5 - Proposta indecorosa.

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Mais uma vez preciso desabafar. Hoje é aniversário do meu pai. Hoje, dia 01 de março de 2013, ele faria 52 anos se estivesse vivo. Morreu muito jovem, aos 48 anos e não há um dia em minha vida que eu não lembre dele, de seu carinho, de suas palavras, de seu respeito por mim. Meu coroa era uma alma amiga e inseparável. Sempre dizia que me amava incondicionalmente e quando ele morreu naquele acidente de carro meu chão se abriu. Entrei em depressão e minha situação só não foi pior por que Olavo me deu carinho e total apoio. O amor do meu pai era a grande motivação da minha vida, mas ele se foi rapidamente, sem chances de 'Adeus'.

Eu não poderia deixar de relacionar a lembrança do meu Pai com outra motivação da minha vida , meu encontro com Marlon. Há 4 anos atrás - eu tinha apenas 18 anos.

Era um dia sombrio e eu tinha acabado de sair da Igreja de São Sebastião aquela tarde. Meu pai tinha falecido fazia um mês e saí da missa, sem chorar, sem me despedir de ninguém, fui para a praça em frente a Igreja e fiquei sentado num banco, lembrando do meu velho, que brincou muito comigo ali, até que eu ouvi uma voz bem distante.

"Oi! Está tudo bem contigo? Você parece tão triste!"

Eu respondi com um sorriso muito triste "É que hoje faz um mês que eu perdi meu pai. Eu ainda não consigo acreditar que ele morreu. Ele era tudo pra mim". Falei com o rapaz estranho e meus olhos estavam cheios de lágrimas.

"Poxa eu sinto muito. Desculpa ter perguntado isso". Ele parecia bem sincero.

"Não! Tudo bem! E obrigado por tua solidariedade".

"Meu nome é Marlon. Eu sei que isso não serve de consolo, mas, eu também não tenho pai, nem mãe, fui criado por uma tia, que já está bem idosa. Eu sou de Roraima, vim pra Manaus pra tentar a sorte".

Fomo então dialogando. "Oi, meu nome é Danilo Eduardo. É claro que me ajuda sim. Eu preciso entender que minha dor não é a única no mundo. Isso pode me ajudar a seguir adiante".

"Olha Danilo, desculpe minha a ousadia, mas você é tão lindo. Tem uma vida toda pela frente e acho que seu pai queria te ver bem e não que você ficasse sofrendo por ele".

"Eu sei Mário. Mas é que eu não consigo evitar essa sensação de abandono. Meu Deus, eu estou sendo um chato contigo, desculpe". Falei tentando causar uma boa impressão.

"Bem, primeiro lugar meu nome não é Mário, é Marlon. Segundo, você nunca será chato, você é lindo. Terceiro, quer ir lá pra minha casa? Lá a gente pode conversar melhor".

Eu aceitei e fomos a pé. Ele morava perto dali, andamos cerca de quinze minutos. Fomos conversando e nos conhecendo e então eu pude finalmente notar que Marlon era o rapaz mais lindo e doce que eu tinha conhecido em minha vida. Era Loiro, olhos verdes, 1,88, 90 kl, forte, pele bronzeada. Cabelos ondulados e sedosos, seu estilo era parecido com o ator André Segatti, só que à época, bem mais jovem.

Ele me contou que tinha concluído o ensino médio, tinha 22 anos, estudava inglês, trabalhava e era vendedor em uma sapataria no centro da cidade. Era um rapaz pobre e batalhador, que veio tentar a sorte, mas já havia percebido que não havia espaço pra ele crescer. Ele tinha um sonho de ser modelo, e acreditem, ele tinha beleza e charme pra isso.

Ele não morava em um apartamento e sim num quartinho numa vila de casas, só um cômodo, tudo em miniatura: cama de solteiro, ventilador pequeno, não tinha ar-condicionado, o fogão era de duas bocas, um guarda roupa duas portas, uma TV antiga e a geladeira bem surrada. Não sei por que, mas fiquei simplesmente fascinado com isso. Era tudo bem simples, mas incrivelmente bem arrumado e limpo. Ele me mostrou as revistas de moda que ele colecionava. Tinham muitas e descobri também que ele estava fazendo um curso de modelo duas vezes por semana à noite. Foram horas agradáveis e quando dei por mim já estava perto das 22 horas.

Namorado de aluguel. (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora