Capítulo 5

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CINCO MESES ATRÁS

O navio estava de volta ao mar e seguindo em direção à WC onde haveria mais chance de sobrevivência.

A almirante gritava ordens em plenos pulmões para não dar chances dos fuzileiros entrarem em desespero.

— LACREM OS DOENTES E FERIDOS NO ÚLTIMO PAVIMENTO!
NÃO TENHAM CONTATO COM OS FERIDOS SE NÃO FOR MÉDICO.
QUERO UM GRUPO ARMADO PARA QUANDO CHEGARMOS EM TERRA FIRME. — gritou Laura Monteiro, a Vice Almirante.
Todos a obedeceram de imediato.

Ela seguiu até um recruta, recém-chegado que provavelmente acabou de fazer 18 anos.
Ele estava limpando o sangue do convés superior para evitar mais contaminação.

— Recruta?

O garoto estufou o peito se colocando em sentido.

— Sim senhora?

— Desce até a área médica e busque o capitão para mim. — mandou Laura.

O garoto murchou — Até a área médica? Junto com os doentes?
— Sim...

— Buscar o capitão Ferraz?

— É o único capitão daqui certo? — disse ela — Vai!

— Tá... Quero dizer, sim senhora! — o garoto largou a vassoura e desceu as pressas até o penúltimo pavimento, onde improvisaram a área médica.
Ele encontrou o capitão e o doutor Jr. no corredor conversando.
Seguindo na direção deles ele pôde ouvir no pavimento inferior os gemidos de agonia dos feridos e doentes.
Com o coração disparado ele seguiu tentando ignorar todo o barulho.
Até que os gemidos se transformaram em gritos de dor e agonia.
Os marinheiros gritavam pedindo socorro.
O capitão desceu até o pavimento inferior correndo, seguido do doutor.
O garoto, desnorteado e apavorado sem saber o que fazer os seguiu.

Ele parou vendo o capitão um pouco mais a frente, paralisado.
O corredor estava cheio de marinheiros feridos fugindo da sala improvisada de recuperação.
Outros marinheiros com a boca e mãos cheia de sangue saiam logo atrás.

— Socorro! — gritou um dos feridos — Socorro capitão.

O capitão correu ordenando para voltar.
Os três correram até o penúltimo pavimento e o capitão trancou.

O capitão olhou para o doutor que estava recostado na parede aparentemente devastado.
E o jovem recruta estava desnorteado.

— Não podíamos ter feito nada.— disse o capitão — Estavam todos feridos e contaminados.

O doutor assentiu e subiu sem dizer nada.
O capitão soltou um suspiro e olhou para o recruta.

— O que faz aqui, garoto? É perigoso. — disse ele — Não queremos mais ninguém contaminado.

— Senhor, eu vim avisar que a almirante está chamando o senhor. — respondeu o garoto nervoso.

O capitão assentiu — Então vamos.
Os dois subiram em silêncio.

— Senhor, estamos todos condenados? — perguntou o garoto — Quero dizer, se o doutor não conseguiu ajudar eles...

O capitão parou para encarar o recruta.

— Qual o seu nome, rapaz? — perguntou o capitão.

— Leonardo Machado, senhor.

— O doutor só está começando. Não temos recursos para ajudar os doentes e contaminados nesse navio, mas o Quartel General em Washington vamos poder ajudar a todos! — respondeu o capitão

Brigada dos Mortos - Sobreviventes em alto marOnde histórias criam vida. Descubra agora