Seus grandes olhos azuis piscavam assustados encarando aqueles três adolescentes alarmados e enxarcados da cabeça aos pés de um líquido escuro, viscoso e fétido que ela conhecia bem. Três figuras adolescentes, assim como ela, que descobriram seu refúgio desesperado para fugir do grande número de mortos-vivos que os perseguiam e de ameaças maiores.
Seu coração já havia disparado quando a tampa da caçamba de lixo estava se erguendo lentamente, não havia possibilidade de pousar seu irmão ao seu lado e sacar a pesada besta do seu pai para acertar quem quer que fosse, então ela só abraçou o bebê que não parava de chorar em seus braços e aguardou o pior.
Quando vislumbrou aquele trio, um alívio instantâneo passou pela sua mente, só de não ser aqueles soldados que a perseguiam era consolador, entretanto não podia baixar a guarda. Provavelmente não estavam sozinhos ou pior, podiam estar com ela.
— Por favor, não nos machuque! — pediu em tom de súplica. Havia aprendido com os seus pais que sua aparência frágil era uma arma secreta, especialmente contra pessoas cruéis. Fingir fraqueza e fragilidade impulsiona as pessoas a baixarem a guarda, descartando qualquer tipo de ataque ou reação violenta.
Seus olhos se encheram de lágrimas ao se lembrar dos pais e suas dicas de sobrevivência.
Em um único dia ela perdeu tudo, o pai, a namorada, e talvez nunca voltasse a ver mãe novamente. Todos haviam se sacrificado para sua fuga com Igor nos seus braços.A expressão de espanto dos três adolescentes logo se tornou de complacência.
A garota, a única entre os dois garotos desviou a atenção dela para eles e questionou com ar de preocupação.— O que a gente faz agora?
Os dois garotos devolveram olhares interrogativos para ela, o choro do bebê ainda soava, diminuindo enquanto a garota tentava aninha-lo.
Agora era a hora de agir, pensou a garota, pegar sua arma e apontar para aqueles três de guarda baixa como seu pai ensinou, mas por algum motivo ela não estava fazendo isso.
— Ela não pode ter ido muito longe! Está com o meu bebê! — retumbou ao longe uma voz conhecida e feminina que fez o coração dos quatro adolescentes disparar ao mesmo tempo recordando de cada momento de horror proporcionado por aquela mulher.
— Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não! — sibilou já com a respiração alterada procurando a sua volta o seu algoz.
O marchar de um grupo humano se aproximava com velocidade na pequena região residencial de Pompéia aparentemente pouco explorada.
— Busquem em todas as casas e todas as lojas, matem a garota, mas me tragam aquele bebê. Vivo.— ordenou Ísis marchando entre a dezena de homens com fardas militares e fortemente armados.
— Precisamos sair daqui. — Tiago falou com urgência olhando para Teodoro que parecia absorto a tudo, mas conseguiu assentir naquele momento.
— Não dá tempo! Eles já estão na ruas. — falou Jacqueline observando da ponta do beco os movimentos dos inimigos. — Precisamos avisar ao meu pai e o Anderson!
Ísis parou no meio da rua para observar seus homens invadindo as casas e lojas a base de violência destruindo as vidraças e janelas e colocando portas abaixo.
— Legal, não acredito que vim para outro estado só pra ser morto por esse demônio! — reclamou Tiago andando de um lado para o outro em pleno e absoluto desespero que sua expressão corporal entregava. O som agudo do choro de bebê o fez parar e pareceu relembrar aos três adolescentes que eles não estavam sozinhos naquele beco adjacente a loja de doces com alguns corpos de zumbis abatidos no chão. A garota encontrada na caçamba de lixo estava ainda dentro caçamba de pé com o bebê em um dos braços e uma besta com uma aljava recheada com mais de vinte flechas no outro.
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Brigada dos Mortos - Sobreviventes em alto mar
Misterio / SuspensoQuando os mortos retornam a vida, Mônica se vê sozinha para proteger seus três filhos no início do fim dos tempos. Já que seu marido um fuzileiro naval está fora do país. Mas ao conseguir informações sobre a volta do marido para resgatar a família...