A noite era escura demais para a cidade de Londres. Talvez fossem os maus tempos chegando, talvez fosse a maldição que rodeava aquela cidade como uma serpente abraça sua vítima. A questão é que nem mesmo as luzes dos postes, os faróis dos carros, a iluminação dos comércios e a esperança no coração dos londrinos poderia clarear as vielas que escondiam mais do que a cidade poderia imaginar. O pequeno pub era ambientado naquela madrugada por homens e mulheres miseráveis que ouviam uma mulher loira com maquiagem forte demais cantar uma versão melancólica de uma música dos Bee Gees. Seu nome era Luna. Uma mulher bonita cujo passado desgraçado fora marcado pela morte do marido que a traiu com a melhor amiga e acabou com uma faca no peito morrendo de olhos abertos, sem nunca abandonar o rosto pálido da mulher que lhe jurou amor eterno e que agora o observava morrer às minguas afogado no próprio sangue.
Ao fundo, sentado no balcão com um copo de whisky em mãos, estava Deuri Chenter, um dos Comensais que frequentavam o mundo trouxa como espião. Seu bafo exalava álcool e as mãos tremiam no caminho que fazia com o copo até sua boca devido seu estado alcoólico, mas seus olhos nunca abandonavam Luna.
— Boa noite, Deuri. — ouviu uma voz ao seu lado e virou-se curioso sobre a figura ao seu lado. — Aproveitando a noite à procura de viúvas carentes?
Mesmo o pub estando praticamente escuro e a capa com capuz que a figura usava, Deuri sentiu-se tremer pelo fogo que havia naquele olhar. Cinco meses sendo caçado por aquela pessoa, sua sorte não poderia ser tão filha da puta de ser encontrado justo quando estava em terreno trouxa e completamente bêbado.
O homem nada respondeu, apenas sustentou o lugar da figura à sua frente antes de reunir toda a coragem inexistente naquele momento e colocar-se de pé violentamente derrubando o banco em que estava sentado.
Talvez...talvez se ele pudesse correr o suficiente para despistá-la e conseguisse desaparatar assim que saísse do pub, mas então porque tudo estava girando e sua mente não conseguia formalizar um lugar concreto para o aparate?
Sem ideias naquele momento, Deuri abriu a porta do pub correndo em desespero pela rua mal movimentada daquele bairro, era seu lugar preferido em dias de folga, e agora também poderia ser seu lugar de morte. O homem de barba longa olhou para trás enquanto corria na tentativa de encontrar sua caçadora, mas não havia nada o perseguindo, o que só o deixava ainda mais frustrado. Ela era perigosa. Três de seus amigos foram eliminados impiedosamente e agora, pelo jeito, ele era o próximo da lista.
Deuri fungava devido à falta de ar, ele corria o máximo que suas pernas permitiam sem evitar trombar em lixeiras, caixas e pessoas que atravessassem a sua frente. Ele ainda tinha muito o que viver, não poderia simplesmente morrer nas mãos de uma mulher duas vezes menor que ele.
Mas correr era sua prioridade agora e com intuito de esconder-se, adentrou uma viela suja onde a maioria dos moradores de rua se abrigavam. Estava vazia, no entanto; aquela poderia ser a hora em que todos saíam a procura de seus mantimentos em lixeiras, mas isso não ajudou em nada a calma de Deuri. Ele estava desesperado, precisava chegar até os outros antes que fosse tarde demais ou...
Uma sombra emergiu a sua frente fazendo-o frear sua corrida. Uma nuvem branca voou de um lado para o outro antes de materializar uma mulher bem a sua frente. Dessa vez, ela não usava o capuz revelando seus cabelos castanhos, assim como seus olhos quentes.
— Cabello! — exclamou Deuri com a voz trêmula.
Camila o agarrou pelo colarinho erguendo o joelho esquerdo em três chutes no estômago do Comensal fazendo-o cuspir sangue antes de jogá-lo contra a parede. A grifana tentou um soco, mas foi barrada recebendo o corpo do homem contra o seu, então não hesitou em desaparatar e aparatar um pouco mais longe o deixando abraçar o vácuo e cair no chão.
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Another side of war
FanfictionUm novo ano em Hogwarts se inicia, e com ele a batalha se aproxima. Será possível encontrar amor entre a guerra?