A essa altura minhas mãos estavam cobertas de sangue, assim como minhas roupas. O labrador esfaqueado estava deitado do jeito que dava, no meu colo. A camisa rasgada do Matheus - que parti com as próprias mãos, graças a santa adrenalina - estavam servindo para amenizar que o sangue fosse espalhado para fora das feridas. O carro balançava devido a velocidade, e o pobre cão uivava de dor. O endereço da veterinária mais próxima já estava no GPS, e com sorte teria um PS. Com a janela do jipe aberta o vento entrava e debilitava minha visão, jogando os fios de cabelos lisos castanhos da minha cabeça em cima dos meus olhos.
***
— O corte foi profundo, quase pegou uma artéria, mas já fechamos a abertura e cessamos o sangramento. Vocês poderam levá-lo para casa ainda hoje, já que não há mais nada para ser feito aqui. — a veterinária, de cabelos sedosos e nariz de gancho, nós informou depois de sair da sala, onde por 1:00 h, ficou com o cachorro esfaqueado.
— ótimo! — respondi aliviada.
— Não. Você não está pensando em levar ele para morar com a gente?
— não podemos? — já sabia que não, mas quis perguntar apenas para que Matheus me contasse os motivos que eu já conhecia. Ele apenas respondeu:
— Não, e você sabe porque.
— você tem razão. — disse a Matheus e agora dirigi a palavra a veterinária — não podemos levá-lo.
— Desculpem interferir, mas se ele não ficar com vocês, vai para um canil, e lá ele não será adotado, pois já está quase na fase adulta, e se ninguém o quiser, será morto. — a veterinária argumentou, e só depois daquelas frases percebi que ela ainda estava ali.
— Matheus, não podemos deixar isso acontecer.
— O problema, é que a lista de coisas que não podemos deixar acontecer já está lotada. Sabe, não deixar que alguém tome o controle da cidade.
— Matheus... — já estava a ponto de implorar, pois aquele labrador não iria morrer.
— aaah. Tudo bem! — estava a ponto de explodir de felicidade antes dele dizer: — mas com duas condições: você cuida dele e eu escolho o nome.
— mas eu queria escolher.
— tudo bem. Então ele poderia ser levado para um canil e ser decapitado!
— ta bom. Você escolhe o nome.
***
tirei o cachorro lentamente de dentro da caixa de transporte, e Matheus vinha atrás de mim, e pós as sacolas com as coisas que compramos para o cachorro em cima da mesa. Cheguei minha mão no focinho do labrador e ele cheirou vorazmente, deitou ali mesmo do chão, e não se atentou a descobrir quem éramos e aonde estava.
— Já escolheu o nome? — perguntei a Matheus que se agachou a meu lado e do labrador.
— Deixe-me ver.. — ele começou — ele tem cara.. De Apolo!
— hum.. Gostei — disse e sorri para ele. Matheus retribuiu o sorriso, e pareceu olhar dentro dos meus olhos, ou melhor, dentro da minha alma, e quando ele fez isso, me senti como se bêbada, sem poder raciocinar. Arfando, o oxigênio chegou a meu cérebro, olhei para seus lábios, e naquela hora, eu sabia o quê queria, e queria já!
Auuul — o cachorro gemeu da dor ainda sentida pelos ferimentos.
Matheus levantou com ferocidade, como se estivesse se livrando de cometer um pecado. E foi para fora ouvi o barulho de motor e deduzi que ele tinha saído com o carro, mas não levantei para descobrir. Se era isso que ele queria, não iria interferir.
***
Apollo ainda está melhorando. Passo os canais da tv, e vejo como a casa fica vazia sem Matheus, sim, esqueci de mencionar, ele saiu ontem e ainda não voltou. Aonde ele está? Ótima pergunta. Matheus simplesmente não atende minhas ligações. Tive de ir ao treino com Isaac sozinha, porque eu sei das minhas obrigações, mas parece que aquele garoto não sabe as dele!
Talvez ele tenha morrido atropelado, esfaqueado, esteja sendo torturado agora mesmo! Não estou dizendo que estou preocupada, ele sabe da vida dele.
Desapego um pouco do sofá antigo e vou até o labrador em recuperação, que praticamente não saiu da mesma posição dês de que chegou, afago sua cabeça e ele me olha meigo. Olha para os curativos em sua barriga e lembro que já estão na hora de refazê-los. Pego todos os itens necessários e lembro das explicações da veterinária.
Retiro o curativo devagar e o labrador dos pelos claros, reage por causa da dor.
— Calma Apolo! — ao dizer seu nome lembro que foi Matheus que escolheu. — vou limpar seus curativos e vai ficar tudo bem. Sabe Apolo, não entendo Matheus, porque ser assim, a vida é tão curta, não é mesmo? Onde será que ele está agora? Não que me importe — disse e o cachorro olhou para meu rosto, como se entendesse cada palavra — aaah, Apolo, não me olhe assim! Matheus já é bem grandinho para saber aonde vai e aonde deixa de ir. E faz muito mal você em defendê-lo, ele queria deixar você ser sacrificado, sabia?
***
Já era outro dia e estava finalizando mais uma toca de curativo das feridas de Apolo. Levanto e traço o rumo do banheiro mentalmente, que era onde eu planejava ir senão tivesse ouvido o barulho de motor.
Fiquei ali estática, apenas deduzindo o quê estava acontecendo devido ao que ouvia. O barulho do portão antigo de ferro pontudo sendo aberto chegou aos meus ouvidos. Ele caminhou e entrou pela porta da sala. Me olhou com a cara mais lavada possível, e esperou, sonhou, que iria ser eu a tomar a primeira palavra.
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Viiiiiiiish
E agora, o quê a Gabriela vai fazer?
Vocês já estão shippando Matheus e Gabi, não estou certa? Então deixa aí nos comentários qual você acha que deveria ser o nome de casal deles!
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Entre Anjos & Guardiões
FantasyGabriela sempre acreditou na humanidade e na bondade, ela tinha fé, mas durante aquela jornada a sua fé foi roubada aos poucos. Matheus sempre foi cético, acreditava no prático e no comprovado, ele não tinha fé, mas durante aquela jornada ele...