Pupilos

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A viagem até a capital foi tediosa e para um lobisomem poderia até ser considera perigosa. Ainda mais na época da primavera, quando seus instintos se tornam meio que descontrolados e imprevisíveis. Ora, por que o perigo? Se comparar a um cachorro, criando na liberdade da natureza, ficar em um espaço confinado durantes horas era suficiente para torna-lo louco. Um lobisomem não seria muito diferente, ficaria ansioso, irritado e as chances de se transformar em um lobo e fugir daquele espaço opressor e artificial eram bastante altas, para piorar as janelas do ônibus não permitiam ser abertas devido o ar-condicionado, de modo que nem colocar a cabeça para fora e deixar sua língua solta se refrescando com o vento era uma opção para se distrair. Contundo, Gabriel não era como os outros lobisomens, criado em meio urbano ao invés das florestas ou ambientes mais rurais, se acostumou aos hábitos humanos, de modo que aproveitou e muito o seu tempo de viagem para revisar sua pesquisa.

— Só queria ter conseguido algo mais do que a amostra de sangue... — Sussurrou para si mesmo enquanto seus olhos passavam pelo o seu relatório, infelizmente, com os aparatos rústicos em seu quarto na sede de sua alcateia, sua investigação tivera algumas limitações técnicas. Conseguira "tomar emprestado" o laboratório de química e biologia da escola secundária com ajuda do seu adorado irmão e seu fofo namorado, assim pode fazer alguns testes e observações. Sua conclusão? Sabia que havia uma substancia anormal no sangue dos lobisomens que os atacaram no passado. Tentou purifica-la, mas, infelizmente não conseguiu. Ainda mais, percebeu, tardiamente, que tal composto era muito instável, de modo que com a passagem do tempo foi se deteriorando e desaparecendo. No final, não pode identifica-lo, deixando mais suposições e teorias do que provas concretas.

"E pensar que tive tanta dificuldade de obter essa amostra de sangue..." Sua mente rapidamente se voltou para a primeira lua cheia do ano, quando optou em dar uma "escapada" da comemoração para retirar amostras dos corpos mortos sendo encontrado pelo agente bonitão-sádico-sexy (também conhecido por Akira), única pessoa que fez o já experiente curandeiro ficar sem ação.

— Eu não sou um puritano para ficar envergonhado quando seduzo um homem! — Exclamou ignorando o olhar alarmado da velha senhora, sua vizinha de poltrona.

"Na verdade... Foi ele que me seduziu".

Balançou a cabeça, tentando dissipar aqueles pensamentos. Encostou sua testa na janela fria, deixando a paisagem que passava com rapidez o distraísse. Tinha que focar. Sua pesquisa era importante e acreditava que aquele encontro de curandeiros pudesse lhe fornecer uma oportunidade ideal para descobrir mais informações diretamente da fonte: o conselho de lobisomens. Eram eles que recolheram os corpos e detinham mais possibilidade de estarem bem mais avançados em suas pesquisas. Bem provável que já sabiam o que causara tamanha modificação de comportamento e de forma daqueles lobisomens transgressores.

Gabriel mordeu o lábio inferior, a falta de alarde do conselho o preocupava. Desde o ataque não houve sequer um alerta. Será que a situação estava controlada?

Duvidava e muito disso.

Era o seu dever descobrir a verdade... Não só para proteger a sua alcateia, mas bem como todas as alcateias do mundo.

***

Bocejou. Seu corpo estava todo dolorido. Sentia dor até aonde pensava que não deveria sentir dor. Sua bunda estava dormente, de tal forma que temia que não pudesse dizer a diferença de estar sentando ou em pé. Enquanto andava tentava massagear as nádegas. Arrancando olhares críticos de uma senhora... A mesma idosa que compartilhou a mesma fileira no ônibus.

— Depravado. — Resmungou a anciã. Baixo o suficiente para um humano não ouvir, mas era satisfatoriamente alto para um lobisomem escutar e identificar as palavras.

Sangue de Lobo (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora