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Micaela Satyro.

Não dormi direito aquela noite. Meus pensamentos me assombravam. Minhas lembranças e a conversa perturbadora que tivera mais cedo.

Um jeito de trazer Voldemort à vida...
Seria isso possível? Analisando tudo, parecia ser ridículo. Mas algo na voz de todos me dizia que não era ridículo. Beatriz, uma comensal da morte, depois essa "revolução" contra sangues-ruim e mais o quê?

Enquanto minha mente dava voltas, eu observava a lua lá fora. Estava crescente. Eu tinha uma queda por luas crescentes. Talvez porque amasse vampiros da série House of Night, mas não era só por causa disso. A lua crescente era mágica. Enquanto todos admiram a lua cheia, eu vou do meu jeito observar a lua crescente. É uma coisa que me marca. Uma coisa que é minha. Minha característica. E eu gosto disso.

Na verdade, para ser bem sincera, eu gosto de ser diferente. Eu gosto de ser chamada de estranha. Claro, se você perguntar pra minha mãe ela vai dizer que eu sofro influência, mas, enfim...

Todas as garotas dormiam tranquilas ali. Até mesmo Hermione e Gina. Porém, essas mesmas não tiveram o impacto que eu tive ao saber de tudo aquilo em apenas um dia.

Meu primeiro dia em Hogwarts. Estava tão confuso!

Baixei a cabeça quando uma nuvem turvou a imagem da lua. Estava tão frio, mesmo com o cobertor em cima de mim. Resolvi, então, desisti de ficar olhando a linda lua crescente, e corri para a cama. Não que eu tivesse conseguido dormir naquele instante. Na verdade, pareceu que eu não ia dormir. Demorou uma eternidade. Mas, então, meus olhos ficaram pesados... e eu finalmente dormi.

Mas tudo durou pouco. Eram 4 horas da manhã, e às 6 eu deveria acordar junto com as outras garotas para termos nossas aulas habituais.

Logo, elas começaram a acordar, conversar, mexer no guarda-roupa e fazer a maior baderna, não me deixando dormir. Não vi mais solução a não ser acordar também, mesmo que fosse com aquela minha cara sonolenta e idiota.

Depois de escovar os dentes, tomar um bom banho frio para acordar e arrumar um pouco o meu cabelo, fui procurar em meu armário meu uniforme da Grifinória. Claro, não é uma coisa tão discreta, se é que me entende, então logo o avistei ali.

Peguei, e puxei um pouco sonolenta e sem força o uniforme. Mas, aparentemente, com força o suficiente para fazê-lo cair no chão.

— Merda — gritei, com todo mundo olhando para mim, e eu ignorando. Afinal, como Inglesas poderiam saber o que era "Merda"? Essa é a vantagem de vir de outro país: Você é a estranha, idiota e ninguém entende os seus xingamentos. E, só por isso, já vale muito.

Agachei para pegar o uniforme que havia caído, e o puxei, mas algo no chão me chamou a atenção. Um papel um pouco sujo e meio chamuscado. Todos olharam para o papel. Sem exceção, mas não tiveram coragem de se aproximar, apenas me olhavam curiosas.

Hermione e Gina, porém, correram até mim.

— Ei, o que é isso? — perguntou Gina.

— Hm, não sei. Mas não deve ser nada demais.

Hermione revirou os olhos.

— Que isso! Deve ser algo demais sim. Abra. — ela disse.

Eu pigarreei.

— Hm... não aqui, Hermione.

— Ok. Vista seu uniforme e nos encontramos lá fora — ela colocou a mão no meu ombro esquerdo e saiu com Gina logo atrás dela.

Revirei os olhos.

Todos ali estavam imaginando demais. Não deveria ser nada! Apenas algum papelzinho que eu guardara no bolso e de que não me lembrava. Ou, talvez não, né?

Mas o único jeito de saber era lendo. Então, tratei de logo me vestir, e saí correndo para fora do dormitório, encontrando Hermione e Gina no Salão Comunal.

— É, faltam dez minutos para a aula de Adivinhação, obviamente as meninas não vão vir para cá tão cedo. — disse Gina.

—É, é... Então você pode ler, Micaela.

Eu revirei os olhos.

— Vocês não imaginaram que talvez isso seja apenas para mim?

As duas se entreolharam.

— Não.

— Bom, talvez seja. Vocês estão muito acostumadas a terem parte em tudo, né? — tá, percebi apenas depois que soara meio grosseira, então logo tratei de me desculpar. — Hm, mas eu quero que vocês leiam comigo, tá?

O rosto das duas se animaram.

— Tá — responderam juntas, e eu me aproximei com aquele papel, sentando ao lado delas.

Fui desdobrando aos poucos, e elas pareceram criar expectativa do que seria. Eu, realmente, não criaria porque sabia que talvez fosse apenas um guardanapo, ou qualquer coisa do tipo. Mas então me deparei com isso:

Eu ajudarei vocês, mas não esperem mais do que isso.

Ficamos encarando o papel por algum tempo. A letra ela muito bonita, em tons de preto, e alguns detalhes prata.

— É um Sonserino — disse Hermione.

— É a Laysa — cheguei à conclusão.

— Quê? Por que ela ajudaria a gente? — perguntou Gina.

— Eu acho que ela não queria ser da Sonserina, descobriu alguma coisa que possa nos ajudar e mandou isso, talvez.

— Ajudar em quê? — Gina insistiu.

— Gina — começou Hermione —, por favor, né? Ajudar a descobrir a como impedir esses idiotas da Sonserina a moverem mais um dedo nesse negócio de Voldemort.

— É, mas temos que fazer isso em segredo — eu disse.

— Não! — gritaram atrás de nós, e quando nos viramos, vimos que era Neville, acompanhado por todas as garotas e todos os garotos, sem que nós percebêssemos.

— Não o que, Neville? — perguntou Gina, que era bem mais amiga dele do que eu, né?

— Não podem fazer isso em segredo.

— Ah, você quer que Deus e o mundo descubra? — perguntei, sarcástica.

— Não, Micaela! Mas tudo isso é para ser feito em grupo. Todos nós. A Armada de Dumbledore.

Atrás deles, as pessoas pigarreavam e reprimiam o riso.

— Eu sei, Neville. E a gente vai tentar, ok? Eu juro.

𝗯𝗿𝗶𝗻𝗴 𝗺𝗲 𝘁𝗼 𝗹𝗶𝗳𝗲,  draco malfoy.Onde histórias criam vida. Descubra agora