Abri a porta do galpão lentamente, de cara me deparei com uma escada de ferro que levava para mais fundo, era escura e sem lâmpadas ao entorno, a única iluminação era ao fundo, no término da própria.
Fui na frente, e a medida que pisava os degraus faziam barulho tal como um ranger de dentes. Conforme andava tinha a impressão que o caminho até o final dobrava de tamanho. Quando cheguei finalmente, contemplei todos os cantos do lugar, era enorme, do chão - que não passava de placas de ferro - até o teto haviam cerca de 40 metros de distância. Ouvi alguém tossindo, como se quisesse chamar atenção, e realmente queria. Era um homem, louro, levemente bronzeado, e alto. Não me dei conta de que ele estava ali, e nem daria se ele não tivesse alertado.
- olá Gabriela - ele olhou para mim, sua voz não era muito simpática, amedrontadora sim. - Matheus - e o homem desconhecido olhou para o guardião. - vocês não me conhecem, me chamo Isaac, arcanjo, faço parte da Comunidade dos Anjos de Luz.
- E estamos aqui exatamente para o quê? - Matheus perguntou.
- Para serem treinados. Não se sabe o que pode acontecer em uma missão e precisam estar preparados para qualquer coisa.
- Suponho então que seja você a nos treinar ? - perguntei.
- Exato. - Isaac respondeu árido - trouxe sua espada, Matheus?
Ele apenas puxou o retângulo amarelo do bolso e Isaac assentiu com a cabeça.
- Estão prontos? Espero que sim. Agora, Gabriela - ele virou o rosto para mim, e sua face ficou de lado para as enormes janelas que permitiam que a luz natural entrasse, e pude ver o quanto sua cara era inexpressiva. - qual o máximo de metros que você já voou?
- Talvez 30.
- Hoje vou lhe mostrar a maneira correta de voar, para diferentes tipos de situações, é claro. - dizendo isso, Isaac puxou as asas para fora de si, que por sua vez rasgaram o fino tecido de sua camiseta branca. Elas eram grandes, brancas como a neve de Minnesota.
Ele se posicionou, olhou para o teto, e quando menos se esperou, impulsionou as pernas e voou, gerando um vento veloz. Isaac foi tão alto que notei que não haviam apenas 40 metros de comprimento, talvez fossem mais de 100.
Quando a ponta de sua asa encostou na clarabóia ele voltou, o corpo todo estava virado em direção ao chão, as asas fechadas o faziam ganhar velocidade, e quando eu já estava imaginando que ele fosse bater no chão, suas asas abriram e fizeram o efeito de um para quedas cortando o ar. Isaac estribou no chão, deixando os pés juntos e o corpo reto.
- agora é sua vez - Isaac ordenou e senti calafrios.
Puxei as asas, que ao contrário das dele eram negras como uma noite sem luar.
- Anja da guarda com as asas negras - Isaac tentou dizer a si mesmo, mas foi alto o suficiente para que eu ouvisse, contudo, continuei o que estava fazendo, como se aquela frase nunca tivesse existido.
Olhei para o teto, juntei os pés, contei um, dois, três, e parti. Fui o mais rápido que consegui e bati as asas com força. Cheguei no teto, em uma rajada, girei o corpo e juntei as asas, percebi que não conseguiria ficar de pé se chegasse tão perto do chão. Então cinco metros antes do mesmo, as abri e fiquei de pé.
- bom, mas poderia ser melhor. - Isaac começou - esse tipo de voo e para ser rápido e preciso, você tem que fechar mais as asas na chegada e, impulsioná-las com força na saída. Vamos de novo...
E eu fui uma, duas, três, cinco, dez vezes, mas nunca estava bom o suficiente.
- Gabriela, preciso que você faça isso hoje o dia todo, até ficar perfeito. Enquanto isso vou ensinar algumas coisas ao seu guardião.
***
- venha aqui. - Isaac ordenou e caminhei a seu encontro. - já sabe como abrir a espada?
- a seguro e penso nela se abrindo. - respondi.
- isso. Ela foi feita por anjos antigos, tão poderosos que se os visse não dormiria a noite, então não desonre o nome deles, entendeu? - Isaac decretou e só me cabia dizer sim com um aceno de cabeça. - agora pegue ela. - assim a fiz - está segurando de maneira errada, se não estiver em uso imediato, nunca a deixe para cima, sempre para baixo virada para fora.
***
- Acabamos por hoje, mas voltem amanhã. - Isaac ordenou. Eu e Matheus voltamos para o carro arrastando os pés, nunca me senti tão cansada quando hoje.
Acho que voei no mínimo 100 vezes, pois ao todo o treino durou quatro horas e, dês de o início tudo o quê tenho feito é voado. Não sei qual foi o treinamento de Matheus. Mas pela sua cara, foi tão cansativo quanto o meu.
- Vamos para casa, tomar banho, e dormir, dormir até amanhã. - ele disse virando a chave, e dando partida.
- amém!
Matheus estava exatamente em cima do limite de velocidade. Andando a toda para chegarmos o mais rápido possível em casa. Mas de repente, ouvi um choro, não um normal, choro de cachorro, com certeza. Olhei em volta procurando por da onde o som estaria saindo. Achei. Um cachorro, aquela distância: um labrador, loiro, em pé provavelmente encostaria a cabeça no meu ombro.
- Matheus, encosto carro!
- Hãn?! Pra que? A gente tá no meio da estrada.
- Matheus, encosta! Agora! - mandei e ele fez, encostou o carro um pouco a frente do labrador, e quando ele viu o cachorro, entendeu meus motivos.
Bati a porta do jipe com toda a força, andei desesperada até o cão que estava deitado, chorando, com os olhos encostados na grama, fiquei estarrecida ao ver que parte do seu pelo estava vermelho de sangue. Me ajoelhei a sua frente e examinei seu corpo, haviam cortes profundos, não pareciam ter sidos causados por uma briga com outros cães.
- Matheus, me da sua camisa - disse nervosa.
- Pra que? Gabriela, esse cachorro vai te morder.
- Se você não me dar essa camisa agora, sou eu quem vai te morder! Anda!
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Hello!
Me digam o quê acharam do Isaac, ele é confiável? Em? Em?
Vocês acham a Comunidade confiável? Deixe sua opinião aí nos comentários
E caso tenha gostado deixe sua estrelinha 💠🌟
E o capítulo deste dia ensolarado (ou chuvoso, não sei onde você mora), será dedicado a:
Sigam essa linda, pois ela disse que eu era má no capítulo "Olhos", rsrs
😁Aviso rápido aqui pró cês: comecei um guia do escritor! Então se você quer saber mais de como montar uma história, de fazer uma sinopse legal, ou de plantar bananeira, corre lá no meu perfil ===> e da uma olhada.
Nos vemos nó próximo capítulo!
<Da Terra para Marte. Câmbio Desliga>
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Entre Anjos & Guardiões
FantasyGabriela sempre acreditou na humanidade e na bondade, ela tinha fé, mas durante aquela jornada a sua fé foi roubada aos poucos. Matheus sempre foi cético, acreditava no prático e no comprovado, ele não tinha fé, mas durante aquela jornada ele...