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Micaela Satyro.

Ela ajeitou os cabelos castanhos, os pondo atrás da orelha, arqueando as sobrancelhas e sorrindo metidamente. Como eu odiava essa garota!

Laysa encarou aquela menina, assim como eu a encarava. Nós duas nos demos os braços, prontas para esbarrar em Beatriz - uma das meninas mais irritantes e metidas do mundo, se não é a mais.

Passamos correndo por ela, batendo nossos braços em sua cabeça. Acontece que ela era tão cabeça dura, que nossos braços ficaram doloridos.

— Ok, isso é golpe baixo! — Beatriz gritou, correndo atrás de mim e puxando meu cabelo.

— Ai, sua vaca! — gritei, enquanto lutava para me soltar de suas mãos.

Laysa correu até ela e lhe deu um soco no rosto. Ela soltou meu cabelo, enquanto xingava Laysa inapropriadamente.

— Valeu — disse para Laysa, enquanto corríamos até Beatriz e dávamos um puxão em dupla em seu cabelo.

Ela gritou ainda mais, mas então paramos, quando nossos pulmões estavam sem ar de tanto rir. Beatriz olhou para a gente, levantando a cabeça e passando a mão onde havíamos puxado seu cabelo. Depois, arrumou a roupa e o corpo, e nos olhos ferozmente.

— Micaela, você é a pior vizinha do mundo! — ela gritou, enquanto eu agradecia a ela, sendo sarcástica.

Laysa riu. Bom, ainda bem que estávamos no lobby, pois se descêssemos do prédio, minha mãe com certeza veria nossa briga, e então me meteria a maior bronca, coisa que eu realmente não queria que acontecesse.

—  Ei Micaela, vamos sair daqui. Acho que têm coisas melhores para fazermos, certo? — ela disse, e eu sorri.

— Com certeza.

— Não tão rápido, nerds! — ela disse. Nós nos viramos para encará-la.

Simplesmente estava cansada de Beatriz. Laysa estava ali em minha casa para ficar comigo! E não para dar uma voadora em Beatriz.

Simplesmente, essas coisas não aconteciam no Brasil. Infelizmente. Mas com a gente é diferente, sabe? A gente sabe como abalar Rio de Janeiro. Bater na garota mais popularzinha já era um começo. Ai, Deus, como ela me irrita!

— Que é? — Laysa disse, com uma voz dura e fria.

— Eu tenho uma dúvida sobre Harry Potter. — eu e Laysa nos entreolhamos.

— Como é que é? — perguntamos ao mesmo tempo. Tipo, se ela nos chama de nerds, é porque lemos livros como Harry Potter. Livros perfeitos como Harry Potter. Hmm... não é?

Ela sorriu.

— É uma coisa rápida. Por mais estranha que pareça. — Olhei para Laysa novamente, mas essa encarava Beatriz mortalmente.

— Fale logo, antes que puxemos seu cabelo de novo.

Ela sorriu.

— Se estivessem nos livros... Seriam da Armada do Dumbledore ou seriam Comensais da Morte?

Eu e Laysa rimos. Muito. Todos sabiam a resposta! Quem ia querer ser um Comensal? E, afinal, por que diabos ela estava perguntando aquilo para a gente?

— Ah, Beatriz, vai se fuder! — Laysa disse entre risos.

— Ai, santo Cristo! Dá para responder minha pergunta?

— Por quê? — perguntei, desconfiada.

— Porque eu tô a fim de saber!

— Por que você está a fim...

— RESPONDE LOGO, CARALHO! — ela gritou, me interrompendo.

Assustada com o tom irritado de Beatriz, respondi:

— Bom... Claro que seríamos da Armada do Dumbledore. Harry sempre! Voldemort nunca! — Eu e Laysa rimos.

Beatriz nos encarou. Tipo, encarou mesmo. Não que ela nunca tenha feito isso antes, como minha infeliz vizinha, ela sempre fazia aquilo. Mas ela nos encarava como se quisesse lançar um Avada Kedavra ou algo do tipo. Não que ela gostasse de Harry Potter, e tal. Acho que não. Hm... na verdade, eu não sei. Mas vindo de Beatriz, vou dizer; eu não estava nem aí.

— Nossa —  disse Laysa.

— O quê? — perguntei à ela, finalmente tirando o olho de Beatriz.

— Ficou frio de repente... Rio de Janeiro estava o maior calor!

Eu, então, arrepiei meus pelos. É, estava realmente frio.

— Talvez — disse, sarcástica — Seja Beatriz aqui... Ela exala maldade. Vamos sair daqui, Lys — disse, segurando o braço de Laysa, e me virando para sair. Beatriz, porém segurou nossos braços.

— É. Talvez eu exale mesmo.

— MICAELA! ABAIXA! — Laysa gritou, mas eu não entendi. Então olhei para Beatriz. Ela tirava de dentro da calça, hãm... isso mesmo. Calça. Uma coisa... então ela se mostrou. Era nada mais nada menos do que uma varinha. Isso tudo em apenas uma fração de segundo, e então, sacando a varinha da calça, ela gritou:

— AVADA KEDAVRA!

— MICAELA!

Eu abaixei, puxando Laysa junto comigo. Um raio verde passou sobre nossas cabeças. Eu estava mais confusa do que um peixe no deserto. Levantamos nossa cabeça, novamente.

— Que diabos...?

— AVADA KEDAVRA, AVADA KEDAVRA, AVADA KEDRAVA!

Puxei Laysa junto comigo, e subimos na poltrona do lobby, caindo por trás dela e usando-a como escuro.

Wingardin Leviosa! — Beatriz gritou, e a poltrona começou a flutuar, deixando-nos desprotegidas e atônitas.

— Mas o que está acontecendo? — Laysa gritou.

— Eu não sei! Mas para de falar! — gritei de volta.

Corremos até o elevador.

CRUCIOS!

Laysa caiu ao meu lado, enquanto Beatriz se aproximava com sua varinha - meu Deus! - e a olhava maliciosamente.

— Para! — gritei para ela, mas ela não escutava meus gritos, e sim só apenas os de Laysa, apelando socorro.

Tive uma ideia. Corri até o elevador, do outro lado do lobby, enquanto Beatriz torturava Laysa. Apertei rapidamente o botão que o chamaria.

Corri até Beatriz, e chutei sua barriga. Ela, sem entender nada, já que estava tão fixada em Laysa sofrer, caiu de costas no chão, xigando nós duas. Enquanto isso, peguei Laysa no colo com muito esforço, já que ela estava desacordada.

— Suas vadias! Vão pagar! — Beatriz gritou, correndo atrás de nós.

O elevador chegou, e eu joguei Laysa dentro dele, enquanto eu entrava rapidamente.

Apertei milhares de vezes o botão "Portaria", mas a porta demorou-se a fechar, e os gritos de Beatriz - nada gentis se posso dizer - ficavam mais próximos.

— FECHA! — gritei, sem mais opções. E então, a porta se fechou, deixando os gritos dela para trás, e me deixando sozinha com uma Laysa desacordada, eu desamparada... e totalmente sem entender nada.

𝗯𝗿𝗶𝗻𝗴 𝗺𝗲 𝘁𝗼 𝗹𝗶𝗳𝗲,  draco malfoy.Onde histórias criam vida. Descubra agora