Enquanto caminhavam pelo abrigo em direção aos portões os soldados passavam as instruções e regras de sobrevivência para Taís, que parou de escutar ao assistir um garoto, que pensou que estava acompanhando seu pai, receber uma mochila e um fuzil. O rapaz era somente alguns anos mais velho que seu filho.
Chocada ela se voltou para algum dos soldados, o interrompendo durante as instruções de como se portar, caso esbarre com algum dos zumbis.- Estão usando crianças agora?
Um dos soldados, um homem careca com o cavanhaque grisalho encarou a mulher.
Sustentando o olhar do homem, ela o encarou e logo percebeu a identificação no seu uniforme informando sua patente, nome e sobrenome, Sargento Carlos Meireles.- Todos devem contribuir para o abrigo, e ele é maior de idade. - o soldado abriu um sorriso amarelado - Em breve seu filhinho também terá que contribuir.
- Só por cima do meu cadáver!
O homem apenas riu, empunhando seu fuzil. Tendo em mente, que o que a mulher acabará de dizer não estava tão distante de acontecer.
- Chega de conversinha. Entrem no carro!
Um dos soldados entregou uma bolsa branca com o logotipo do hospital do abrigo para Taís. Colocaram ela no mesmo carro em que Caio, o homem que entregou a bolsa para Taís estava prestes a subir no carro, quando o sargento Meireles o impediu.
- Pode deixar que eu dirijo esse.
O soldado confuso, não quis contestar o seu sargento, então abriu caminho para o sargento e outro soldado que o acompanhava entrarem no jeep e se dirigiu até outro veículo.
Cerca de cinco jeeps carregados de soldados e civis deixaram o abrigo, a maioria com o objetivo de ajudar a abastecer o lar, um único com a intenção de cumprir uma vingança pessoal.
Caio segurava seu fuzil com força enquanto observava a paisagem, o sargento guiava a pequena frota de busca em direção ao centro comercial da ilha.
- Nervoso? - Taís tentou puxar assunto com o jovem rapaz, na intenção de conforta-lo, pensando em como o garoto estava assustado por dentro.
O rapaz virou o rosto em sua direção e abriu um sorriso torto - Ah, não. Na verdade já estou acostumado com esse tipo de incursão. Fazia essas buscas sozinho, antes de encontrar o abrigo.
Taís não conseguiu conter sua expressão de surpresa. Ele era novo demais para ter essa experiência - Sozinho? E seus pais?
- Morreram logo no início da epidemia.
- Sinto muito... Você está sozinho?
- Eu tenho uma namorada... - ele sorriu - Ao menos acho que a gente ainda tá namorando. - ele olhou para as próprias mãos - Ela é tudo o que eu tenho.
Taís sorriu - Conheceu ela aqui?
- Foi antes de tudo isso. Na época de escola.
- Que gracinha... - o sorriso dela foi se apagando lentamente.
- O que foi?
- Lamento que meu filho não vai poder passar por essas experiências, sabe? O ensino médio, paqueras do colégio... - ela pousou as mãos nas pernas, Caio logo pôde vê a aliança de ouro - Ele só é um pouco mais novo que você e agora só tem esse mundo destruído para crescer...
- Talvez eles consigam achar uma cura...
Taís balançou a cabeça - O governo não consegue nem recuperar a ilha de um grupo de rebelde, sob o comando de uma mulherzinha mimada, egoísta e cruel.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Brigada dos Mortos - Sobreviventes em alto mar
Misterio / SuspensoQuando os mortos retornam a vida, Mônica se vê sozinha para proteger seus três filhos no início do fim dos tempos. Já que seu marido um fuzileiro naval está fora do país. Mas ao conseguir informações sobre a volta do marido para resgatar a família...