2.6

1.9K 169 18
                                    

Micaela Satyro.

Meio confusa, saí da sala da professora McGonagall e corri para o salão da Grifinória. Seja lá o que eu estivesse tramando com ela, não começaria hoje.

Meus olhos estavam úmidos e o meu coração, apertado. Não sei porque tanto drama, mas algo dentro de mim me dizia que tudo isso era muito errado. Imaginava-me tentando me aproximar de Draco. Imaginava a fúria de Laysa, e o caos que isso iria me trazer. Imaginava meus amigos me olhando indignada, quando deixasse-os para trás para conversar com o Malfoy. E eu nem poderia sequer contar a Harry.

Me sentia um intrusa, falsa e controladora - não que eu realmente fosse isso - mas, de alguma maneira, eu me sentia assim. Quando cheguei ao salão da Grifinória, aonde todos estavam reunidos, "curtindo" a suspensão das aulas naquele dia.

Vi Hermione aconchegar-se no ombro de Rony e Gina no de Harry. Aquela cena, de uma forma misteriosa, me fez ficar mais triste ainda, e correr para a cama e, por fim, dormir.

Já era 29 de setembro. O mês já estava querendo acabar. E, não somente naquele dia, ao invés de acordar às habituais 8h30 da manhã, acordei 6h40, coloquei meu uniforme, peguei meu amuleto da sorte (um anel com uma caveira prateada na ponta) com o intuito de descobrir mais coisas sobre a Sonserina. Venho fazendo isso a mais de uma semana. E nunca encontro nada, apenas alguns cochichos, mas isso deve certamente vir de minha cabeça. A ideia de acordar tão mais cedo para procurar provas veio há uma semana, depois daquela conversa que tive com Minerva, que acordei muito cedo e não consegui voltar a dormir, e vaguei pelo castelo.

Ouvi cochichos e, seguindo-os, deparei-me com Goyle. Ele jurou que não estava fazendo nada, e até me ameaçou, mas a julgar pelos cochichos, não só ele estava ali. E quem estaria conversando com o Goyle? Seria uma reunião da Sonserina? A partir daí, todos os dias, fui procurá-los.

Fracassando, claro.

Mas, alguma coisa dentro de mim me dizia que não procurava-os apenas para desobrir seus segredos e contar à Minerva. Mas o que seria?

Quando menos esperei, já comecei a ouvir barulhos, e mais e mais barulhos. Olhei para meu relógio. Eram 8h45, hora da aula de poções. Felizmente, era com a Sonserina, e eu poderia tentar descobrir mais coisas. Obviamente, sem vontade alguma.

Andei evitando todo mundo nesses ultimos dias. Harry, Rony, Hermione, Luna, Neville, Gina, Simas... Até Laysa. Todos já tentaram falar comigo. Porém, eu finjo que não ouço. Algo em mim me deixa profundamente abalada. Ainda tem o medo de que Beatriz volte. E esse é o pior dos medos. Só de lembrar a cara da Beatriz quando gritou "CRUCIOS" e torturou Laysa... Eu sinto vontade de morrer. Literalmente.

Nos últimos dias, tenho me sinto mais gótica do que nunca. Sinto falta de alguns amigos. Quando recebi a carta de Hogwarts, pensei que tudo melhoraria. Está tudo pesado, e ainda nem começou direito.

Misturei-me entre as pessoas da Grifinória, e fui seguindo lenta e silenciosamente. Bom, até certo ponto porque, como em todos os dias, fui interrompida por um ser.

— Hey.

— Olá. — respondi, sem nem olhar para a criatura desconhecida que falava comigo.

— Ainda triste?

— Como assim, ainda? — perguntei, curiosa, virando-me para encarar quem falava comigo. — Deus — murmurei, voltando a olhar para frente.

— Apenas boatos — Draco respondeu. —Hm, a propósito, você tem belos olhos.

Cala a boca.— respondi automáticamente, mas ao lembrar que tinha que tentar ficar "amiguinha" dele, forcei um sorriso e disse: — Hm, quer dizer, obrigada.

— De nada. E, belo anel — ele me fez olhar para a caveira no meu dedo.

Vai se... — parei no meio, por sorte ele não ouviu, pois saíra andando para encontrar-se com Goyle. Ou... quem quer que ele estava indo encontrar.

Continuei andando em silêncio, e logo estava na sala de poções. Como o professor ainda não estava ali, todos estavam conversando, enquanto eu apenas encarava certas pessoas.

Depois de alguns minutos, não pude deixar de notar que Hermione e Gina se aproximavam. E, realmente, estavam vindo falar comigo. Tentei ignorá-las, mas Hermione era tão insistente que dava medo!

— Para com isso, Mica, ou vou te meter o soco dessa vez!

— Para com o quê?

— Qual é, Micaela — disse Gina, respondendo por Hermione — Você sabe.

— Sei?

— Sabe! — Hermione berrou — Você anda se espremendo em cantinhos, e hoje mesmo te vi conversando com Draco Malfoy.

Seu tom mostrava tanta indignação que fiquei preocupada, e uma pequena ruguinha surgiu no meio da minha testa. Eu sentia.

— Desculpa — murmurei.

— É, Micaela. Isso é o que você sempre diz!

Eu encarei Hermione, sentindo um misto de culpa e irritação por isso. Eu sei que estava sendo chata com elas, então resolvi abrir um sorriso e mentir:

— Ele é irritante, vem falar comigo. Eu não quero nada com ele. Sério.

— Mas, obviamente, ele quer algo com você — respondeu ela, sarcástica.

— Claro que não. Não, ele não quer.

Seis segundos de silêncio, até alguém aparecer por trás de mim e estragar tudo.

— Mica?

— Quê? — disse, enquanto virava para encarar Laysa.

— Ahm, ei — ela disse, com os olhos brilhando, mirando Hermione e Gina.

— Ei.

— E aí?

— Então, vocês se importam se eu conversar com a Mica à sós?

— Não. Mas, Micaela, você me deve uma explicação — Hermione gritou, enquanto saia de lá, puxando Gina junto.

— Tá. Tanto faz. — respondi, virando-me para não precisar encarar Laysa.

— Eu sei o que você está tentando fazer.

— Ah é? E o que eu estou tentando fazer?

Ela hesitou.

— Eu sei o que você está dizendo para os seus amiguinhos.

— Como assim?!

— Eu sei que você disse que existe uma última horcrux.

Com essa, virei-me e olhei-a incrédula.

— Ah é? E você vai negar?

— Mica, eu não vou negar nada! Pois eu não sei da onde tirou essa ideia.

Engasguei.

— O quê?! Laysa, como diabos pode me dizer um negócio desse?

— Ahn? Está dizendo que eu sei de alguma coisa?

Levantei, esquecendo-me de que com ela podia falar em Português e gritei:

— Eu ouvi, ok? Eu OUVI você conversando com aquela vaca da Pansy Parkinson que teve nada menos do que uma morte merecida! Ouvi vocês conversando! Ouvi até quando Draco — apontei para ele — entrou na porra do Salão e "salvou" — desenhei aspas no ar — você! A partir disso, como pode NEGAR-ME?

Quando terminei de gritar, a primeira coisa que percebi foi a incredibilidade estampada no rosto de Laysa. Porém, a segunda coisa que percebi, foi o olhar de todos em mim, assustados e as bocas em formato "O". Todos haviam escutado, porém uma pessoa não olhava para mim, e apenas brincava com algo brilhante na mão.

Não tão surpreendentemente assim, essa pessoa era Draco Malfoy.

𝗯𝗿𝗶𝗻𝗴 𝗺𝗲 𝘁𝗼 𝗹𝗶𝗳𝗲,  draco malfoy.Onde histórias criam vida. Descubra agora