— Oi
— oi!? Sério?! Oi? É isso que tem pra me dizer?! Oi?! Você sumiu por três dias, seu... Seu estúpido, egoísta! E que história é essa de não atender minhas ligações? — eu disse cuspindo fogo.
— desculpe, desculpe! Precisava de um tempo sozinho, pra pensar. Não faço mais isso. — ele tentou, pateticamente, se justificar.
— não faz mesmo. Porque da próxima vez que você sumir, e voltar com essa cara de coitado, eu te mato! Ouviu bem!? — a raiva era tamanha, que joguei o soro do Apolo em cima de Matheus, que estava a alguns metros longe, mas a garrafinha desenhou um rumo que seria certeiro, caso Matheus não tivesse os reflexos tão perfeitos, para desviar a tempo.
— Gabriela, fica calma! Eu já estou aqui, não estou?
— está me pedindo calma? Me diz Matheus, como posso ficar calma do seu lado? Você simplesmente me tira do sério! Sempre tão fugaz e tênue. Porque sei o quanto você é frágil! Eu sinto isso, mas se você for sempre tão escorregadio, não vou poder te ajudar! Sei que você não queria estar aqui, mas adivinha, eu também não! Então vê se colabora!
— sei que detesta tudo isso tanto quanto eu! Mas precisava ficar sozinho, precisava para saber o quê realmente quero. — Matheus, de novo, tentou se explicar, mas isso só me fazia ficar com mais raiva.
— e o senhor, se não for muito incômodo, é claro, poderia me dizer o que, raios, você quer? — perguntei irada, ele esperou, e olhou nos meus olhos antes de responder:
— não.
— ótimo! Perfeito! — disse e sai batendo os pés ferozmente rumo ao enorme quintal.
Sentei na grama verde e vi que o céu estava absurdamente lindo, numa paleta que começava do laranja e fazia um degradê perfeito até o azul pastel. Respirei fundo para sentir o oxigênio dando o ar da graça em meus pulmões. Fechei os olhos e tentei ficar mais calma, os abri de novo e contemplei o bando de pássaros que voavam para o leste, por causa da sombra que fazia a luz do sol, os pássaros pareciam negros como uma noite sem lua, e ficavam ainda mais contrastantes com o azul no horizonte.
***
Estava andando pela casa, pois a pouco percebi que ainda não explorei todos os cômodos dela, e morando aqui a mais de três semanas, já estava na hora. Cheguei no terceiro andar, e achei uma escada, subi e vi que tinha um sótão, dezenas de caixas cheias cobriam o chão, mas não me interessei em saber o quê haviam dentro delas. Estava explorando o novo cômodo, quando o piso de madeira que estava solto me fez tropeçar e bater o supercílio numa outra escada, que até então, não havia reparado que existia. Levei a mão ao corte na esperança de amenizar a dor e, senti que estava sangrando. Olhei para a escada e subi, quando cheguei ao topo, me deparei com o telhado. Fui mais para o canto e encostei as costas em uma janela, sentei juntando as pernas e as abraçando. Vi o céu, e ele estava exatamente como a dois dias atrás, mas hoje o bando estava separado, cada pássaro traçava os limites do seu próprio canto. Observei no canto dos olhos um vulto passar, e vi que era Matheus voltando de algum lugar, do chão ele me olhou, e deduzi que internamente se perguntou como eu havia chegado ali. Mesmo que tenha usado a escada, não seria muito difícil subir coisas quando se tem um par de asas. Matheus entrou em casa sumindo do meu campo de visão.
Espero que ele saiba que ainda estou coberta de ódio por ele. Não vou aceitar tão fácil o fato de ele ter sumido do nada. Ouvi barulhos vindos do sótão e passos que subiram a escada e repousaram do meu lado. Matheus se sentou, e mesmo que eu tenha continuado com os olhos focados no mesmo ponto, vi que ele trazia duas latas de refrigerante consigo. Ele olhou para mim e disse:
— Refrigerante?
— não — respondi fria
— certeza? — ele perguntou e aproximou a latinha gelada no meu braço, que estava aquecido pelo sol. Peguei a lata de sua mão, e agradeci. — sabe, já pedi desculpas. Sei que vacilei, mas prometi que não faria de novo. — ele começou a se explicar, meu rosto se virou para ele e depois voltou ao eixo no meio. — fui um babaca, imaturo e irresponsável, sei disso. Mas nós temos tão pouco tempo, não é? E mesmo que venhamos a viver quase um século, esse tempo todo não é suficiente para realizarmos todos os nossos sonhos. Então não vamos prolongar isso, tudo bem?
— Zélia Duncan? — perguntei incrédula pela citação do poema.
— isso. — ele olhou para frente contemplando momentaneamente o céu, e depois olhando nos meus olhos, e eu nos dele — E sabe o que mais o quê ela diz nessa poema? — ele prosseguiu — que também não teremos tempo suficiente para dizermos tudo o quê tem de ser dito. E acho que tenho que dizer o quê acho sobre você, já que a senhorita fez o mesmo comigo — ele disse e sorriu — sabe o que acho de você Gabriela? Te acho uma cabeça dura, teimosa, que acha que pode abraçar o mundo inteiro de uma vez e desconhece a palavra limite. — ele olhou em meus olhos de forma tão limpa e sincera como nunca havia visto. — mas você também é a pessoa mais positiva que já conheci, a mais valente, corajosa e mais destemida, tem o sorriso mais lindo e puro. Tem os olhos tão negros que refletem galáxias. Mas os cabelos são castanhos para fazer contraste. Você tem tantas fases que nem a lua é capaz de alcançar. E quando está feliz, seus olhos brilham e sorriem junto com sua boca, suas bochechas ficam rosadas e, cada átomo do meu corpo desmorona..
— e só? — brinquei e ele riu.
— sim, foram só todos esses adjetivos que encontrei para dizer que você é a pessoa com beleza mais inigualável que meus olhos já tiveram a honra de admirar. Só que ainda não acabei, pois Zélia disse mais: deixou em evidência que também, nunca teremos tempo para beijarmos todas as bocas que nos atraem. Quanto a todas eu não sei, mas pra uma, ainda tenho tempo.
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!POR FAVOR, NÃO ME MATEM!
lembrando que se a autora morre, não tem mais livro..
Não tenho o quê dizer, a não ser que eu amo torturar vocês.
E então, qual será o futuro de Mabi?
(Matheus + Gabi = Mabi)
Obrigada a Oh-Ally por me ajudar a
criar o nome ;)E você? Ainda não seguiu o livro no instagram? Toma aqui meu olhar de reprovação: ò.ó. Segue lá, posto vários trechos do livro *-*
Esperem pelo próximo capítulo!
<Da Terra para Marte. Câmbio Desligo>
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Entre Anjos & Guardiões
FantasyGabriela sempre acreditou na humanidade e na bondade, ela tinha fé, mas durante aquela jornada a sua fé foi roubada aos poucos. Matheus sempre foi cético, acreditava no prático e no comprovado, ele não tinha fé, mas durante aquela jornada ele...