#16 - Uma aliança de amor.

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Narrado por Danilo

No sarau, em torno da fogueira o Amor estava no ar. Wander pegou em minha mão e falou pra mim "Você me faz feliz Danilo. Eu nunca mais quero viver sem isso". Ele me abraçou e sorriu. Eu estava nas nuvens e repousei meu rosto em seu ombro. Ficamos dançando lentamente e a moçada na farra. Confesso, estava infinitamente feliz. Mas o que não sabíamos era que estávamos sendo observados, inclusive nossa chegada e nossa transa no mato. A pessoa olhava com cara de ódio e jurou "Você vai ver Wanderley. Você não vai ficar com Ele. Eu irei acabar com tua vida, e aí o Danilo será só meu" .

Sabe quando a felicidade bate na porta da gente e a deixamos entrar? Eu estava assim, completamente feliz. Wanderley era simplesmente perfeito pra mim, até mesmo em suas imperfeições, pois eu sabia que ele era marrento, ciumento e até fútil em determinados momentos. Essa diferença me fazia sentir uma atração tão grande por ele que eu sentia que não iria adiantar eu querer resistir.

Ele era todo carinhoso comigo e a maior prova de que ele realmente me amava era que ele tinha assumido pra todo mundo o amor que sentia por mim. Se eu tivesse alguma dúvida de seu amor ela acabaria ali, pois eu sei que a coisa que ele mais temia no mundo era ser descoberto em sua sexualidade. No entanto agora ele fazia isso com segurança, ousadia e coragem. Ele interrompeu o meu samba e me puxou novamente pro lado dele "Vem cá Tanja, eu preciso te dizer algo".

Eu fui logo sorrindo, pois sabia que alguma coisa boa viria. Ele tirou do bolso os dois cordões que ele tinha me mostrado no dia que ele me sequestrou e disse "Você me pediu em namoro e eu aceitei. Agora é minha vez: Danilo, meu Tangerina Marrentinho, aceita firmar um compromisso comigo? Esses cordões iguais serão nossa aliança de namoro: W e D".

Poxa, foi impossível não me emocionar, pois ele tinha feito tudo pra ficar comigo. Eu respondi "Aceito sim, Deco Wandeco. Aceito namorar contigo e prometo do fundo do coração parar com a galinhagem. A partir de agora você será meu único homem. O dono do meu coração". E nos beijamos novamente, com muito carinho. Nessa altura do campeonato ninguém nem mais ligava pra gente, já passamos a ser um casal bem normal.

Enquanto estávamos namorando Leonel puxou Nicole pro canto e falou "Vem aqui que eu quero te mostrar algo" e ela falou "Poxa Léo, não dá. Você é muito novinho pra mim". Ele nem ligou, pegou suas mãos e caminhou com ela. Ele tirou um lenço perfumado com um poema de Cora Coralina e ele recitou pra ela:

POEMINHA AMOROSO

Este é um poema de amor

tão meigo, tão terno, tão teu...

É uma oferenda aos teus momentos

de luta e de brisa e de céu...

E eu,

quero te servir a poesia

numa concha azul do mar

ou numa cesta de flores do campo.

Talvez tu possas entender o meu amor.

Mas se isso não acontecer,

não importa.

Já está declarado e estampado

nas linhas e entrelinhas

deste pequeno poema,

o verso;

o tão famoso e inesperado verso que

te deixará pasmo, surpreso, perplexo...

Namorado de aluguel. (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora