Encaixei a coleira no pescoço do Apolo, passei a mão por cima da cicatriz e me espantei de pensar que em tão pouco tempo estava cauterizada. Puxei Apolo, o chamei, mas ele simplesmente não se movia.
- o que tá fazendo? - Matheus perguntou em quanto tirava os fones para poder ouvir minha resposta.
- tentando levar esse inútil para passear. - disse e soltei um pouco - mas ele não sai do lugar - tornei a puxar.
- a gente ainda não levou ele no veterinário. Quer dizer, não do jeito correto, pra dar vacina.
- é verdade. Vamos agora então. - argumentei, e consegui puxar forte suficiente para que Apolo se levantasse voraz.
- e faltar a aula com nosso professor favorito? Gabriela, que feio, não sabia que era esse tipo de aluna. - ele disse debochado.
- havia me esquecido... Temos quanto tempo? - perguntei com certo desapontamento. Matheus olhou no telefone antes de responder:
- duas horas. - ele afirmou e produziu um assovio agudo, fazendo Apolo correr para seu lado em cima do sofá, quase não tive tempo para soltar a coleira, e fiquei a um tris de ser arrastada pelo meu próprio cão. - senta aqui, Gabi. - Matheus disse e deu leves tapas em uma almofada no sofá que estava a seu lado.
- por que ele vai com você e não comigo? - questionei irritada.
- É tudo uma questão de interesses. Apolo é esperto, ele não quer passear nessa cidade estranha, prefere ficar aqui, no sofá, com o melhor amigo, e ver V de vingança.
- V de vingança?
- está na metade. - ele afirmou - vem ver. O Apolo está pedindo.
- o Apolo?
- talvez, eu tenha influenciado um pouco. Mas a ideia de te convidar foi basicamente toda dele. - ele disse e riu.
***
Abro os olhos devagar e, sinto minha cabeça leve sobre o peito de Matheus. O filme já havia acabado, Apolo estava dormindo assim como o dono.
Desbloqueio o telefone para conferir as horas: 15:00 h! Estamos atrasados, muito atrasados!
- Matheus! Acorda - disse o sacolejando no sofá - anda!
Ele levantou voraz:
- o que foi?!
- Isaac, treino, vida! Acorda, menino! - disse apressada me levantando e apanhando as chaves do carro em cima da mesa de madeira.
- que horas são?! - ele perguntou já preocupado.
- três! - disse atropelando as frases - cadê essa bendita espada Matheus? - perguntei e notei que Apolo já estava acordado, reagindo ao nosso barulho com latidos afiados.
- não sei, em cima da cama eu acho. - ele disse e eu praticamente voei até o quarto, a achei e coloquei no bolso. Fui até a sala e entreguei a espada na mão dele.
***
- Quase atrasados. - afirmou Isaac com sua voz imponente.
- Quase. - concordou Matheus. Era tão evidente que não gostavam um do outro que chegava ao ponto de ser cômico.
- Hoje, - continuou Isaac, ignorando o comentário do aluno rebelde. - você vai continuar a voar, seu tempo ainda está muito alto, então usaremos um cronômetro. - ele disse a mim. - E quanto a você, garoto, vai aprender técnicas de lutas de algumas artes marciais, como o Judô, e Kung Fu.
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Entre Anjos & Guardiões
FantasíaGabriela sempre acreditou na humanidade e na bondade, ela tinha fé, mas durante aquela jornada a sua fé foi roubada aos poucos. Matheus sempre foi cético, acreditava no prático e no comprovado, ele não tinha fé, mas durante aquela jornada ele...