Capítulo 44 - Parte I

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Mônica sentia o vento fresco bater no rosto e levantar os cabelos recentemente lavados enquanto caminhava lentamente pelo abrigo que antes Ísis governava.

As últimas semanas pós guerra foram de paz e tranquilidade. O que era maravilhoso para a recuperação dos feridos e do próprio abrigo, mas ao mesmo tempo suspeito.
Ísis não ia desistir assim tão fácil, não enquanto estivesse viva. A maldita provavelmente está a espreita, planejando o bote.

Mônica empurrava a cadeira de rodas de Franscisco que resmungava durante o caminho todo de ser impedido de andar com as próprias pernas.

— Os médicos disseram que você não está nem 60 por cento, Franscisco. Precisa juntar forças para essa recuperação.

— Estou bem o suficiente. Podemos ir pra casa. — insistiu Franscisco pela milésima vez.

Mônica bufou cansada de ouvir a mesma ladainha. Até parecia que estava lidando com um dos filhos.
— Em duas semanas você estará 100 por cento e todos nós estaremos em um avião. — ela enterrou os dedos entre os cabelos recentemente  cumpridos e emaranhados do marido. Os fios brancos se infiltrando entre os fios negros através do tempo. Ela penteou os cabelos dele com os dedos para trás e beijou a testa franzida de Franscisco que ainda estava contrariado. Ela contornou a cadeira e se sentou nas pernas do marido e aplicou um selinho nos seus lábios.

— Eu também estou doida para ir embora daqui, meu amor. — ela segurou o queixo dele — Mas preciso de você 100 por cento. Lá também é tão perigoso quanto aqui.

— Eu já estou bem.

— Preciso de você ótimo. — disse Mônica brincando com os botões da camisa de Franscisco — Serão muitas horas de viagem, e eu quero muitas horas de diversão.

Franscisco abriu um sorriso malicioso pousando as mãos na cintura de Mônica — Acho que eu posso fazer esse sacrifício e te divertir agora...

Mônica riu — Safadinho. — ela beijou o seu queixo e subiu para a boca iniciando um beijo caloroso fazendo Franscisco subir as mãos por dentro da camisa. 

Ela se separou do beijo sem ar e desceu as mãos de Franscisco as tomando nas suas e encostou a sua testa na testa dele e fechou os olhos, com a respiração entrecortada — Não me assusta daquele jeito de novo. — sussurrou ela. — Eu nunca fiquei tão apavorada...

Franscisco fechou os olhos também, sentindo a respiração de Mônica contra o seu rosto — Me desculpe... Fiz por vocês e faria novamente. Eu morreria por vocês.

— Eu também... — sussurrou Mônica — Mas não estou preparada para isso. Preciso de você. Precisamos de você.

Francisco segurou o rosto de Mônica e olhou no fundo daqueles olhos escuros, agora úmidos.

— Mônica, você está preparada para qualquer coisa. Atravessar o mundo, escalar montanhas, me encontrar no meio do oceano...— ele abriu um sorriso e aplicou mais um selinho nos lábios de Mônica que se curvaram em um sorriso. — Você é a pessoa mais forte que eu conheço. Por isso que a tornei a mãe dos meus filhos, a minha esposa. Porque quando eu não estivesse perto para protege-los, você estaria.

Ela pousou a cabeça no ombro de Franscisco que começou a acariciar os cabelos de escuros de Mônica.

— Odeio quando você está certo. — disse Mônica fazendo Franscisco gargalhar — Mas nunca mais faça algo parecido sem me consultar. — ela cutucou o peito dele — Ou eu mesma mato você.

— Sim senhora general. — brincou Franscisco tomando a nuca de Mônica com uma das mãos e puxando o seu cabelo de leve para trás a fazendo levantar a cabeça para beija-la.

Brigada dos Mortos - Sobreviventes em alto marOnde histórias criam vida. Descubra agora