Eu com certeza me diferenciava das demais gaúchas, pela pela levemente bronzeada, o cabelo e olhos escuros, e pelas asas também , talvez. Sou mais um anjo da guarda espalhada no mundo. Nosso dever é proteger e guardar uma pessoa em especial. Entre aspas não éramos nem mesmo para estar aqui em baixo; na Terra, mas Deus a muito tempo achou melhor assim, afinal, como poderíamos cuidar de humanos sem entendê-los e vê-los de perto?
Então aqui estou eu, Gabriela Dutra, anjo da guarda esperando pelo dia em que minha visão será dada e vou finalmente conhecer meu guardião e meu protegido. Eu nunca fui muito boa para esportes, odiava as ciências exatas (matemática, física e tudo que há de ruim e envolve números), mas amava as humanas (história, geografia, ciências, etc), se eu não fosse anjo, seria professora. Mas essa ideia nunca me ocorreu de fato, eu fiz planos por toda a vida, planos de ser o melhor anjo da guarda que eu podia ser, meu protegido ficaria orgulhoso de mim.
- Parabéns pra você, nessa data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida - Rômulo passou pelo arco da porta cantarolando a mais famosa música festiva do mundo, e segurando um bolo, aparentemente, de chocolate nas mãos.
- Bom dia - eu disse me sentando na cama com um sorriso. Mesmo tendo acabado de despertar, notei um pequeno raio de sol que entrava na janela do quarto, era uma diagonal solar perfeita, que com certeza não fazia parceria com meus cabelos castanhos claros bagunçados, meus olhos negros e médios. Como de costume pelas manha, estiquei todo o corpo numa falha tentativa de me ver livre do sono que me consumia, ao realizar tal movimento minhas asas grandes e negras se libertaram e ficaram expostas a ofuscante luz do sol, fazendo com que o abajur do criado mudo viesse ao chão e se repartir-se em pedaços pequenos e pontiagudos.
- depois eu conserto isso. Como você está? Provavelmente com sono, afinal, eu te acordei né. Volte a dormir, não é todo dia que se faz 17 anos. - Rômulo diz e sorri um sorriso amigável, suas sombrancelhas grossas e negras estavam arqueadas. Mesmo com seus muitos metros de altura, suas mãos grandes, e seus traços faciais tão marcantes que o faziam ter "cara de mal", ele era uma ótima pessoa, de bom coração, eu sentia isso.
- e perder aula? Não, eu vou pra escola hoje - disse me levantando e indo para o guarda roupa pegar um traje qualquer.
- Na sua idade eu faria qualquer coisa pra dormir mais cinco minutos, enfim, você é quem sabe. Bom dia Gabriela - ele disse e me deu passagem pelo arco da porta do quarto.
Tomei um banho rápido, peguei no guarda roupa a primeira regata que me aparece. Antes de sair de casa; uma olhada no espelho, me deparei com meu rosto fino e meus lábios médios e pálidos. Prendo os meus longos cabelos em um coque alto. Gostei do que vi.
***
Eu queria tanto poder ter visto os primórdios na terra. Poder ver Deus criando tudo isso. Poder ver ele fazendo Adão e Eva. Queria até mesmo ver os seus primeiros pecados. Os humanos são tão.... Humanos. Tão reais, cheios de defeitos e qualidades.
O sinal tocou estridente causando tremores nos meus ouvidos. Hora do intervalo. Andei vasculhando os corredores em busca de Isabela, uma amiga de longa data. Estava lendo sobre qualquer notícia alheia no celular quando no mesmo tempo de um tique taque do coração, senti uma bandeja bater com força no meu estômago e depois o barulho dela caindo no chão. Quando dei por mim estava em cima de uma menina de óculos, eu devo ter ficado tão distraída que nem a vi. Ela derrubou alguns livros no chão, pude ler o nome de dois deles: "Gatos guerreiros", e "Capitalismo para iniciantes". Seus grandes e verdes olhos ficaram arregalados quando seu rosto entrou e virou foco do meu campo de visão.
deixe-me ajudá-la - ofereci, lhe dando como apoio minhas mãos pequenas e frágeis, ela se levantou e eu peguei alguns de seus livros que, com a queda, se perderam no chão. Ao lhe entregar o livro, vi na contra capa uma etiqueta escrita de caneta azul: " pertence a Sara Ciqueira"
- Sara Ciqueira - disse com os olhos focados na contra capa daquele livro, e depois contemplei seu rosto e as suas bochechas coradas de rosa - bonito nome.
- O-obrigada - ela agradeceu com a voz trêmula e vacilante. Sara dava denúncias de ser uma garota tímida, sem muitos amigos, ou uma vida social significativamente ativa.
- Me chamo Gabriela, prazer. Desculpe-me por esbarrar em você. Até outra hora - me despedi e fui de encontro a Isabela que provavelmente já me aguardava impaciente.
Voltei para casa e esperei Rômulo retornar do trabalho, ele é policial militar. Acho uma profissão muito nobre ser policial, não podia querer cuidador melhor do que ele. Ele também é tão real, tão humano. Peca no mesmo ritmo que alguém toma banho. E ainda sim, foi escolhido para cuidador. Ele deve ser especial.
Rômulo chegou e de imediato peguei minha bolsa alaranjada que estava ao meu lado no sofá e me levantei, entrei em seu carro e tomamos rumo para a pizzaria mais próxima, pois os dois habitantes dessa casa são péssimos cozinheiros.
- - Rômulo, você sabe qual foi o humano que criou os hambúrgueres ? - disse depois de dar uma mordida no meu.
- Eu sou policial, não google. - ele disse e depois deu um gole na sua cerveja.
- E quem foi que criou o google ? - perguntei abrindo a geladeira a procura de um suco no meio desse emaranhado de bebidas alcoólicas.
- Gabriela você precisa dormir mais sabia ?
- está muito cedo para dormir.
- Então vá descansar.
- ótima ideia, é exatamente isso que vou fazer. Boa noite Rômulo.. - disse e me aproximei para lhe deixar um beijo no rosto.
Depois de algum tempo, é claro eu dormi sem nem perceber, isso é típico, por uma estranha razão faço isso quase que toda noite.
"Você é o meu guardião. Por favor entenda o que eu digo. — eu dizia a um menino particularmente pálido, com um semblante familiar, via um brilho de tristeza em seus olhos.— Eu sou um anjo um anjo da guarda. Por favor não vá."
"Me solte Klaus, me solte agora. Seja lá o que for que você queira de mim não vai conseguir."
A í, M E U, G L O B ! Meu sonho do guardião, é claro, eu já devia estar esperando por isso, fiz dezessete ontem ! E a hora de contar para ele. Mas calma, no sonho também havia algo desconhecido, quem é Klaus, o que ele quer de mim ? Calma Gabriela uma coisa de cada vez.
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Oi gente, esperam que tenham gostado do capítulo. Eu provavelmente ainda vou fazer algumas reformas nele. Um dia quem sabe ele fica perfeito.
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<De Terra para Marte. Câmbio desliga>
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Entre Anjos & Guardiões
FantasiGabriela sempre acreditou na humanidade e na bondade, ela tinha fé, mas durante aquela jornada a sua fé foi roubada aos poucos. Matheus sempre foi cético, acreditava no prático e no comprovado, ele não tinha fé, mas durante aquela jornada ele...