Mônica sentia o vento fresco bater no rosto e levantar os cabelos recentemente lavados enquanto caminhava lentamente pelo abrigo que antes Ísis governava.
As últimas semanas pós guerra foram de paz e tranquilidade. O que era maravilhoso para a recuperação dos feridos e do próprio abrigo, mas ao mesmo tempo suspeito.
Ísis não ia desistir assim tão fácil, não enquanto estivesse viva. A maldita provavelmente está a espreita, planejando o bote.Mônica empurrava a cadeira de rodas de Franscisco que resmungava durante o caminho todo de ser impedido de andar com as próprias pernas.
— Os médicos disseram que você não está nem 60 por cento, Franscisco. Precisa juntar forças para essa recuperação.
— Estou bem o suficiente. Podemos ir pra casa. — insistiu Franscisco pela milésima vez.
Mônica bufou cansada de ouvir a mesma ladainha. Até parecia que estava lidando com um dos filhos.
— Em duas semanas você estará 100 por cento e todos nós estaremos em um avião. — ela enterrou os dedos entre os cabelos recentemente cumpridos e emaranhados do marido. Os fios brancos se infiltrando entre os fios negros através do tempo. Ela penteou os cabelos dele com os dedos para trás e beijou a testa franzida de Franscisco que ainda estava contrariado. Ela contornou a cadeira e se sentou nas pernas do marido e aplicou um selinho nos seus lábios.— Eu também estou doida para ir embora daqui, meu amor. — ela segurou o queixo dele — Mas preciso de você 100 por cento. Lá também é tão perigoso quanto aqui.
— Eu já estou bem.
— Preciso de você ótimo. — disse Mônica brincando com os botões da camisa de Franscisco — Serão muitas horas de viagem, e eu quero muitas horas de diversão.
Franscisco abriu um sorriso malicioso pousando as mãos na cintura de Mônica — Acho que eu posso fazer esse sacrifício e te divertir agora...
Mônica riu — Safadinho. — ela beijou o seu queixo e subiu para a boca iniciando um beijo caloroso fazendo Franscisco subir as mãos por dentro da camisa.
Ela se separou do beijo sem ar e desceu as mãos de Franscisco as tomando nas suas e encostou a sua testa na testa dele e fechou os olhos, com a respiração entrecortada — Não me assusta daquele jeito de novo. — sussurrou ela. — Eu nunca fiquei tão apavorada...
Franscisco fechou os olhos também, sentindo a respiração de Mônica contra o seu rosto — Me desculpe... Fiz por vocês e faria novamente. Eu morreria por vocês.
— Eu também... — sussurrou Mônica — Mas não estou preparada para isso. Preciso de você. Precisamos de você.
Francisco segurou o rosto de Mônica e olhou no fundo daqueles olhos escuros, agora úmidos.
— Mônica, você está preparada para qualquer coisa. Atravessar o mundo, escalar montanhas, me encontrar no meio do oceano...— ele abriu um sorriso e aplicou mais um selinho nos lábios de Mônica que se curvaram em um sorriso. — Você é a pessoa mais forte que eu conheço. Por isso que a tornei a mãe dos meus filhos, a minha esposa. Porque quando eu não estivesse perto para protege-los, você estaria.
Ela pousou a cabeça no ombro de Franscisco que começou a acariciar os cabelos de escuros de Mônica.
— Odeio quando você está certo. — disse Mônica fazendo Franscisco gargalhar — Mas nunca mais faça algo parecido sem me consultar. — ela cutucou o peito dele — Ou eu mesma mato você.
— Sim senhora general. — brincou Franscisco tomando a nuca de Mônica com uma das mãos e puxando o seu cabelo de leve para trás a fazendo levantar a cabeça para beija-la.
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Brigada dos Mortos - Sobreviventes em alto mar
Misterio / SuspensoQuando os mortos retornam a vida, Mônica se vê sozinha para proteger seus três filhos no início do fim dos tempos. Já que seu marido um fuzileiro naval está fora do país. Mas ao conseguir informações sobre a volta do marido para resgatar a família...