9- No cry

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Vamos resumir a minha vida nas últimas semanas:

1°= uma menina, me diz que eu sou um guardião.
2°= descubro que anjos existem
3°= eu e a anja temos que achar um tal de protegido, que ela vai tomar conta pelo resto da vida coisa e tal.

Pois bem. Mas quem disse que nós conseguimos achar o tal protegido ? E como nos vamos tentar fazer isso ? Não sei...

Essa garota mexeu comigo de alguma forma. Não sei como, mas mexeu. Que ridículo Matheus.. Você está a cada dia mais parecida com a sua mãe. Eu estou ficando um sentimentalista.

Mesmo que isso anida soe sentimentalista, eu queria vê-la, aqui e agora. Gabriela é animada, empolgada, positiva. Lin.. Observadora. Me deixa tão confortável, me faz sentir seguro, deve ser por que ela é uma anja, todo mundo se senti assim perto dela. Isso Matheus, todo mundo fica assim do lado dela, não se engane, você não é especial.

...................Gabriela......................

- por que ele é assim Rômulo ? - perguntei olhando para o meu guarda roupa escolhendo um traje para a escola no dia seguinte.

- não sei Gabriela. Talvez, algo de muito ruim esteja ou tenha acontecido com ele. - Rômulo respondeu-me

- só sei que o pai morreu. Já tem tempo. Mas não me pergunte como. Matheus não gosta de falar sobre isso.

- belo guardião esse que a senhorita foi arrumar em - Rômulo disse arqueando as sobrancelhas.

- não diga isso. Eu vou ajuda-lo. Você vai ver, ele vai ficar bem. - disse o repreendendo.

- enfim. - Rômulo se aproximou - vou tomar banho e dormir. Até amanhã, e boa noite - disse saindo do quarto e me deixando um beijo na testa.

Esse garoto é tão indecifrável. Isso me deixa louca, sempre soube o que as pessoas estavam sentindo ou pensando. Mas com ele não. Ele é diferente.. Misterioso. Confuso, principalmente..

.......................Matheus.........................

São três da manhã, e ainda me movo sobre a cama de forma exaustiva, tem partes do lençol no chão. E sob minha cabeça já rodaram três travesseiros diferentes, mas não consigo me aprofundar em sono. Não paro de pensar. Pensar em Gabriela, pensar no meu pai. Sinto meu estômago borbulhar, e minha garganta seca. Decido ir a cozinha acabar com essas sensações. Me sento na cama e, com os pés, procuro por meus chinelos no escuro. Não os acho, e caminho até a porta do quarto descalço sobre o chão frio. Abro a grande e pesada porta de madeira, e ouço, muito baixo, um choro contido. Muito leve, para não fazer barulho. Caminho devagar pelo corredor até ficar próximo a sala, mas também longe o suficiente para não ser visto.

Ao chegar mais perto consigo distinguir. Minha mãe está chorando. Muito. Por que ? Meu coração se parte ao ouvir o som das suas lágrimas caindo no chão. Mas.... Como eu consigo ouvir o barulho de suas lágrimas ? Isso não importa. Importa saber por que ela está chorando.. Mas não vou descobrir, ela não vai me dizer. Volto para o quarto em passos de gato e decido, mesmo que acordado, esperar pelo amanhã.

Entre Anjos & GuardiõesOnde histórias criam vida. Descubra agora