Azkaban

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(Narrador)

(Aerials - System Of A Down)

Quando finalmente foi permitida abrir os olhos e respirar ar fresco depois de aparatar com os dois aurores, Lauren engasgou com a saliva sentindo o clima úmido e o odor salgado do lugar em que estava. Era, de fato, a fortaleza de Azkaban cercada pelas águas congelantes do mar do Norte. O terreno em que tinham aterrissado era barro, mal cheiroso e totalmente infeliz. Só de se estar naquele lugar podia-se sentir a felicidade — o que Lauren pouco possuía –, abandoná-la. Milhares de Dementadores rodeavam a fortaleza cuidando para que seus prisioneiros não fugissem. Suas roupas foram trocadas por uma camisa branca folgada, sua calça skinny e coturnos desamarrados pela pressa em levarem a prisioneira.

— Anda! — um dos aurores, o magricela, a empurrou para que a morena continuasse andando em direção à grande entrada de metal da fortaleza.

Ela obedeceu sentindo seus pulsos queimarem pelas algemas apertadas; o sentimento de rendição apoderando-se cada vez mais de sua razão.

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Camila batucava impacientemente a mesa de madeira da biblioteca, a garota havia passado a madrugada toda sem pregar os olhos pesquisando incansavelmente sobre a prisão de Azkaban; ela precisava recolher toda a informação possível se quisesse tirar Lauren de lá antes do beijo do Dementador. O sol estava nascendo, sua aparência era a de quem precisava de uma boa noite de sono se não quisesse desmaiar a qualquer momento. Seus cabelos estavam desgrenhados, a camisa do uniforme com os dois primeiros botões abertos, a gravata sem o nó e a saia amarrotada. Seus amigos tentaram inutilmente tirá-la de lá, mas Dumbledore pediu gentilmente que a deixassem sozinha para refletir, permitindo que Camila quebrasse, por uma noite, o toque de recolher.

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Lauren foi empurrada com violência para a escada acima, os degraus eram intermináveis e as algemas em seus punhos queimavam como nunca. A fortaleza de Azkaban parecia não ter fim, a morena havia perdido a conta de quantos andares haviam subido, suas pernas já mal sustentavam seu peso pelo cansaço e a coxa fraturada. Os dois aurores atrás de si nada diziam, eram mais robôs trouxas programados para guiá-la seja lá para onde.

Quando finalmente chegaram a uma sala, que mais se parecia uma caverna úmida, Lauren deu-se conta de que estavam no último andar da fortaleza, era como uma sala de tortura. Em uma das paredes havia chicotes de todos os tamanhos, no canto esquerdo da sala pedaços de roupa que mais pareciam ter sido rasgados à força, sem contar a enorme grade na frente da sala que provavelmente servia para o beijo do Dementador.

O auror magrelo chutou a perna da morena por trás obrigando-a a ficar de joelhos. Era assim que tratavam comensais da morte capturados, com nojo, com ódio e sem piedade. Lauren lançou um olhar cético para os aurores que estavam a sua frente, vendo-a de joelhos no chão, onde era o lugar de pessoas como ela.

— Você confessa ter usado a maldição Imperius no dragão? — o Auror alto perguntou, sem formalidades em seu tom de voz.

— Sim. — Lauren respondeu sem rodeios, os olhos presos na parede atrás dos dois homens.

Ela não precisava esconder o que era verdade, todos sabiam que não havia essa coisa de hipnose que fizesse um dragão responder aos seus comandos. Seria uma tola se tentasse enganar o Ministério da Magia.

— Você confessa ser aliada de Lord Voldemort?

Lauren trancou o maxilar levantando os olhos para o Auror alto que a analisava de forma avaliativa. Ela poderia acabar com os dois idiotas em um piscar de olhos, destruir aquelas paredes, e desaparecer sem deixar rastros. Mas ela estava aceitando carregar o peso de ter se tornado uma das coisas mais desprezíveis do mundo, e mesmo assim, as pessoas se recusavam a enxergar a dor em seus olhos, a dor de não ter escolhido aquilo.

Another side of warOnde histórias criam vida. Descubra agora