CAPÍTULO EXTRA: PASSANDO ÍSIS, BEATRIZ E VICENTE IV - Final.

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Enquanto caminhavam pelo abrigo em direção aos portões os soldados passavam as instruções e regras de sobrevivência para Taís, que parou de escutar ao assistir um garoto, que pensou que estava acompanhando seu pai, receber uma mochila e um fuzil. O rapaz era somente alguns anos mais velho que seu filho.
Chocada ela se voltou para algum dos soldados, o interrompendo durante as instruções de como se portar, caso esbarre com algum dos zumbis.

- Estão usando crianças agora?

Um dos soldados, um homem careca com o cavanhaque grisalho encarou a mulher.
Sustentando o olhar do homem, ela o encarou e logo percebeu a identificação no seu uniforme informando sua patente, nome e sobrenome, Sargento Carlos Meireles.

- Todos devem contribuir para o abrigo, e ele é maior de idade. - o soldado abriu um sorriso amarelado - Em breve seu filhinho também terá que contribuir.

- Só por cima do meu cadáver!

O homem apenas riu, empunhando seu fuzil. Tendo em mente, que o que a mulher acabará de dizer não estava tão distante de acontecer.

- Chega de conversinha. Entrem no carro!

Um dos soldados entregou uma bolsa branca com o logotipo do hospital do abrigo para Taís. Colocaram ela no mesmo carro em que Caio, o homem que entregou a bolsa para Taís estava prestes a subir no carro, quando o sargento Meireles o impediu.

- Pode deixar que eu dirijo esse.

O soldado confuso, não quis contestar o seu sargento, então abriu caminho para o sargento e outro soldado que o acompanhava entrarem no jeep e se dirigiu até outro veículo.

Cerca de cinco jeeps carregados de soldados e civis deixaram o abrigo, a maioria com o objetivo de ajudar a abastecer o lar, um único com a intenção de cumprir uma vingança pessoal.

Caio segurava seu fuzil com força enquanto observava a paisagem, o sargento guiava a pequena frota de busca em direção ao centro comercial da ilha.

- Nervoso? - Taís tentou puxar assunto com o jovem rapaz, na intenção de conforta-lo, pensando em como o garoto estava assustado por dentro.

O rapaz virou o rosto em sua direção e abriu um sorriso torto - Ah, não. Na verdade já estou acostumado com esse tipo de incursão. Fazia essas buscas sozinho, antes de encontrar o abrigo.

Taís não conseguiu conter sua expressão de surpresa. Ele era novo demais para ter essa experiência - Sozinho? E seus pais?

- Morreram logo no início da epidemia.

- Sinto muito... Você está sozinho?

- Eu tenho uma namorada... - ele sorriu - Ao menos acho que a gente ainda tá namorando. - ele olhou para as próprias mãos - Ela é tudo o que eu tenho.

Taís sorriu - Conheceu ela aqui?

- Foi antes de tudo isso. Na época de escola.

- Que gracinha... - o sorriso dela foi se apagando lentamente.

- O que foi?

- Lamento que meu filho não vai poder passar por essas experiências, sabe? O ensino médio, paqueras do colégio... - ela pousou as mãos nas pernas, Caio logo pôde vê a aliança de ouro - Ele só é um pouco mais novo que você e agora só tem esse mundo destruído para crescer...

- Talvez eles consigam achar uma cura...

Taís balançou a cabeça - O governo não consegue nem recuperar a ilha de um grupo de rebelde, sob o comando de uma mulherzinha mimada, egoísta e cruel.

Brigada dos Mortos - Sobreviventes em alto marOnde histórias criam vida. Descubra agora