7- invasão de domicílio

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- então Matheus, como vamos ter certeza qua Sara é a minha protegida ? - perguntei e me sentei ao seu lado no refeitório.

- Investigando, obvio. Hoje, nós vamos segui-la até em casa. Pra descobrir mais sobre a família dela. - ele disse e mordeu um pedaço do seu sanduíche.

Aula de filosofia, mas quem se importa com filosofia uma hora dessas ? Era um dia pateticamente calmo, os arredores dos muros da escola eram cobertos por arbustos que continham vários grilos. Parecia que naquele momento a única coisa que eu podia ouvir era o barulho deles. Tudo estava propício para um dia de sono perfeito. Mas os acontecimentos do dia não me deixariam dormir de forma tão fácil. Estava ansiosa, empolgada e feliz. Mas algo me deixou intrigada: Matheus era distante em relação aos outros. Passava um semblante frio e sem cor. Nunca sorria, nem sequer olhava para o lado. Não falava com ninguém a menos que fosse extremamente necessário.. Acho que ele fazia questão de ser assim. Mas por que ?

***

- Gabriela presta atenção, nos vamos segui-la até a casa dela, mas a distância, pra não levantar suspeitas ok ? Senão em vez de anjo da guarda ela vai achar que você é uma sequestradora.

- ok. Olha, ela tá saindo. Vamos... - andamos normalmente a mais ou menos uns cinco metros de distância da Sara. - Matheus, o que aconteceu com seu pai ?

- além de ter morrido ? Nada. - Matheus e seu humor negro.

- Não. O que aconteceu ? Como ele morreu ? - perguntei e o olhei nos olhos.

- morreu morrendo. Eu não quero falar disso. Eu era pequeno quando aconteceu, é maximo que você vai saber. - ele disse e me olhou rapidamente. - e por que só você que me faz perguntas ? - ele disse sem esperar resposta - eu andei pensando, e cheguei a conclusão de que um anjo da guarda não precisa de um guardião, afinal de contas, se ele guarda as pessoas, por que não se cuida sozinho ?

- A muito tempo, quando os anjos caídos chegaram a Terra, e os humanos se formaram, os anjos rejeitos começaram a assassina-los. Então foi por isso que Deus nos criou. - disse e ele me olhou com cara de desentendido - Mas esses anjos não perseguiam apenas pessoas, também tinham interesse pela morte da minha espécie. E não podemos lutar contra eles, pois quando ainda eram servos de Deus, ocupavam o lugar de arcanjos, que são os guerreiros. E tem mais força e poderes que nós. Foi aí que vocês, guardiões, surgiram. Entendeu ?

- acho que sim. Que confuso. - ele fez uma pausa e continuou - a Sara está entrando em casa. - ele disse e fez sinal para nos aproximar-mos mais.

Era um lugar bonito. Uma residência com muros altos que cobriam parte das árvores bem cuidadas do lado de dentro. Matheus se aproximou devagar da casa, e com um salto preciso e forte, prendeu as mãos nas pequenas telhas que faziam o acabamento do muro alto. Se pendurou ali e, em dois tempos, uma de suas pernas já encostava na grama seca da árvore na casa.

- Você vem ? - ele disse e estendeu a mão para eu subir naquele muro duvidoso.

- Matheus ! Isso é invasão de domicílio sabia ? - disse em tom baixo, quase como um sussurro. Esse menino é doido.

- você quer achar seu protegido ou não ? - Matheus disse e olhou para dentro rapidamente.

- quero.... Aaarg ! Ok. Mas se eu for presa, você terá que se acertar com o Rômulo sozinho ! - disse e estendi a mão para ele me puxar.

- quem é Rômulo ? Explique-se com ele você ! - ele disse.

- Rômulo é meu cuidador. - disse e revirei os olhos.

- assim, mas um desses troços de anjos..

Chegamos sorrateiramente até a janela da sala de estar. E vimos Sara com sua mãe..

- Oi Sara. Como foi na escola hoje ? - a mãe disse e puxou uma cadeira da grande mesa de jantar para filha se sentar.





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