Capítulo 10

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 ATUALMENTE

Depois que Mônica saiu não demorou muito para Téo pedir para sair também.

— Posso explorar o abrigo? — perguntou Téo com o olhar pidão igual a que a Natasha sempre fazia quando os via comendo algo que ela não podia comer, porém sempre conseguia um pedacinho.

— Não inventa Téo. — disse Samuel — Faz menos de 24 horas que você foi explorar e se meteu em problemas, lembra?

Téo fez bico.

— Deixa, eu vou junto. — disse Jacqueline

Daniel encarou a irmã.

— Ah, claro! — Exclamou Samuel exalando ironia — Uma criança acompanhando a outra. Vocês não precisam de mais nada, não é mesmo? Já posso ficar tranquilo!

Juliana deu uma cotovelada nele e se aproximou dos mais novos.

— Babaca. — resmungou Jacque — Não somos crianças!
— Não é prudente deixar vocês saírem por aí. — disse Juliana para a irmã — Acabamos de chegar, provavelmente estamos em observação.

— E nem conhecemos essas pessoas. — acrescentou Daniel

— Estamos cercados por muros com quase dez metros. Qual é perigo? — questionou Jacque.

Os mais velhos trocaram olhares. Jacqueline tinha lá sua razão.

— Pooooor favoooooor? — pediram os dois juntos.

Samuel olhou para Daniel e Juliana que assentiram.

— Ok. — disse Samuel — Em uma hora vocês voltam, mas. — ele levantou o dedo — a Natasha vai ter que ir com vocês.

Sem perder tempo os dois correram para começar a exploração, com Natasha no encalço.

Juliana correu até a janela — Não se esqueça do que a mãe disse!

Só que eles já estavam longe demais para ouvir.
Ela mordeu os lábios observando eles se afastarem cada vez mais.

— Esse lugar é muito estranho. — disse Daniel se jogando no sofá de três lugares e ligando a televisão e ao passar de canais ele ficou surpreso. Havia até conexão com televisão a cabo.

— Muito estranho mesmo. Parece tudo normal demais. Como se o mundo lá fora não estivesse morrendo...

Samuel estava mexendo no celular — E tem internet de graça! — disse ele surpreso — Se não fosse tão sinistro, seria incrível.

Juliana saiu da janela — Do que vocês estão reclamando? Não queriam que as coisas voltassem ao normal? Isso aqui é um tipo de novo começo. — ela apontou para a janela.

Os dois garotos foram dar uma olhada.

A vista era das casas vizinhas ao lado. Famílias inteiras, com bebês e crianças felizes.

Mais a frente havia campos, praças e outras áreas de recriação como pistas de skate cheia de jovens.

— Sabe aqueles filmes de terror, quando as coisas ficam perfeitas demais? E futuramente da merda? Eu tô com essa sensação. — disse Daniel saindo da janela — Eu não sei porque, mas não gosto daqui.

— Talvez você esteja exagerando. — disse Samuel ainda olhando pela janela — Nunca vamos achar um lugar perfeito como esse. Com a proteção das forças armadas unidas.

— Cara, olha em volta. Eles oferecem uma casa confortável, com televisão a cabo, internet e área de lazer para jovens e crianças e segurança— começou Daniel encarando Samuel e depois a irmã — A troco de que? A que preço? Se quando o mundo era normal nós pagávamos caro pela segurança de nossas casas e famílias. No fim do mundo vai ser diferente? Isso tudo é bom para ser de graça.

Brigada dos Mortos - Sobreviventes em alto marOnde histórias criam vida. Descubra agora