu a cabeça antes desse fato.

Camila confirmou, corando.

— Lauren disse que imagens apareceram. Eram como memórias, e em todas elas havia uma mulher sem rosto. — contou a pequena, desviando seus olhos novamente para Lauren. — Lauren acha que é a mãe dela.

Os braços de Snape caíram ao lado do corpo e sua expressão vacilou. Dumbledore cerrou os olhos para Camila e puxou uma cadeira para sentar-se de frente para Lauren. A morena não respondeu ao movimento do diretor, permaneceu em silêncio com os olhos caídos para o chão.

— Lauren? — chamou o diretor com cuidado.

— Ele sempre me chama. — Lauren se manifestou. Sua voz saiu mais rouca que o normal, mas ela foi capaz de finalmente olhar nos olhos de Dumbledore. — Não importa o que eu faça ou onde esteja, Voldemort sempre me chama.

Another side of warOnde histórias criam vida. Descubra agora