Rebeldes

17.9K 1.2K 2.1K
                                    

— Como foi que ele morreu? — sussurrou Tonks. — Como foi que aconteceu?

Dinah se encolheu com a pergunta, tinha presenciado a pior cena de sua vida há poucos minutos atrás. A morte de Dumbledore, de cima da Torre de Astronomia, jogado como um boneco de papel sem importância. E por Snape. O professor que Dumbledore mais confiou em toda a sua vida, o lobo na pele de cordeiro.

Agora, reunidos na enfermaria em volta da cama de Harry, tudo não parecia fazer sentido.

— Snape o matou. — respondeu Harry. – Eu estava lá e vi. Voltamos direto para a Torre de Astronomia porque vimos a Marca Negra lá...Dumbledore estava mal, fraco, mas acho que percebeu que era uma armadilha quando ouviu passos rápidos subindo a escada. Ele me imobilizou, não pude fazer nada, estava coberto pela Capa da Invisibilidade...então, Malfoy entrou e desarmou Dumbledore...

Hermione levou as mãos à boca, e Rony gemeu. A boca de Dinah tremeu.

— ... Chegaram mais Comensais da Morte...depois Snape...e Snape o matou. A Avada Kedavra. — Harry não conseguiu prosseguir.

Madame Pomfrey caiu no choro. Ninguém lhe deu atenção a não ser Gina, que sussurrou:

— Psiu! Escute!

Engolindo em seco, Madame Pomfrey apertou a boca com os dedos, olhos arregalados. Em algum lugar lá fora, na escuridão, uma Fênix cantava de um jeito que Dinah jamais ouvira: um lamento comovido de terrível beleza. E ela sentiu, como antes sentira ao ouvir o canto da fênix, que a música vinha de dentro e não de fora dele: era o seu próprio pesar que se transformava magicamente em canto, ecoava pelos jardins e entrava pelas janelas do castelo.

Quanto tempo ficaram ali escutando, ela não sabia, nem por que o som do próprio luto parecia aliviar um pouco sua dor, mas pareceu ter decorrido um longo tempo até a porta do hospital se abrir e a professora McGonagall entrar. Como os demais, ela apresentava marcas da batalha recente: tinha arranhões no rosto e as vestes rasgadas.

— Molly e Arthur estão a caminho. – anunciou ela, e o encanto da música se quebrou: todos despertaram como se saíssem de um transe. – Harry, que aconteceu? Segundo Hagrid, você estava com o professor Dumbledore quando ele...quando aconteceu. Ele diz que o professor Snape esteve envolvido em alguma...

— Snape matou Dumbledore. — respondeu Harry.

Ela o encarou por um momento, então seu corpo balançou de modo alarmante; Madame Pomfrey, que parecia ter se controlado, acorreu depressa, e, do nada, conjurou uma cadeira que empurrou para baixo de McGonagall.

— Snape! – repetiu McGonagall com um fio de voz, desabando na cadeira. – Todos nos perguntávamos...mas ele confiava...sempre...Snape...não consigo acreditar...

— Snape era um Oclumente excepcionalmente talentoso – comentou Lupin, sua voz anormalmente áspera. – Sempre soubemos disso.

— Mas Dumbledore jurou que ele estava do nosso lado! – sussurrou Tonks. – Sempre pensei que Dumbledore soubesse alguma coisa de Snape que ignorávamos...

— Ele sempre insinuou que tinha uma razão inabalável para confiar em Snape – murmurou a professora McGonagall, agora secando as lágrimas nos cantos dos olhos com um lenço debruado em tecido escocês. – Quero dizer...com o passado de Snape...é claro que as pessoas duvidavam...mas Dumbledore me confirmou, de modo explícito, que o arrependimento de Snape era absolutamente sincero...não queria ouvir uma palavra contra ele.

– Eu adoraria saber o que Snape disse para convencê-lo – comentou Tonks.

— Eu sei. – disse Harry, e todos se viraram, encarando-o. – Snape passou a Voldemort a informação que fez Voldemort caçar meus pais. Então, Snape disse a Dumbledore que não tinha consciência do que estava fazendo, que lamentava realmente o que tinha feito, lamentava que eles tivessem morrido.

Another side of warOnde histórias criam vida. Descubra agora